O Estado de São Paulo (2020-06-06)

(Antfer) #1

O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 6 DE JUNHO DE 2020 Internacional A


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


BRUXELAS


A União Europeia planeja rea-
brir todas as suas fronteiras
internas até o final do mês e
suspender as restrições de
viagens para fora do bloco
em julho. A decisão foi anun-
ciada ontem pela comissária
de Assuntos Internos da UE,
Ylva Johansson, após reu-
nião com ministros do Inte-
rior da Europa.
No entanto, segundo Johan-
son, cidadãos de países como Es-
tados Unidos, Rússia, Índia e
Brasil, alguns dos mais afetados
no mundo pela covid-19, só po-
derão voltar à Europa depen-
dendo de como estiver o contro-
le e a disseminação do vírus lo-
calmente – o que pode atrasar
um pouco mais a entrada de bra-
sileiros no bloco.
Alguns países europeus, co-
mo Irlanda e Reino Unido, já
aceitam americanos, desde que
seja feita uma quarentena de 14
dias. Na Islândia, os visitantes
deverão fazer um teste de co-
vid-19. Mas há incertezas den-
tro do bloco sobre como funcio-


narão os próximos passos. A
maior preocupação em Bruxe-
las é para que todos adotem
uma política coordenada.
De acordo com Johansson,
no início da pandemia os países
do bloco agiram separadamen-
te e com “algum pânico”, o que
não pode se repetir. “É impor-
tante que recordemos o que se
passou no princípio da crise, pa-
ra que não tenhamos o mesmo
caos ao reabrir.” A comissária
disse que manter as restrições
nas fronteiras não é mais neces-
sário, já que a situação está me-
lhorando no continente.
“As fronteiras internas serão
reabertas até o final do mês e
vamos considerar gradualmen-
te a flexibilização de restrições
de viagens não essenciais no
início de julho”, afirmou Jo-
hansson. Ela disse que o esfor-
ço agora será coordenar com
todos os países do bloco antes
de emitir um comunicado, na
próxima semana.
Todas as viagens de visitan-
tes de fora da Europa, exceto as
essenciais, estão restritas até o
dia 15, mas vários ministros que-

rem prolongar o prazo até o iní-
cio de julho.
Para acelerar o processo de
reabertura, alguns países elabo-
ram “bolhas de viagens” entre
si, como no caso das repúblicas
bálticas – Estônia, Letônia e Li-
tuânia –, que reabriram as fron-
teiras para cidadãos de seus paí-
ses. Hungria e Eslovênia cria-
ram a própria bolha no fim de

maio e a Croácia decidiu permi-
tir a entrada de visitantes de dez
países europeus – exceto Fran-
ça, Itália e Espanha.
A Grécia, elaborou uma lista
de 29 países – alguns de fora da
Europa, como China e Nova Ze-
lândia –, cujos cidadãos pode-
riam entrar sem testes ou qua-
rentena, deixando de fora Itália
e Reino Unido. A Áustria redu-
ziu as limitações de viagem para
vizinhos, mas não para a Itália.
O constante isolamento dos
italianos causou desconforto
em Roma. Sem citar nenhum
país, o chanceler da Itália, Luigi
di Maio, disse que as decisões
“violam o espírito europeu”.
“Exigimos respeito. Se alguém
acha que pode nos tratar como
leprosos, saiba que não vamos

ficar quietos. Paciência tem li-
mite”, afirmou.
Ao lado da Espanha, a Itália
pediu formalmente à Comissão
Europeia que garanta uma aber-
tura sem discriminação e com
base em critérios “comuns, cla-
ros e transparentes”. Quem
também vem se sentindo excluí-
da é a Suécia, desde que Dina-
marca e Noruega anunciaram,
em maio, a reabertura das fron-
teiras entre os dois países, exclu-
indo os suecos – que vêm sendo
mais afetados pela covid-19 do
que os vizinhos.
Após a epidemia, os 26 países
do Espaço Schengen, onde pes-
soas e mercadorias circulam
sem controles de fronteira, ado-
taram restrições de viagens sem
coordenação, causando dúvidas

até sobre o futuro da UE após a
pandemia. A decisão de reabrir
anima os governos europeus em
razão da proximidade do verão


  • uma oportunidade de retomar
    o fôlego da indústria do turis-
    mo, que tem peso importante
    na economia de países como Es-
    panha, Grécia, França e Itália.
    “Precisamos ter certeza de
    que a temporada turística de ve-
    rão não terá o preço alto de uma
    segunda onda de infecções”,
    alertou Heiko Maas, ministro
    das Relações Exteriores da Ale-
    manha. “Portanto, não haverá
    férias de verão ‘normais’ neste
    ano. Seja no Báltico ou no Medi-
    terrâneo – as regras de distancia-
    mento social e higiene serão
    aplicadas em todos os lugares.”
    / REUTERS, EFE, NY TIMES E W. POST


lContaminação

JOE KLAMAR/AFP-4/6/

UE reabrirá


fronteiras


externas


em julho


178 mil
mortes foram registradas em
toda a Europa desde o começo
da pandemia de covid-19. O
continente tem oficialmente
2 milhões de casos da doença.

Liberação de entrada de brasileiros dependerá


de como estará situação da pandemia no País


Liberado. Mulheres na fronteira entre Áustria e Eslováquia: reabertura dá fôlego ao turismo, que espera a chegada do verão
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