Valor Econômico (2020-03-14, 15 e 16)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 2 da edição"16/03/20201a CADB" ---- Impressa por ivsilvaàs 15/03/2020@16:55:


B2|Valor| Sábado,domingoe segunda-feira, 14, 15 e 16 de marçode 2020


Empresas


|
Carreira

Estante


Desafios da Primeira Gestão


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quemgostadechecklists,que


prometeajudarosgestoresde


primeiraviagem.Oautor


defendequeparaserbem-


sucedidonatransiçãodeum


trabalhotécnicoparaoutrode


gestão, oprofissionalprecisa


aprenderausaroquechamade


método3Ds:desapegar,


delegaredesenvolver.


Fora da Curva 2


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primeirapessoa,olivrotrazo


perfildetrezeinvestidoresde


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AndréStreetcontacomo


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O que eu não possodeixar de


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Olivrosepropõearesponder


essaperguntatendocomobasea


experiênciadopróprioautorque


seautodefinecomo“umpolvo”


porsedesdobraremvárias


atividadescomoexecutivo,


palestranteeconselheiro.Elediz


queaprendeutardeaserdono


doprópriotempoedádicasde


comoépossívelfazerissoantes.


Por que os generalistas vencem


em um mundode especialistas


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Ojornalistafazumaanálise


detalhadadaspesquisassobre


profissionaiscomosmelhores


desempenhosdomundo, do


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Nobel,edefendequesãoos


generalistas—nãoos


especialistas—osmais


preparadosparatersucessoem


ambientescomplexos.


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Portrásdequalquerestratégia


oudecisãodenegócioexisteuma


visãosobreomundoedecomoa


sociedadedeveser.Nãoépossível


dissociarvaloresdasaçõesdiárias.


Ésobreessarelaçãoentregestãoe


filosofia,sobolharfeminino,de


filósofas,quetrataonovolivrode


SantiagoIñiguez,presidenteda


UniversidadeIE.


Shorter:How WorkingLess Will


Revolutionisethe Way Your


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Nolivro,oautormostracomo


empresasdaÁsia,Europa,EUAe


Austráliaestãolidandocoma


jornadadetrabalhodequatro


dias.Emsuaspesquisas,constata


queparadarcertoépreciso


recalibrarincentivoseavaliações


eque,mesmocommaistempo


livre,nemtodosseadaptam.


TrabalhoPandemiafazorganizaçõesampliaremo


usodetrabalhoremotoparaevitarocontágio


Companhias no país


antecipam planos de


adesão ao home office


MárioSergio Sampaio,gerentede RH da Certisign,acelerou a implementação do programade homeoffice


SILVIA ZAMBONI/VALOR

Barbara Bigarelli


De São Paulo


Oaumentodebrasileirosconta-


minados com coronavírus eas


perspectivas de especialistas edo


próprio governo a respeito da evo-


luçãodocovid-19nopaístêmfeito


com que empresas brasileiras


reorganizemouampliempolíticas


detrabalhoremoto.


Especializada em softwaresde


gestão a distânciaeprogramasde


homeoffice, aHOM (Home Office


Management)relatouum cresci-


mentode50% nos negóciosfecha-


dos no início desteano, em com-


paração a todooanopassado.


“Nossaexpectativa étriplicar ota-


manhodo negócio”, diz Tawan Pi-


mentel, fundador da HOM.Na se-


manapassada, duasorganizações


commaisde 8 mil funcionários


procuraram o executivo para am-


pliaros seusprogramas. “As em-


presas estão mapeando áreas que


são essenciais em um processode


isolamentoemergencialparadire-


cionarrecursos, dar insumosein-


formaçõesparaaspessoas”,diz.


Entre elas, estáaCertisign. Devi-


do ao coronavírus, a empresa ace-


lerouaimplementaçãodeumpro-


grama de home office previstoini-


cialmentepara julho.“Nós quería-


mosmaistempo paraorganizar


novos pilotos etreinar gestores,


mascomoháprevisãodeumagra-


vo no cenário nas próximasduas


semanas, vamospôr em prática o


maisrápido possível”, diz Mário


SergioSampaio,gerentedeRH.


Desde2019,a empresa investe


na “atualizaçãode sua infraestru-


tura tecnológica” ena aquisiçãode


notebooks.“A companhianãoesta-


va preparada para um cenário


emergencial antes”, diz Sampaio,


citandoque a novaestrutura aju-


daráa reduzircustose será útil


tambémem situações de caos no


deslocamentopor contadas chu-


vasougrevenotransportepúblico.


Noplanoasercolocadoemprá-


ticanospróximosdias,233funcio-


nários ficarão em casa de forma


permanente,enquanto orestante


irá obedecer a um cronogramaaté


ofim de abril.“Vamos realizar um


trabalho de cultura e treinamento


comquemfortendoacesso”.


Diante dessemesmocenário,a


SAP flexibilizou as políticas de seu


programa de homeoffice, inicial-


menteválidapara uma vez por se-


mana. Segundo Eliane de Mitry,


gerente de RH da SAP Brasil, de-


pendendo da proximidade e rele-


vância, a empresa podefechar es-


critórios esolicitar que todos tra-


balhem em casa.“Os funcionários


comrequisitosespecíficosquenão


puderem realizar seu trabalho em


casa (manutençãoessencial para


os negócios, por exemplo) serão


tratadosseparadamente”,diz.


Nos comunicadosinternos,a


empresa compartilhou um link


com material de apoio para home


office, incluindo osaplicativosque


devem usar em casa paraagendar


reuniõesremotas.


No escritório da Associação Bra-


sileiradasEntidadesdosMercados


Financeiro e de Capitais (Anbima),


o home officecomeçoucomum


projeto piloto no segundosemes-


tre de 2018, válido para45funcio-


nários, eestá sendo expandido pa-


ra alcançar 100%da equipe de 150


pessoasatéofimdoano.


A adesão ao homeoffice foi vo-


luntária no início, segundo a ge-


rente de RH ElianaMarino, para a


área acompanhar as dúvidas de
quem já estava disposto a se adap-

tar aum novolocalerotina. “Tem


gente que simplesmente prefere


vir ao escritório”, diz. “Fomos tra-


balhandocadasituaçãopara en-


tender quaisorientações eramne-


cessárias”. Elas incluíramdiretri-


zes para realização de reunião re-


mota atérecomendações para os


funcionáriosnão esquecerem de


beber água. A Anbima deixou cla-


ro, até por umaquestão jurídica,


que não arcaria comcustos de


energia,internetetelefone.


Outra diretriz do RH foi dirigida


aosgestores.“Saberoqueofuncio-


nárioprecisa entregar,apartirde


um planode trabalho semanal, foi


importante para deixarclaroquais


responsabilidades seriamcobra-


das”.Gerar“a mentalidadede en-


tregade resultados”e obtertecno-


logiaparamediressenovofluxode


trabalhoéodesafioenfrentadope-


la Certisign. “Já ouvi gestoresfalan-


do que não gostavam da ideia por-


que não saberiamse o funcionário


estariatrabalhando”, dizSampaio.


AZurichSantander, que expan-


diu em fevereiroum pilotode ho-


me officecom 30 pessoas para cer-


ca de 300 funcionários,diz estar


preparadaparaumcenáriodecon-


tingência.Opiloto,segundoadire-


tora de RH LauraVidmontas, indi-


cou os desafios.Treinamentocom


funcionáriosarespeitodacomuni-


caçãoremota, percepçãocultural


dequehomeofficenãoésinônimo


de licençae suporte tecnológico


pararodarprogramasmaispesa-


dos.Lauradizqueaspesquisasrea-


lizadasapóstrês mesesindicaram


que os funcionáriossentiramsua


produtividadeaumentarao ficar


doisdiasemcasa.“Paraosgestores,


ficounomesmonível”.


Na visãode Paulo Sardinha,pre-


sidenteda Associação Brasileirade


Recursos Humanos(ABRH), asi-


tuação envolvendoo coronavírus


irá estimular oaumento e adesão


dotrabalhoremotonopaís.


Gestão remota requer outra cultura


De São Paulo


Na semana passada,oGlass-


door, site de avaliaçãode empre-


sas com mil funcionários em dez


escritóriosno mundo,incluindo


o Brasil,obrigoutodosa traba-


lharem em casa devidoàevolu-


ção do coronavírus.Havia in-


fraestrutura tecnológicapara es-


se passo. Mas o planoemergen-


cial incluiuquatro sessõesde


treinamento para gestores, reali-


zadasnoiníciodemarço.


“O treinamentofoi obrigató-


rio, inclusive,para quemjá esta-


vaacostumadoatrabalharremo-


to”,diz LucianaCaletti,vice-pre-


sidente da empresapara Améri-


ca Latina. Entreas orientações,


estavaocuidadoparasecomuni-


carerelacionarcomosfuncioná-


rios. “É precisodeixarclaro que a


expectativaprecisavir dos resul-


tados entregues e não do moni-


toramento do tempoque a pes-


soaficaon-line”, dizCaletti.


Essa foi umapreocupaçãodo


RH do Mercado Livre, quandoo


homeoffice começouhá ser im-


plementado no fim de 2018.


Atualmente, 65% dos 2,7 mil fun-


cionáriosdo Brasilpossuemum


notebookepodemficar em casa.


“Não tem a ver comidade,mas


certos líderessão acostumados


aomodelotradicionale,sealide-


rança não trabalha remota, as


pessoasnão se sentemà vonta-


de”,dizPatríciaMonteiro,direto-


radeRecursosHumanos.


Ajudou na criação da cultura do


homeofficeo COO do Mercado Li-


vre na América Latina,Stelleo Tol-


da, trabalharem casa eoutros exe-


cutivos o seguirem. Segundo Patrí-


cia,ajudoutambémofatodeaem-


presa, criada em 1999, iníciodo


boomda web, ter a cultura de tra-


balharcomferramentasdigitais.


Nesse contexto,odesafio do ho-


me office tambémestava em não


desestimular ainteração presen-


cial. “Tem gente que mesmoquan-


do está no escritório prefere fazer


reunião virtual”,diz. ORHestabe-


leceu umaagendade reuniões e


eventos forado escritório que esti-


mulamainteraçãoentreostimes.


Na Pipefy, 50%dos 250 profis-


sionais trabalham totalmente re-


motos, o que inclui desenvolve-


doresnoEgito,Paquistãoeemvá-


rios estadosdo Brasil. Indepen-


dentementeda origem, porém,


quem ingressaprecisa vir ao es-


critório brasileiropara uma inte-


gração de duassemanas. “É para


estreitar relacionamento porque,


no fim, o segredo do trabalho re-


moto vem da relação,do contato


físico”, dizIgorAlves,CTO.


No escritórioda Pipefyem São


Francisco(EUA),o diretorde de-


sign MaurivanPadilhalida com


um timede profissionais de ou-


tros fusoshorários,respondepa-


raumexecutivoqueficaemCuri-


tibaeparticipadereuniõesquin-


zenaisvirtuaiscom oCEO, ao la-


do de outras200 pessoas.Na co-


municaçãododiaadia,elerecor-


reaferramentasdemensagens


instantâneas,masquandoháum


problemade gestão, gostade li-


gar por vídeo, para sentir melhor


umasituaçãodeconflito.


NavisãodePadilha,aevolução


da tecnologiapermitiunão só


eliminar certosruídoseatrasos


na comunicação, como uma


maiorcolaboração. “Na área de


design,o pessoalfala muitode


post-it elousabrancaparacriar


um projeto. Mas nós usamosfer-


ramentas de compartilhamento


de tela ondepodemosdesenhar


juntos,emtemporeal”.


Na horade criarsuas políticas


de gestãoremota,aempresapre-


cisa considerarque não é todo


mundo que gostaria de viver


uma experiênciade trabalhoco-


mo a de Padilha.“Tem genteque


está bemestruturado,até tem


umescritório,evemseeducando


paratrabalharassim,mastem


profissionalque não achaoho-


me officea melhoropção”, diz


MariaEduardaSilveira,gerente


derecrutamentodaRobertHalf.


É por isso que, na hora de esta-


belecer umapolítica para100%


dos funcionários, aempresa deve


avaliar qual cultura interna quer


criarevalorizar.Na Merck, que


permite o trabalho remoto sem li-


mitesde dias por semana, a execu-


tivaThaisMottapreferefrequentar


o escritório. “Eu tenho um escritó-


rio montado em casa,uma assis-


tenteque trabalha remoto, mas eu


gostode vir, sentar na minha mesa


e da rotina que estabeleciaqui”,


diz Thais, gerente de trade marke-


ting. “A solidão me incomoda. Eu


sou muito comunicativa”, diz. Para


quemnãotemopçãoeprecisapas-


sar a trabalhar em casa,a dica da


RobertHalf para minimizar a soli-


dão écriar um cronogramadefini-


do,comlistadeprioridadesecum-


primentodeprazos.


Foi o que fez o executivoFer-


nandoBrancoFerreira,que viveu


todaa carreira em escritóriosde


multinacionais e precisou se


adaptarhá sete mesesquando


assumiua gerênciade divisão


agrícolae OTR da ApolloTyres.


“Há uma falsa ideiade que o ho-


me officenos ajudaa resolver


nossosproblemaspessoaisou ir


aacademia.Mas averdadeéque


você precisaestabeleceruma ro-


tina, um espaço, uma agenda.Do


contrário:ou trabalharásem pa-


PatríciaMonteiro, diretora de RH do MercadoLivre, diz que liderançadeve dar o exemplo rarounãovaifuncionar”.(BB)


ANAPAULAPAIVA/VALOR

IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS

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