O Estado de São Paulo (2020-06-06)

(Antfer) #1

O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 6 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


N


a vida política, as mentiras cos-
tumam ser mais plausíveis do
que a realidade, uma vez que o
mentiroso tem a vantagem de
saber de antemão o que a pla-
teia deseja. Ele prepara sua his-
tória para consumo público, de modo a torná-
la crível. Com isso, a verdade tende a desapa-
recer da vida pública, corroendo a estabilida-
de democrática. Esta é a conclusão de um dos
ensaios mais discutidos no final da década de
1960, sobre o uso da mentira na política.
De autoria da filósofa alemã Hannah
Arendt e incluído no seu livro Crises da Repú-
blica, o ensaio discute o embuste e a falsidade
deliberada como meios que determinados po-
líticos utilizam para alcançar fins imorais e
torpes. Também analisa as estratégias de va-
zamento de informações e a construção de
narrativas que permitam interpretação detur-
pada dos fatos antes mesmo de eles acontece-
rem. “A veracidade nunca esteve entre as vir-
tudes políticas. A capacidade de mentir e a ca-
pacidade de agir devem sua existência à mes-
ma fonte: imaginação”, diz Arendt.
Escritas há cinco décadas, essas palavras


são de uma atualidade preocupante quando
relidas à luz do que disse o presidente Jair
Bolsonaro na quinta e na sexta-feira passa-
das, sobre os atos convocados por diferen-
tes órgãos da sociedade civil para protestar
contra as manifestações sema-
nais de bolsonaristas em favor
de uma ditadura militar por
ele chefiada. Nas lives de que
participou e nos discursos
que fez nesses dois dias, Bolso-
naro comportou-se como se o
ensaio de Hannah Arendt ti-
vesse sido escrito com base
em suas falas.
Procurando associar à violên-
cia os atos de protesto contra
seu governo, o presidente dei-
xou claro que os atos de domin-
go não serão travados entre ad-
versários políticos, mas entre inimigos – en-
tre “o pessoal de verde e amarelo, que é pa-
triota”, e “idiotas, marginais, viciados e terro-
ristas”. Segundo Bolsonaro, “este pessoal
tem costumes que não condizem com a maio-
ria da sociedade brasileira”. Além de desquali-

ficar opositores no plano moral, que é uma co-
nhecida prática fascista, Bolsonaro os acusou
de serem inimigos da liberdade. “Mais impor-
tante que a sua vida é a sua liberdade. Esse
pessoal não tem nada para oferecer para vo-
cê. Se você pegar cem desse aí
(sic), a maioria é estudante. Se
você pegar e aplicar a prova do
Enem neles, ninguém tira nota


  1. São idiotas que não servem
    para nada”, afirmou.
    Como se não bastasse, o presi-
    dente ainda pediu aos pais que
    impeçam os filhos de participar
    dos atos contrários ao seu go-
    verno. “Quem for possível exer-
    cer o controle em cima dos fi-
    lhos (sic), exerça para não dei-
    xar o filho participar. Alguns
    vão dizer que eu estou cercean-
    do a liberdade. Isso não é liberdade de expres-
    são, o cara vai para o quebra-quebra. E vai ter
    muito garoto desse usado como massa de ma-
    nobra, idiota útil”, disse Bolsonaro, procuran-
    do desde logo responsabilizar seus oposito-
    res por qualquer ato violento.


Horas depois, anunciou que em breve con-
cederá autorização para importação, sem im-
posto, de armas de uso individual. Na oca-
sião, afirmou que “a boa medida (sic) vai aju-
dar todo o pessoal do artigo 142 da nossa
Constituição”, referindo-se talvez aos mem-
bros das Forças Armadas. Além de definir as
atividades militares, esse artigo se limita a
classificar as Forças Armadas como “institui-
ções que, sob a autoridade suprema do presi-
dente da República, destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais
e, por iniciativa destes, da lei e da ordem”.
Mas, numa interpretação tortuosa e absurda
desse texto, Bolsonaro acredita que este lhe
confere a prerrogativa de convocá-las quando
bem entender e para o que bem quiser. Mes-
mo advertido para o erro que comete, insiste
em repeti-lo.
Em seu ensaio sobre a mentira na política,
Hannah Arendt lembra que o engodo e o em-
buste costumam ser eficientes apenas quan-
do o mentiroso tem ideia clara da verdade do
que tenta esconder. Bolsonaro sabe o que
quer. Mas em momento algum consegue es-
conder seus anseios ignominiosos.

B


rasileiros conti-
nuaram comendo,
comprando remé-
dios e tentando
cuidar da higiene
enquanto o coro-
navírus ocupava o Brasil. Com
algum esforço é possível en-
contrar esses dados positivos
no desastroso balanço indus-
trial de abril, primeiro mês in-
teiramente marcado pela pan-
demia de covid-19. Em abril a
indústria produziu 18,8% me-
nos que em março e 27,2% me-
nos que um ano antes. A queda
mensal foi, de longe, a maior
da série histórica iniciada em



  1. Com isso se amplia a co-
    leção de recordes sinistros de
    2020, como o fechamento de
    4,9 milhões de vagas num tri-
    mestre e a eliminação de R$
    7,3 bilhões da massa de rendi-
    mentos. Os novos dados da cri-
    se industrial, recém-divulga-
    dos pelo Instituto Brasileiro
    de Geografia e Estatística (IB-
    GE), vieram poucos dias de-
    pois de publicada a pesquisa
    de emprego e desemprego no
    período fevereiro-abril.
    O tombo da produção e o pu-
    lo do desemprego são páginas
    da mesma história. São compo-
    nentes, também, do mesmo de-
    safio. Resultam igualmente do
    indispensável distanciamento
    social e das limitações impos-
    tas pelo combate à pandemia.
    Ações oficiais de apoio a empre-
    gadores e empregados apenas
    atenuaram os danos econômi-
    cos da covid-19. Perdas seriam
    inevitáveis, como foram em ou-
    tros países, mas, além disso,
    parte da política falhou. Muitas
    empresas ficaram sem acesso
    ao novo crédito e as autorida-
    des agora tentam garantir essa


ajuda. Esse é o quadro imedia-
to, mas também é preciso olhar
para a frente.
Não há sinal, por enquanto,
de um plano geral de retomada
e – detalhe relevante – de recu-
peração das empresas mais
atingidas. A reabertura será gra-
dual e ordenada, se os gover-
nantes tiverem juízo e quise-
rem diminuir o risco de uma se-
gunda onda, e a resistência de
muitas companhias continuará
sendo testada. Além disso, a
mera autorização para retorno
à atividade será insuficiente, no
caso das firmas sem caixa para
retomar os negócios. Quem,
no governo, está pensando nos
desafios dessa próxima etapa?

Especialmente grave, a crise
da indústria começou bem an-
tes da pandemia de coronaví-
rus. Sinais de estagnação eram
visíveis no primeiro mandato
da presidente Dilma Rousseff,
antes da recessão de 2015-


  1. Houve alguma reação
    nos anos seguintes, com expan-
    são de 2,5% em 2017 e 1% em
    2018, mas a produção dimi-
    nuiu 1,1% no primeiro ano do
    atual governo. Os problemas
    ocasionados pela pandemia
    atingem, portanto, uma indús-
    tria já muito enfraquecida, ca-
    rente de investimentos, de re-
    formas e de renovação.
    Esses dados ajudam a avaliar
    com realismo a condição do se-
    tor. Mesmo uma indústria
    mais saudável, no entanto, se-
    ria duramente afetada pelo no-


vo choque. Todas as grandes ca-
tegorias – bens de capital, inter-
mediários e de consumo – tive-
ram desempenho amplamente
negativo em abril. Os piores fo-
ram os de bens de capital, com
produção 41,5% inferior à de
março, e de bens de consumo
duráveis, com recuo de 79,6%,
puxado principalmente pelo se-
tor automobilístico. Resulta-
dos positivos foram observa-
dos em algumas indústrias de
bens essenciais, como as de ali-
mentos e de produtos farma-
cêuticos. Houve grandes per-
das de produção em 22 dos 26
segmentos pesquisados.
No ano, a indústria produ-
ziu 8,2% menos que nos pri-
meiros quatro meses de 2019.
Os números ficam menos
feios quando se consideram pe-
ríodos mais longos. A contra-
ção acumulada em 12 meses fi-
cou em 2,9%, um dado pouco
relevante para a avaliação dos
problemas atuais.
Nesta altura, as expectativas
do mercado para 2020 pare-
cem otimistas. Pela mediana
das projeções, a produção in-
dustrial neste ano será 3,59% in-
ferior à de 2019, segundo infor-
ma a pesquisa Focus divulgada
na segunda-feira passada pelo
Banco Central. O mês de maio,
tudo indica, ainda foi muito
ruim. Só com recuperação mui-
to vigorosa, a partir de agora, a
indústria fechará o ano com o
desempenho indicado naquela
pesquisa. A reativação depende-
rá, em boa parte, da demanda e
da oferta de crédito. Precipitar
a abertura para animar o consu-
mo e a produção poderá ser de-
sastroso. Raras vezes prudên-
cia e planejamento cuidadoso
foram tão preciosos.

O


impacto da pan-
demia de co-
vid-19 sobre a
formação das
novas gerações
pode ser mais
grave do que se imagina, dei-
xando-as despreparadas para
se emancipar intelectual e pro-
fissionalmente num período
em que a Revolução Industrial
4.0 exige mão de obra cada
vez mais especializada. Essa é
a advertência de um importan-
te estudo que acaba de ser di-
vulgado pelo Instituto Uniban-
co e pelo movimento Todos
pela Educação.
“O efeito da pandemia sobre
o sistema de ensino será numa
intensidade que nunca vimos.
A experiência da crise financei-
ra de 2008 é só referencial,
mas não suficiente para se pre-
ver o que veremos. Há o risco
de ser a ‘geração pandemia de
jovens’, um grupo estrutural-
mente punido pela falta de
ações neste momento e com
grande chance de ficar fora do
sistema de ensino”, diz o eco-
nomista Ricardo Henriques,
superintendente do Instituto
Unibanco.
O foco do estudo é basica-
mente financeiro. Segundo ele,
ao mesmo tempo que o impac-
to da pandemia na atividade
econômica reduziu drastica-
mente a receita tributária dos
Estados, que concentram 80%
das matrículas do ensino bási-
co no País, os gastos com medi-
das emergenciais para a substi-
tuição das aulas presenciais
por aulas virtuais, por meio de
transmissão de conteúdo peda-
gógico pela TV e entrega de
material impresso aos pais de
alunos, explodiram. Com base

num levantamento em 22 re-
des estaduais, o estudo identifi-
cou que 95% delas adotaram o
ensino a distância e 63% ofere-
ceram aulas online e ao vivo.
A estimativa é de que essa
combinação explosiva entre
queda de receita e aumento de
custos provoque um rombo de
R$ 30 bilhões no orçamento
dos Estados neste ano. Esse va-
lor equivale a cerca do dobro
do que a União contribui anual-
mente por meio do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimen-
to da Educação Básica e de Va-
lorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb), que é a
principal fonte de investimen-
to desse ciclo educacional. Os

cálculos foram feitos com base
em dados do Tesouro e infor-
mações consolidadas de recei-
tas tributárias de abril e maio.
“E mais gastos devem vir por
aí, pois teremos novos alunos
entrando na escola pública, de
famílias de classe média baixa,
que não vão conseguir mais pa-
gar as mensalidades”, afirma
João Marcelo Borges, diretor
de Estratégia Política do To-
dos pela Educação.
Se a solução para o proble-
ma não for formulada ainda
neste ano, a conta será empur-
rada para os próximos exercí-
cios, comprimindo o orçamen-
to dos governos estaduais e
agravando ainda mais os pro-
blemas sociais decorrentes do
baixo nível de aprendizado dos
alunos do ensino básico públi-

co. Henriques estima que o pe-
ríodo de normalização do ca-
lendário escolar levará um ano
e meio, podendo entrar em


  1. Por isso, se nada for feito
    agora, as redes estaduais de en-
    sino correm o risco de colapso
    financeiro. E, sem recursos,
    elas não conseguirão atender
    às recomendações dos especia-
    listas em saúde pública, divi-
    dindo as turmas para aumen-
    tar a distância entre os alunos,
    com o objetivo de evitar contá-
    gio, o que exige mais estrutura
    física e mais professores.
    Qualquer que seja a solução,
    ela envolve necessariamente o
    Fundeb. E é aí que está o nó da
    questão, pois em sua configura-
    ção atual ele expira em dezem-
    bro e sua reformulação tem de
    ser votada ainda neste ano. Há
    propostas de emenda constitu-
    cional em tramitação nas duas
    Casas Legislativas, todas pre-
    vendo mais recursos federais
    para o fundo. A mais adiantada
    é a que está na Câmara, cujo
    presidente, Rodrigo Maia
    (DEM-RJ), quer votá-la ainda
    neste mês. Mesmo que tenha
    êxito, o tempo para encontrar
    um modo de evitar o colapso fi-
    nanceiro das redes estaduais
    de ensino ainda neste ano é
    curto. E, como o presidente
    Jair Bolsonaro está substituin-
    do técnicos por indicações po-
    líticas dos líderes do Centrão
    em áreas estratégicas do Minis-
    tério da Educação, nada garan-
    te que a normalização da rede
    pública de ensino básico acabe
    se estendendo pelos próximos
    anos, comprometendo a forma-
    ção de uma geração escolar, co-
    mo temem os autores do estu-
    do do Instituto Unibanco e do
    Todos pela Educação.


O engodo e o embuste na vida pública


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Aumento de custos no
setor e queda de receita
provocarão rombo de
R$ 30 bi nos Estados

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


O desafio de resgatar a indústria


Desastre da produção
realça importância
de um bom plano de
retomada industrial

A covid-19 e a educação pública


lDesgoverno Bolsonaro
Passando recibo
O presidente da República, Jair
Bolsonaro, chamou ontem os
manifestantes contra o seu go-
verno de marginais, terroristas,
maconheiros e desocupados.
Disse que eles não sabem o que
é economia e querem quebrar o
Brasil. E ameaçou usar as forças
de segurança se os “marginais”
extrapolarem os limites da lei.
A repressão foi a tônica desse
pronunciamento de Bolsonaro,
que só aceita quem gosta dele.
As divergências são repudiadas
pelo chefe de Estado, que se diz
defensor da democracia. O pre-
sidente parece não se preocu-
par com a covid-19, que já ma-
tou 34 mil brasileiros e conta-
giou 618 mil. Ele se esquece de
nomear um ministro para a Saú-
de e fica passando recibo para
aqueles que o criticam.
JOSÉ CARLOS SARAIVA DA COSTA
[email protected]
BELO HORIZONTE


Quem semeia ventos...
Pode existir maior desafio que
a união das torcidas do Corin-
thians e do Palmeiras para en-
frentar os fanáticos bolsonaris-


tas? E a elas se vão somar ou-
tras mais, até que o contingente
de democratas insatisfeitos nas
ruas seja expressivo para fazer
tramitar o impeachment de Bol-
sonaro. Quem vive semeando
ventos vai colher a indesejada
tempestade.
JOSÉ CARLOS DE CARVALHO CARNEIRO
[email protected]
RIO CLARO

Tropeço
Após cem dias de pandemia,
mais de 2 milhões de informais
e invisíveis ainda não consegui-
ram receber a primeira parcela
de R$ 600 do auxílio de emer-
gência. A burocracia e a lerdeza
governamentais são o exemplo
de “como não fazer”. Ao mes-
mo tempo o presidente, sem
proteção facial e distanciamen-
to social, desce de helicóptero e
cavalga entre seus camisas par-
das. Mas tropeça e cai de joe-
lhos à entrada de um hospital
em Goiás. Afinal, quando é que
Bolsonaro vai deixar suas “peri-
pécias” para trás, a fim de, lite-
ralmente, não cair do cavalo?
JÚLIO ROBERTO AYRES BRISOLA
[email protected]
SÃO PAULO

Já deu
Parabéns a Ignácio de Loyola
Brandão pela coluna Chega, pre-
sidente. Abra o jogo (5/6, H8), na
qual, em poucas palavras conse-
guiu demonstrar todo o senti-
mento da população brasileira,
que a cada dia que passa se sen-
te mais apreensiva, com medo,
impaciente e angustiada com as
possíveis futuras ações do auto-
ritário governo federal. Um dos
melhores textos do ano, brilhan-
te. Eu me identifiquei com to-
das as palavras. Chega, presi-
dente, acabe logo com isso!
ALEXANDRE DODSWORTH BORDALLO
[email protected]
JUIZ DE FORA (MG)

Político bolsonarista
Ainda sobre o artigo Opinião e
princípios (3/6, A2), fica cada
vez mais claro que o vice-presi-
dente, Hamilton Mourão, é um
político do bolsonarismo, sem
nenhum traço do personagem
confeccionado para o general
de alternativa, da palavra tran-
quila, referência de equilíbrio.
Seu texto expõe uma fantasia:
uma sociedade brasileira pacífi-
ca, bem conduzida, nas mãos
de um governo competente, de

repente sendo perturbada e
ameaçada por grupos terroris-
tas que, calculadamente, resol-
veram atacar no fim de semana
passado. Pior: eles contam com
cúmplices instalados na impren-
sa, no Judiciário, no Congresso.
Uma estratégia, como se vê, na
linha do terrível marxismo cul-
tural globalista contra o qual o
bolsonarismo veio combater,
com a bênção de Trump, Deus,
Pátria & Família. Mourão nem
sequer tem dúvidas: não há cri-
me nos fins de semana na porta
do Planalto, com o presidente
estimulando, participando e
agradecendo o apoio de grupos
com faixas exigindo o fecha-
mento do Supremo Tribunal
Federal (STF) e do Congresso e
a volta da ditadura militar. Tam-
bém é absolutamente legal, pau-
ta perfeita de uma reunião mi-
nisterial, exigir armar a popula-
ção para reagir a medidas legais
de prefeitos e governadores em
meio a uma pandemia que o
irresponsável negacionista se
recusa a reconhecer. Para Mou-
rão, é inadmissível haver racis-
mo no Brasil, motivo pelo qual
não cabe importar reivindica-
ções alienígenas. A propósito,

aliás, devem ter sido extraídas
do folclore brasileiro as másca-
ras e tochas no grupo de madru-
gada, na Praça dos Três Pode-
res, ameaçando o STF. Mourão
tem de ser visto como o que, de
fato, é: um político bolsonaris-
ta.
ANTÔNIO MÁXIMO M. DA ROCHA
[email protected]
RIO DE JANEIRO

Quimera
Cheguei a acreditar que o Brasil
estaria em melhores mãos se o
vice ocupasse o lugar do presi-
dente. Mas ao tomar conheci-
mento de seus critérios e opi-
niões no artigo de 3/6, concluí
que foi só mesmo uma ilusão.
MIRTELA SOFIA GORI MAIA
[email protected]
ITATIBA

Estratégia superada
Faltou ao general Mourão escla-
recer no artigo o que entende
por princípios quando assiste,
sem dar um pio, a seu colega
presidente da República corte-
jar, adular, apoiar e incitar uma
fração minoritária de classe mé-
dia clamando por um Estado
autoritário, em franco namoro

com o neonazismo. Todos con-
denamos atos de violência e a
depredação de patrimônio (pú-
blico ou privado), mas falar dis-
so para desviar a atenção do
que realmente ameaça o País é
estratégia velha e inútil. E se o
general não percebeu, o racis-
mo não está tão longe dos palá-
cios em que circula.
WILMAR DA ROCHA D’ANGELIS
[email protected]
CAMPINAS

lContra o racismo
Amor ao próximo
Minhas homenagens a Modesto
Carvalhosa por seu artigo Racis-
mo e amor (5/6, A2). O dr. Carva-
lhosa teve a sensibilidade de
perceber que as manifestações
pelo assassinato, nos EUA, de
George Floyd não tiveram ódio
nem agressividade, mas uma
empatia dos manifestantes, de
todas as origens, com a possibi-
lidade de uma convivência so-
cial em harmonia e com respei-
to por todas as pessoas. Um
pouco de alento nestes tempos
de radicalização.
LUIZ FRID
[email protected]
SÃO PAULO
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