OS INGLESES PRECISARAM DE SEIS MESES PARA VENCER OS ZULUS,
NO SUL DA ÁFRICA. MAS, EM 1879, EM ISANDLWANA, NA PRIMEIRA
BATALHA, FORAM MASSACRADOS PELAS FORÇAS AFRICANAS
POR THIAGO CORDEIRO
D
e um lado, guerreiros praticamente nus,
protegidos por um escudo feito de cou-
ro de vaca e com uma lança nas mãos,
que eles chamavam de iklwa – na falta delas,
qualquer pedaço de madeira servia como por-
rete. A maior parte dos soldados era de cam-
poneses, vinda de vilarejos.
Do outro, o maior império já visto no plane-
ta Terra, onde se dizia que o Sol nunca se punha.
Soldados bem preparados, utilizando uniformes
padronizados com calças pretas, blusas verme-
lhas e capacetes cáqui. Portavam artilharia,
cavalaria e os fuzis mais modernos disponíveis,
os recém-introduzidos Martini-Henry.
O DIA DO CAOS
A invasão ao território zulu havia apenas co-
meçado quando aconteceu a batalha de Isan-
dlwana. Os ingleses haviam se dividido em três
colunas, que avançavam sem resistência desde
10 de janeiro de 1879. No dia 22, uma dessas
colunas, comandada pelo general e barão Fre-
deric Thesiger, se aproximou de Isandlwana,
um morro cujo nome faz referência ao segun-
do estômago das vacas – para os ingleses, mais
parecia uma esfinge, ou um leão deitado. O
local, que fica a 170 km da atual cidade de Dur-
ban, na África do Sul, era adequado para os
britânicos acamparem e se posicionarem de
forma defensiva para aguardar a aproximação
zulu. Não foi o que aconteceu.
Thesiger não acampou, nem estabeleceu um
ponto para recuo de seus homens. Confiante
que estava na superioridade de seus soldados
e suas armas, ele montou uma linha de defesa
bem armada e avançou.
Os ingleses não sabiam, mas já haviam per-
dido. Liderados pelo comandante Ntshingwayo
Khoza – ainda estavam estudando os movi-
mentos dos inimigos europeus e reagiram de
supetão ao perceber que seriam atacados –, os
zulus fizeram o que sabiam: lançaram um ata-
que frontal e, em paralelo, realizaram um mo-
vimento tático que ficaria conhecido, na
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