Os primeiros relatos sobre a vitória de
Alexander Nevski contra os Teutões na
Batalha do Lago Peipus (1242) são de pelo
menos 50 anos depois do evento. Adicionan-
do mais alguns séculos de “embelezamento
literário”, chegamos ao clímax do filme de
1938, Alexander Nevski, de Dmitriy Vasilev e
Sergueï Mikhailovich Eisenstein. O realismo
das batalhas foi revolucionário para o cinema
da época, mas as dúvidas quanto à sequên-
cia (e mesmo a veracidade) dos acontecimen-
tos permanece. Apesar disso, a vitória do
príncipe e sua figura em si são o que importa.
No contexto da Segunda Guerra, a imagem
de um guerreiro russo derrotando os invaso-
res germânicos, tendo o inverno como aliado,
não podia ser melhor para animar o moral
abalado pelas vitórias iniciais das forças
invasoras. A lenda suplantou a história e,
mesmo que os historiadores de hoje tenham
noção melhor da cronologia dos aconteci-
mentos, o peso do cinema foi maior. Assim
como Hollywood deu sua cota de contribui-
ção para a vitória na Segunda Guerra e para
demonizar a URSS na Guerra Fria, o roteirista
Eisentein criou um herói para as gerações
seguintes, transformando Nevski em um
guerreiro imortal.