Outra baixa foi Joachim Murat, que se uni-
ra aos inimigos de Napoleão para preservar o
título de Rei de Nápoles. Para seu lugar foi
escolhido Emmanuel Grouchy, cavaleiro que
comandara as forças montadas em defesa da
França em 1814. O líder mais competente,
Louis-Nicolas Davout, ficou no comando de
Paris. Napoleão dizia não se sentir seguro com
outro homem ali. O arrependimento por essas
decisões não demoraria a chegar.
Mas os desafios não eram só de Napoleão.
Os aliados, especialmente a Grã-Bretanha, pre-
cisavam convencer seus soldados, financiado-
res e o povo da necessidade de uma nova guer-
ra – e de que ela poderia ser vencida. A
diferença era que nem a maioria do governo
nem seu comprometimento com a guerra es-
tavam em dúvida entre os britânicos.
POPULISMO X AUTORITARISMO
Os problemas de legitimação de Napoleão fi-
caram ainda mais nítidos, em 14 de abril, na
decisão de chamar Benjamin Constant – antes
seu feroz opositor, mas que, então, chegou a
classificá-lo como “um homem surpreendente”
- e persuadi-lo a elaborar reformas na Carta
Constitucional. O objetivo era se conciliar com
as opiniões liberais e ampliar a base de supor-
te ao regime.
Napoleão assinou o Ato Adicional às Cons-
tituições do Império em 22 de abril. O texto - e o processo para fazê-lo – não agradou nem
liberais nem monarquistas, nem republicanos
nem apoiadores de Napoleão. Reconhecendo
o problema, o imperador lançou mão de um
plebiscito, aberto em 26 de abril, limitado a
endossar ou rejeitar o Ato. “Com a perda de
poderes que o documento de Constant lhe im-
pôs, a França imperial foi quase convertida
numa monarquia constitucional”, explica o
historiador americano Steven Englund, autor
do livro Napoleão: Uma Biografia Política. “Os
poderes de Napoleão passaram a ser tecnica-
mente menores do que os de Luís XVIII.”
Napoleão Bonaparte passa por La Belle
Alliance enquanto foge das tropas
aliadas depois de ser derrotado na
Batalha de Waterloo