O Estado de São Paulo (2020-05-31)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-3:20200531:


O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 31 DE MAIO DE 2020 NotaseInformações A


A


s doações de empresas e indiví-
duos para financiar o esforço no
combate à pandemia de covid-19 já
superaram R$ 3 bilhões. É uma ci-
fra formidável – equivale a mais de
um ano de investimento privado

em filantropia no Brasil, segundo dados do Pro-


grama das Nações Unidas para o Desenvolvimen-


to (Pnud). Dessa forma, a elite nacional exibe no-


tável senso de solidariedade em relação aos mi-


lhões de cidadãos brasileiros que viram sua ren-


da, já muito baixa, desaparecer em razão dos efei-


tos econômicos da pandemia e que por isso de-


pendem de ajuda para sobreviver, não só ao coro-


navírus, mas à miséria.


O problema é que, passada a pandemia e em al-


gum momento no futuro próximo, essa tragédia


passará, a elite hoje solidária retomará seus afaze-


res privados – a “volta ao normal” tão desejada –,


mas nada da duríssima realidade de seus miserá-


veis compatriotas terá mudado. Ao contrário, é


bem provável que, ante o derretimento da econo-


mia, essa parcela da população retroceda décadas


em qualidade de vida, que já hoje é desoladora.


Assim, a solidariedade ante o padecimento des-


ses desafortunados, embora obviamente seja lou-


vável e absolutamente necessária neste ou em
qualquer outro momento, não é suficiente. É preci-
so que a sociedade, em especial sua elite política e
econômica, considere inaceitável, de uma vez por
todas, que a maioria de seus conterrâneos seja con-
denada a viver apartada daquilo a
que damos o nome de civilização.
Em outras palavras, é preciso
que haja consciência social – isto
é, a capacidade de entender as vi-
cissitudes dos outros, em especial
dos menos favorecidos e, a partir
disso, estimular a cooperação po-
lítica e social para que as necessi-
dades básicas desses cidadãos se-
jam de alguma forma atendidas,
para que eles se eduquem e se pre-
parem para que, a partir de certo
ponto, possam sustentar-se e às
suas famílias pelo esforço próprio.
Adentramos o século 21, quando as maravilhas
das tecnologias digitais multiplicam o conforto e
a sofisticação das sociedades, mas há uma parte
significativa dos brasileiros que vive como se ain-
da estivéssemos no século 19 – sem acesso a equi-
pamentos públicos que a esta altura já deveriam

ser universais.
Não se pode considerar aceitável, para come-
çar, que 100 milhões de brasileiros ainda não te-
nham acesso a esgoto tratado ou que falte água
potável para 35 milhões, como se todas essas pes-
soas fossem cidadãs de segunda
classe. O novo marco regulatório
do saneamento básico, que tem
potencial para mitigar esse vergo-
nhoso quadro, continua parado
no Congresso – ou seja, os deputa-
dos e senadores não se sentem
motivados para tratar o assunto
com a urgência necessária. Se a
eles falta consciência social, é por-
que tem faltado também a seus
eleitores – em especial os que fa-
zem parte da elite nacional. Não
surpreende que seja assim: afinal,
se até o presidente da República
faz piada sobre o assunto, dizendo que “o brasilei-
ro tem que ser estudado” porque “pula e mergu-
lha no esgoto” e “não acontece nada com ele”, é
sinal de que muitos achem graça nessa tragédia.
Do mesmo modo, devemos considerar vergo-
nhoso viver em um dos países mais desiguais do

mundo em múltiplos sentidos, não somente de
renda – indicador que é brutal: em 2019, os 10%
mais pobres ficavam com 0,8% da renda média
mensal domiciliar per capita, enquanto os 10%
mais ricos possuíam 42,9%, segundo o IBGE.
Em razão de tamanho abismo, 6% dos brasilei-
ros vivem em favelas – chamadas eufemistica-
mente de “comunidades”, forma pouco sutil de
dizer que é natural o que é escandaloso. Seus mo-
radores, destituídos de quase tudo, nem sequer
têm direito à titularidade de seus barracos – nas
“comunidades”, a propriedade é determinada pe-
los narcotraficantes, verdadeiro Estado paralelo.
E essa é apenas uma amostra do drama de mi-
lhões de brasileiros, ao qual se soma agora a pan-
demia de covid-19, que devastará empregos e ren-
da – a começar, obviamente, pela camada mais
pobre da população.
Assim, já não se trata mais de uma crise social.
É uma crise vital. Para enfrentá-la, não basta ser
solidário. Está na hora de lutar para que a socieda-
de se transforme, de tal maneira que todos os
que aqui vivem, sem exceção, sejam afinal trata-
dos com um mínimo de dignidade – como está
inscrito na Constituição e como deveria estar ins-
crito na consciência coletiva da Nação.

E


ntre 2018 e 2019
o desmatamento
na Mata Atlânti-
ca aumentou
27,2% em relação
ao biênio ante-

rior, atingindo um total de


14.502 hectares, segundo o últi-


mo Atlas da Mata Atlântica, ela-


borado pela Fundação SOS Ma-


ta Atlântica e pelo Instituto Na-


cional de Pesquisas Espaciais


(Inpe). O aumento ocorre


após dois períodos consecuti-


vos de queda.


A Mata Atlântica, um dos bio-


mas mais ricos em biodiversida-


de do mundo, ocupava original-


mente mais de 1,3 milhão de


km² em 17 Estados do territó-


rio nacional. Hoje restam ape-


nas cerca de 12% de sua cober-


tura original.


Em termos de volume de des-


matamento, mais uma vez o Es-


tado campeão foi Minas Gerais,


que teve uma perda de quase


5.000 hectares. Em segundo lu-


gar ficou a Bahia, com 3.532 hec-


tares, seguida pelo Paraná, com


2.762 hectares. Em relação ao au-


mento do desflorestamento, o


pior desempenho foi o da Bahia,


com um crescimento de 78%;


depois Minas Gerais, com 47%;


e Paraná, com 35%.


Há algumas boas notícias.


Piauí e Santa Catarina tiveram


redução no desmatamento de


26% e 22%, respectivamente.


Além disso, nove Estados man-


tiveram desmatamento zero, e,


como destacou Marcia Hirota,


diretora executiva da SOS Mata


Atlântica, “pela primeira vez


dois Estados conseguiram ze-


rar os desmatamentos acima


de três hectares: Alagoas e Rio


Grande do Norte”.


São Paulo é um dos Estados


que mantiveram o desmatamen-
to zero. Por outro lado, há indí-
cios de que estão aumentando
as implantações de loteamentos
clandestinos nas zonas da Mata
Atlântica na cidade de São Pau-
lo. Um dossiê recentemente ela-
borado com dados da Promoto-
ria de Justiça de Habitação e Ur-
banismo pelo vereador e ex-se-
cretário municipal do Verde e
Meio Ambiente de São Paulo
Gilberto Natalini (PV) estima
que na zona sul da capital essas
áreas teriam crescido de 90 pa-
ra 160 em menos de um ano,
atingindo cerca de 7,2 milhões
de metros quadrados.
As ocupações ocorrem há dé-
cadas sob o olhar complacente

das autoridades. As quadrilhas
vendem terrenos e imóveis e co-
bram aluguéis e taxas de prote-
ção de cerca de 1,5 milhão de mo-
radores. A situação tem se agra-
vado com a entrada do Primeiro
Comando da Capital (PCC) no
“negócio”, e deve se agravar ain-
da mais com a pandemia. As me-
didas de contenção inviabiliza-
ram porções consideráveis das
atividades das facções crimino-
sas, em especial do tráfico de
drogas, o que deve levá-las a bus-
car novas fontes de recursos.
Além das extorsões, fraudes
e estelionatos imobiliários, a si-
tuação é particularmente preo-
cupante porque os assentamen-
tos em zonas de mananciais no
entorno das Represas Billings e
Guarapiranga podem aumen-
tar o fluxo de esgoto sem trata-

mento e com substâncias quí-
micas, pondo em risco a saúde
dos 5 milhões de paulistanos
abastecidos por elas.
O aumento dos desmatamen-
tos, invasões predatórias e as-
sentamentos clandestinos na
Mata Atlântica é apenas o mais
recente capítulo da alarmante
escalada da degradação da repu-
tação do Brasil na comunidade
internacional. Dados do Institu-
to do Homem e do Meio Am-
biente da Amazônia mostram
que o total de áreas devastadas
na Floresta Amazônica em abril
foi 171% maior em relação ao
mesmo período de 2019.
Não há dúvida de que essas
agressões ambientais são uma
mazela que antecede em muito
o governo Bolsonaro. Mas tam-
pouco há dúvida de que estes
retrocessos agudos foram em
grande parte estimulados pela
franca hostilidade às causas
ambientais do presidente da
República e de figuras-chave
do governo, como o ministro
das Relações Exteriores, Ernes-
to Araújo, e o próprio ministro
do Meio Ambiente, Ricardo Sal-
les. No início de maio, por
exemplo, aproveitando-se do
pânico e da desorientação da
população em meio à pande-
mia – também inflamados por
Bolsonaro –, o governo apro-
vou um decreto esvaziando
prerrogativas do Ibama e do
Instituto Chico Mendes. Não à
toa, na infame reunião ministe-
rial que veio a público por or-
dem do STF, Salles disse, com
linguajar involuntariamente re-
velador, que era preciso apro-
veitar o “momento de tranquili-
dade” (!) para seguir “passan-
do a boiada e mudando todo o
regramento”.

C


om frequência, o
presidente Jair
Bolsonaro colo-
ca-se como víti-
ma. O discurso é
de que seu gover-
no enfrenta uma descomunal re-
sistência por parte dos outros
Poderes, da esquerda, da acade-
mia, da imprensa, dos organis-
mos internacionais e de todos
os que não estão de acordo com
sua pauta “conservadora”. Tal
perseguição seria a causa das
muitas crises que o seu governo
tem enfrentado. Ainda que am-
plamente difundida por seus ro-
bôs e apoiadores, essa retórica
não tem nenhum fundamento
na realidade. As crises, que com
razão trazem crescente preocu-
pação aos brasileiros, foram e
são causadas apenas e tão so-
mente por Jair Bolsonaro. É ele
que deliberadamente tem insis-
tido em produzir, a cada sema-
na, uma nova instabilidade,
uma nova fonte de atrito com
todos os que não se dispõem a
prestar-lhe vassalagem.
Foi Jair Bolsonaro que criou,
por exemplo, a crise que desem-
bocou na demissão de Luiz Hen-
rique Mandetta do Ministério
da Saúde. Não havia oposição à
gestão de Mandetta. Ao contrá-
rio, era uma das poucas áreas do
governo que recebiam elogio e
reconhecimento de vários seto-
res da sociedade. No entanto, pa-
ra espanto de todos – afinal, o
País começava a enfrentar o
maior desafio de sua história na
área da saúde –, o presidente Bol-
sonaro fez de tudo para se indis-
por com Mandetta.
Demitido Mandetta, Nelson
Teich assumiu o cargo. Apesar
do caráter inusitado da troca no
meio da pandemia, houve por

um tempo a expectativa de que
a mudança na Saúde diminuiria
as tensões, permitindo que a
pasta realizasse o seu trabalho.
Mas, para nova surpresa do
País, em menos de um mês, Jair
Bolsonaro indispôs-se com o mi-
nistro da Saúde, exigindo que
ele tomasse medidas contrárias
às evidências médicas. Nova-
mente, não houve nenhuma in-
gerência externa a gerar desgas-
te para Nelson Teich. Foi Jair
Bolsonaro que inviabilizou sua
permanência na pasta.
Outra crise gerada exclusiva-
mente pela atuação presidencial
deu-se no Ministério da Justiça,
com a demissão de Sérgio Mo-
ro, até então o ministro mais po-

pular do governo. Jair Bolsona-
ro insistiu em realizar, contra a
vontade de Moro e sem motivos
plausíveis, a troca do diretor-ge-
ral da Polícia Federal (PF) Mau-
rício Valeixo e do superinten-
dente do órgão no Rio de Janei-
ro. Naquele momento, não ha-
via nada pressionando a saída
de Sérgio Moro da pasta da Justi-
ça. Foi Jair Bolsonaro que invia-
bilizou a permanência do ex-
juiz da Lava Jato no governo.
E foram precisamente essas
ações do presidente da Repúbli-
ca que levaram o Supremo Tri-
bunal Federal (STF) a abrir in-
quérito, a pedido da Procurado-
ria-Geral da República, para in-
vestigar possível interferência
política na PF. Todo o País esta-
va voltado para uma única ques-
tão – o enfrentamento da crise

sanitária, social e econômica
causada pela pandemia do novo
coronavírus. A autonomia da PF
não estava na pauta. Foi Jair Bol-
sonaro que criou essa crise que,
por motivos óbvios, causou gra-
ve instabilidade.
Outra grave crise é a tensão
entre o governo federal e o STF.
Mais uma vez, seu criador se
chama Jair Bolsonaro. Aqui, há
um aspecto interessante, que
põe por terra a retórica bolsona-
rista da perseguição contra o
presidente. De forma escancara-
da, quem persegue e afronta é
Jair Bolsonaro, com a participa-
ção ativa de seus apoiadores.
Por exemplo, Bolsonaro tem
comparecido frequentemente a
manifestações que pedem nada
mais nada menos que o fecha-
mento do STF. Semanas atrás, o
presidente Bolsonaro levou de
surpresa uma turba de apoiado-
res para constranger o presiden-
te da Corte, ministro Dias Toffo-
li, em seu gabinete. Nas redes so-
ciais, a ofensiva contra o STF é
assustadora. Poucos são os bra-
sileiros que não recebem, todos
os dias, alguma mensagem de
ataque ou de ameaça das redes
bolsonaristas contra integran-
tes do Supremo. E tudo isso por-
que o presidente Jair Bolsonaro
se sente incomodado com deci-
sões que lhe são desfavoráveis.
Ora, o papel constitucional do
STF é defender a Constituição,
e não assentir a tudo o que o
chefe do Executivo faça.
O País vive um momento es-
pecialmente delicado, por ques-
tões médicas, sociais e econô-
micas. Basta com a irresponsa-
bilidade – verdadeiro escárnio
com a população e o interesse
público – de criar continuamen-
te novas crises.

Ser solidário é bom, mas não basta


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

As crises foram e


são causadas apenas


e tão somente


por Jair Bolsonaro


Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


Mais degradação ambiental


Nos últimos dois anos


o desmatamento na


Mata Atlântica


aumentou quase 30%


Bolsonaro, o autor das crises


lDesgoverno Bolsonaro


O Brasil hoje


É lastimável perceber que o nos-


so Brasil de hoje se resume à


família Bolsonaro, à covid-19,


ao cercadinho do Palácio do


Planalto, a péssimos políticos e


a instituições públicas caindo


em descrédito. Em 520 anos de


História do Brasil, creio que


nunca o povo esteve tão à mar-


gem, tão desamparado como


agora. Dia a dia somos bombar-


deados com notícias de mais


mortes pela covid-19, de mais e


mais pitis do presidente, de po-


líticos se esquivando ainda


mais de suas funções e de insti-


tuições públicas se digladiando.


E o povo, atônito, assiste a tudo


passivamente – muitos até sem


ao menos conseguirem sepultar


seus entes queridos. O único


aliado do povo, a meu ver, é a


imprensa. Mas é um aliado que,


por seu papel na sociedade,


vem sofrendo ataques tanto do


Executivo federal como de seus


seguidores. Como alimentar a


esperança de que este país ain-


da possa dar certo, se a cada dia


fica mais evidente que o presi-


dente é incapaz de governar pa-


ra todos, tem vocação autoritá-


ria, não é um líder e faz duras
ameaças à democracia? E se a
cada pronunciamento diário ele
semeia intranquilidade, discór-
dia, insegurança, desinforma-
ção? Como ter esperança?
SÉRGIO ALVES
[email protected]
RECIFE

De esperança
“Vivemos tempos sombrios,
onde as piores pessoas perde-
ram o medo e as melhores per-
deram a esperança.” Essa verda-
deira joia do pensamento de
Hannah Arendt, uma das princi-
pais pensadoras da filosofia po-
lítica do século 20, publicada
pelo Estado em 29/05 (Bem pen-
sado), parece ter sido elaborada
especificamente para os dias de
agora vividos em nosso país.
RENATO OTTO ORTLEPP
[email protected]
SÃO PAULO

No mato sem cachorro
Aprendemos que a democracia,
apesar das suas imperfeições,
é o melhor sistema político.
O maior defeito da nossa é nos
oferecer os piores candidatos
para escolhermos nas urnas

quem nos vai governar. Basta
ver o quadro que se nos apre-
senta, liderado por um indiví-
duo tresloucado, incapaz de fa-
lar coisa com coisa e de exercer
a liderança. E o pior é que não
enxergamos um único político
brasileiro com capacidade de
nos unir e conduzir à retomada
do desenvolvimento após esta
extraordinária crise mundial.
ANTONIO J. L. APRILANTI
[email protected]
PIRACICABA

Não nos representa
Parte do povo “desarmado” de
cidadania, indignado, desempre-
gado e iludido, foi atrás do, lite-
ralmente, falso messias. Antitra-
balhador na sua atuação políti-
ca, vem sendo custeado pelo
dinheiro público há quase 30
anos. Na Presidência, no inte-
resse de quem ele afunda o Bra-
sil? Até agora sua agenda é agra-
dar aos perversos iguais a ele,
deturpar leis, causar caos políti-
co, falência de negócios, prejudi-
car a imagem e as exportações
do Brasil, acobertar milícias,
desprezar os milhões sem em-
prego e os milhares de mortos
pela covid-19.

JOÃO BOSCO EGAS CARLUCHO
[email protected]
GARIBALDI (RS)

E o mercado?
Chama-me muito a atenção nes-
te momento o silêncio dos em-
presários diante dos ataques
constantes do presidente à de-
mocracia, à saúde pública, aos
direitos humanos e às institui-
ções da República. O chamado
“mercado”, que de forma maci-
ça apoiou Bolsonaro em 2018,
sob as bandeiras do combate à
corrupção, do saneamento das
contas públicas, da implementa-
ção de reformas estruturais, da
retomada do desenvolvimento
econômico, etc., agora assiste
passivamente ao seu escolhido
detonar todos os pilares da so-
ciedade, da economia e do Esta-
do Democrático de Direito. É
chegada a hora de os empresá-
rios também tomarem posição
e revelarem à sociedade brasilei-
ra de que lado estão.
JOÃO ROBERTO SALAZAR JUNIOR
[email protected]
SÃO PAULO

Chance perdida
Empolgado com a quantidade

de votos recebidos numa elei-
ção favorecida pelas circunstân-
cias e preocupado com a ambi-
cionada reeleição, o presidente
desgasta-se a combater moi-
nhos de vento e possíveis opo-
nentes, perdendo a oportunida-
de de demonstrar espírito de
liderança e competência, esse o
caminho mais viável para a reali-
zação do seu desejo.
MARIA ANGELA DIAS COELHO
[email protected]
SÃO PAULO

Disfuncionalidade
O disfuncional governo Bolso-
naro inaugurou uma nova cate-
goria de ministro de Estado, o
antiministro. Vejamos: para o
Meio Ambiente nomeou um
que, em pleno desespero da pan-
demia, quer aumentar a destrui-
ção de reservas florestais, das
florestas e dos biomas. Para a
pasta da Educação, um desedu-
cado, com amplo conhecimen-
to de palavrões e desconheci-
mento total do vernáculo, co-
mo provado publicamente. Na
Saúde colocou um que impõe
protocolo de uso de uma medi-
cação, a cloroquina, para a co-
vid-19 que aumenta a mortalida-

de dos doentes. No Gabinete
de Segurança Institucional, um
antiministro que causa insegu-
rança institucional ao ameaçar,
em nota oficial, as instituições
democráticas do País. E, final-
mente, para as Relações Exterio-
res, um cada vez mais isolado e
interiorizado, já que só se rela-
ciona no exterior com poucos
governos de direita e de tendên-
cias autocráticas. Tal aberração
só podia partir mesmo de um
antipresidente. Maktub!
JOSÉ EDUARDO ZAMBON ELIAS
[email protected]
MARÍLIA

Holocausto
Parabéns pelo magnífico artigo
A exploração política do Holocaus-
to, de Marcos Guterman (30/5,
A2), uma esplêndida lição de
moral, “educando” o ministro
da Educação, que deveria apro-
fundar-se um pouco mais nas
lições de História Universal.
Ótima, também, a comparação
com os infelizes comentários
do energúmeno de Garanhuns,
em toda a sua imbecilidade!
LEJBUS CZERESNIA
[email protected]
SÃO PAULO
Free download pdf