O Estado de São Paulo (2020-06-07)

(Antfer) #1

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A14 Metrópole DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


RENATA


CAFARDO


C


om as primeiras informações
sobre planos de volta às au-
las, surge uma nova polêmica
que educadores nunca imaginaram
se deparar. É unânime que o retorno
ao ensino presencial terá de ser aos
poucos, então quem tem direito a
voltar primeiro à escola? Crianças
pequenas ou adolescentes?
Os argumentos a favor de dar prio-
ridade à educação infantil (0 a 5
anos) são mais econômicos e so-
ciais do que educacionais. Não que
não sejam nobres. Na rede particu-
lar, escolas já começaram a perder
alunos dessa idade pela crise finan-
ceira. E porque a educação a distân-

cia não funciona nem é recomendada
para eles. O risco de falência é grande
se não voltarem a funcionar.
Há ainda a preocupação com as
mães trabalhadoras. No Estado, a se-
cretaria de desenvolvimento econômi-
co tem pressionado pela abertura de
creches e pré-escolas porque essas mu-
lheres precisam voltar ao serviço. Afi-
nal, a abertura já prevê volta do comér-
cio e de escritórios em alguns locais.
Os Estados, no entanto, não têm es-
colas para crianças pequenas, elas são
de responsabilidade dos municípios.
O governo estadual, responsável pelo
plano de abertura, então libera e a deci-
são fica com o prefeito. Só que os secre-

tários municipais de Educação já disse-
ram que temem a volta dos alunos do
ensino infantil, idade em que é muito
mais difícil usar máscara e quase im-
possível manter distanciamento. As ci-
dades, com muita razão, temem que a
contaminação aumente com bebês jun-
tos no berçário e crianças brincando
nos parquinhos.
Nos Estados Unidos, o problema é o
mesmo. Segundo o jornal The New
York Times, pesquisadores falam nu-
ma “geração inteira de mulheres preju-
dicadas” por causa da pandemia, já que
são elas que acabam faltando ou dei-
xando de trabalhar quando a escola
não volta e o filho não pode ficar sozi-
nho em casa. Por outro lado, grandes
empresas como PepsiCo, Uber e Pinte-
rest flexibilizaram o trabalho de quem
tem filhos, permitindo a continuidade
do home office e escalas melhores.
Também há bons argumentos para o
outro lado, os que defendem primeiro a
volta dos mais velhos e especificamente
daqueles que estão no 3.º ano do ensino
médio. Antes, é bom deixar claro que, se

estão na camada mais pobre da popula-
ção, podemos quase chamá-los de he-
róis. Muitos já foram embora faz tempo
da escola. Então, quanto mais cedo vol-
tarem, menos chance temos de perdê-
los também, ainda mais diante de uma
crise econômica em que o jovem é força-
do a trabalhar para ajudar a família.

Há ainda o Exame Nacional do Ensi-
no Médio (Enem) e outros vestibula-
res. Quanto antes estiverem diante de
seus professores e não dependendo de
um celular para estudar, mais possibili-
dade têm de entrar numa faculdade.
Outra razão é que adolescentes – teori-
camente – conseguem compreender
melhor e cumprir as regras sanitárias.
E ainda ajudam a dar o exemplo aos
mais novos, que vão voltar depois.
O “quando” retornar às aulas é uma
decisão que compete só à área da saú-

de. Mas o “quem” sofre interferên-
cias sociais, econômicas e educacio-
nais. Lá fora, há países que optaram
pelos mais velhos e outros, pelas
crianças pequenas. Não dá para sa-
ber ainda os resultados.
O ideal seria que os planos de rea-
bertura econômica fossem pensa-
dos considerando a educação. Espe-
cialistas têm dito que é precipitado
permitir que as pessoas voltem a cir-
cular em São Paulo com casos e mor-
tes subindo. As escolas foram deixa-
das de fora do plano de cores do go-
verno e a previsão é que voltem em
agosto, meses depois. Com trabalho
dos pais e ensino sendo pensados se-
paradamente, difícil ter critério para
saber que alunos retornam antes. Ca-
da gestor terá de fazer sua opção e
torcer para não precisar mandar to-
do mundo para casa de novo.

]
É REPÓRTER ESPECIAL DO ESTADÃO
E FUNDADORA DA ASSOCIAÇÃO DE
JORNALISTAS DE EDUCAÇÃO (JEDUCA)

Falecimentos


Decreto permite reabertura de bares, restaurantes e shopping


center em horários e capacidade específicos, além do futebol


Fábio Grellet / RIO


Pouco mais de quatro horas
depois de confirmar 2.134 no-
vos casos de covid-19 e a mor-
te de 146 pessoas pela doença
no Estado do Rio, o governa-
dor Wilson Witzel (PSC) di-
vulgou decreto que flexibili-
za as regras de isolamento,
permitindo desde ontem a
reabertura de bares, restau-
rantes e shoppings, além da
volta dos jogos de futebol.
O decreto com as novas re-
gras foi publicado em edição ex-
tra do Diário Oficial e divulgado
às 23h24 de sexta. Ele autoriza o
funcionamento de setores do
comércio e da indústria, em ho-
rários específicos, e prorroga
até o dia 21 a proibição de aulas
presenciais. A prefeitura da ca-
pital, por sua vez, informou que
vai seguir cronograma próprio.
Segundo o decreto, a partir
de ontem, bares e restaurantes


podem voltar a funcionar, res-
peitando 50% de sua capacida-
de. Shoppings e centros comer-
ciais poderão abrir das 12 às 20
horas, com limitação de 50% da
capacidade, garantindo forneci-
mento de álcool em gel 70%. As
praças de alimentação podem
reabrir, obedecendo ao limite
de 50% de ocupação. Áreas de
recreação, cinemas e afins de-
vem permanecer fechados.
Equipamentos e pontos tu-
rísticos, como Cristo Redentor
e Pão de Açúcar, estão autoriza-
dos a funcionar, respeitando o
limite de 50% de sua capacida-
de de lotação. Templos religio-
sos estão liberados, desde que
seja observada a distância de 1
metro entre as pessoas. O fun-
cionamento dos parques está li-
berado, desde que não haja aglo-
meração. Ficam autorizadas as
atividades esportivas indivi-
duais ao ar livre, inclusive em
praias e lagoas, preferencial-

mente próximo da residência.
Atividades esportivas de alto
rendimento passam a ser autori-
zadas, desde que sem público e
com os protocolos de higieniza-
ção. Jogos de futebol estão auto-
rizados, desde que sem público.
Todos os estabelecimentos
abertos devem seguir protoco-
los e medidas de segurança reco-
mendadas pelas autoridades sa-
nitárias, como assegurar a dis-
tância mínima de 1 metro entre
as pessoas e oferecer álcool em
gel 70%. Deve ser observada a

obrigatoriedade de máscaras
por clientes e funcionários.
De acordo com o decreto, es-
tão suspensos até o dia 21 as au-
las presenciais das redes de ensi-
no estadual, municipal e priva-
da; atividades coletivas em cine-
mas, teatros e afins; e o funcio-
namento de academias de gi-
nástica. Em caso de descumpri-
mento das medidas previstas,
as forças de segurança pública
poderão atuar em eventuais
práticas de infrações adminis-
trativas e crimes previstos.
No decreto, o governo justifi-
ca as medidas de flexibilização
alegando que “levou em consi-
deração dados epidemiológi-
cos da Secretaria de Estado de
Saúde, incluindo a redução do
número diário de óbitos e inter-
nações por Síndrome Respirató-
ria Aguda Grave (SRAG)”. Ape-
sar da decisão do governador, a
prefeitura informou que a cida-
de segue o plano por fases, e “os
municípios têm autonomia pa-
ra regulamentar as medidas de
restrição, de acordo com a reali-
dade de cada um”.
Também em nota, a prefeitu-
ra carioca informa que segue
avaliando diariamente as cur-
vas da contaminação pela co-
vid-19 com o Comitê Científi-
co, “deixando claro que pode re-
cuar se as curvas subirem, mas
esperando que caiam e possa
continuar flexibilizando, mas
seguindo todas as chamadas re-
gras de ouro, de precauções”;
No dia 1.º de junho, a prefeitu-
ra do Rio anunciou que o fim
das restrições ocorrerá em seis
fases, com intervalo de 15 dias
entre cada uma delas, com aber-
tura total prevista, portanto, pa-

ra agosto. Primeiro serão aber-
tos os setores com grande im-
pacto econômico e baixo risco
de contaminação.

Crivella. Marcelo Crivella (Re-
publicanos) afirmou que só ho-
je vai decidir sobre a reabertura
ou não de comércios. Por en-
quanto, segundo ele, esses esta-
belecimentos devem ficar fe-
chados. “Neste domingo, vou
me reunir com o conselho cien-
tífico”, afirmou o prefeito, refe-
rindo-se ao órgão criado pela
prefeitura para aconselhar a ad-
ministração em questões relati-
vas ao combate à covid-19.
Quem abrir antes da hora se-
rá notificado para que feche. “O
governo estadual já esclareceu
que o decreto é uma recomenda-
ção, não uma determinação.
Mas nós entendemos que o de-
creto estadual criou uma dúvi-
da, então pedimos que os co-
merciantes aguardem nossa
reunião antes de abrir.”
Crivella afirmou que concor-
da com alguns itens do decreto,
como a liberação dos cultos reli-
giosos. “Esse tipo de atividade é
de baixo risco, porque o fiel sem-
pre vai respeitar o que o padre
ou seu pastor pedir.”

Balanço. Ontem, o Estado do
Rio de Janeiro registrou 166
mortes pela covid-19, atingindo
o total de 6.639 óbitos desde o
início da pandemia. E mais
1.467 casos. O decreto de Wit-
zel foi publicado dois dias de-
pois de o Rio ter batido o recor-
de de 324 mortes em 24 horas.
Segundo a Secretaria de Saúde,
são 64.533 pessoas contamina-
das pelo novo coronavírus.

Distanciamento. Crivella pediu que os comerciantes esperem uma decisão municipal; a capital deve seguir linha própria


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


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ESCREVE QUINZENALMENTE

PARA PUBLICAR ANÚNCIO FÚNEBRE: BALCÃO IGUATEMI – SHOPPING IGUATEMI 1A - 04, TEL. 3815-3523 / FAX 3814-0120 – ATENDIMENTO DE 2ª A SÁBADO, DAS 10 ÀS 22 HORAS, E AOS DOMINGOS, DAS 14 ÀS 20 HORAS. BALCÃO LIMÃO – AV. PROF. CELESTINO BOURROUL, 100, TEL. 3856-2139 / FAX
3856-2852 – ATENDIMENTO DE 2ª A 6ª DAS 9 ÀS 19 HORAS. SÓ SERÃO PUBLICADAS NOTÍCIAS DE FALECIMENTO/MISSA ENCAMINHADAS PELO E-MAIL [email protected], COM NOME DO REMETENTE, ENDEREÇO, RG E TELEFONE.

Interior paulista


recua em


flexibilização


lLimitação

LIBERADOS NO ESTADO

Covid faz crescer até falsificação de medicamentos. Pág. A15 }


Quem deve voltar antes?


Há razões tanto para priorizar
a educação infantil quanto
para o ensino médio

Os Familiares de

LUIZ ANTONIO BUENO

Com pesar comunicam o
seu falecimento, ocorrido
dia 06/06/2020 em
São Paulo.

Maria Fernandes da Silva Mu-
niz – Dia 3, aos 100 anos. Era viúva.
Deixa os filhos Maria, Rizonete, Ro-
zilda, Edvaldo, Severino, Antonio,
José, parentes e amigos. O enterro
foi realizado no Cemitério e Crema-
tório Primaveras.
Amelia Maria Fernandes de
Macedo – Dia 4, aos 84 anos. Era
viúva. Deixa os filhos. Eduardo, Mar-
luce, Aurora, Edna, Marli, Irene, Ma-
ria do Socorro e Edvaldo. O enterro

foi realizado no Cemitério e Crema-
tório Primaveras.
Maria Armanda da Silva Pais
Melo – Aos 80 anos. Era viúva. Dei-
xa os filhos Ermelinda, Cecilia, Myle-
ne e João. A cerimônia de crema-
ção foi realizada no Cemitério e Cre-
matório Primaveras.
Maria Rosa de Biasi de Bonelli


  • Aos 78 anos. Era casada com
    Manuel Cesar Bonelli. Deixa os fi-
    lhos Victor Eduardo, Carlos Hugo,


Edgar Cesar, Hector Omar e Silvio
Dario. A cerimônia de cremação
foi realizada no Cemitério e Cre-
matório Primaveras.
Sadami Yamahita – Aos 86
anos. Era viúvo. Deixa os filhos Jor-
ge e Elza. A cerimônia de cremação
foi realizada no Cemitério e Crema-
tório Primaveras.
Carlos Bechara – Aos 80 anos.
Solteiro. Deixa as irmãs Tide, Leila,
Halia, Alice e o irmão Emir. O enter-

ro foi realizado no Cemitério de San-
to Amaro.
Marivaldo Almeida de Souza –
Dia 3, aos 78 anos. Era casado com
Gertrudes Maria Sabino de Souza.
Deixa os filhos Daniela, Gisele e Hu-
go. O enterro foi realizado no Cemi-
tério e Crematório Primaveras.
Celso Repullo Morente – Dia 5,
aos 65 anos. Era casado com Zeze-
lia Rodrigues Morente. Deixa fi-
lhos, parentes e amigos. O enter-

ro foi realizado no Cemitério Jar-
dim do Pêssego.
Laudenir Dreher – Dia 3, aos 56
anos. Era solteiro. Deixa parentes e
amigos. O enterro foi realizado no
Cemitério e Crematório Primaveras.
Edson Shindiro Takamoto – Dia
4, aos 45 anos. Era casado com
Ana Paula Santos Takamoto. Deixa
as filhas Gabriella, Mariana e Ana
Luiza. O enterro foi realizado no Ce-
mitério e Crematório Primaveras.

José Maria Tomazela
SOROCABA

Cidades do interior que adota-
ram regras de relaxamento so-
cial, após o Plano São Paulo, do
governo João Doria (PSDB), re-
cuaram por medida judicial ou
vontade dos gestores. Prefeitos
reconheceram que a pandemia
está em expansão no Estado e
decidiram endurecer regras.
Houve cidade que até mudou
de faixa por conta própria.
Piracicaba acatou recomen-
dação do Ministério Público e
reduziu o horário de funciona-
mento do comércio para quatro
horas diárias. A cidade está na
fase 2 (laranja), que permite
abrir o comércio por 4 horas,
mas decreto municipal autori-
zava o funcionamento das 9 às
17, além dos sábados das 9 às 13
horas. A prefeitura tinha reaber-
to salões, barbearias, manicu-
res e outros locais de beleza,
que agora voltam a fechar.
Apesar de Avaré estar na fase
3 (amarela) do plano, o prefeito
Jô Silvestre (PTB) decidiu ado-
tar regras mais rígidas, da fase 2
(laranja). Só funcionam casas
de produtos essenciais e aque-
las previstas nessa faixa, mas
com a obrigação de tomar a tem-
peratura corporal do cliente. O
prefeito afirmou que, se os nú-
meros continuarem a subir, a ci-
dade pode restringir mais.
O presidente do Tribunal de
Justiça de São Paulo, Geraldo
Pinheiro Franco, derrubou limi-
nares que permitiam a abertura
de uma academia de muscula-
ção e de salão de beleza em Ri-
beirão Preto. A prefeitura de
Santos, no litoral, recebeu reco-
mendação do MP para seguir as
determinações do plano e não
adotar medidas de flexibiliza-
ção do comércio. A cidade está
na fase 1 (vermelha). A prefeitu-
ra informou que espera do go-
verno a promoção para a faixa 2,
mas o MP fala em avanço da
doença na cidade.

Balanço. São Paulo tem mais
de 140 mil registros da doença e
9 mil mortes. Balanço de ontem
mostra que o número de casos é
de 140.549, sendo 5.984 nas últi-
mas 24 horas. E de 9.058 mortes
no total, 216 a mais do que no
dia anterior. Há registro da
doença em 555 das 645 cidades.
A taxa de ocupação dos leitos de
UTI está em 73,4% na Grande
São Paulo e é de 63,5% no Esta-
do. Há 4.819 pessoas em UTIs. /
COLABOROU PALOMA COTES

50% de ocupação
Essa é a regra para que os
estabelecimentos no Rio abram
suas portas, após decreto do
governador do Estado,
oficializado no ‘Diário Oficial’
desde 23h da sexta-feira.

l Bares e restaurantes
Com 50% da capacidade.

l Shopping center e outros
centros comerciais
Das 12 às 20 horas, com limita-
ção de 50% da capacidade. A me-
dida inclui praças de alimenta-
ção, mas deixa de fora áreas de
recreação e cinemas.

l Pontos turísticos
Cristo Redentor e Pão de Açúcar
estão autorizados a abrir, respei-
tando o limite de 50% de lotação.

l Igrejas
Podem funcionar, com distância
de 1 metro entre as pessoas.

l Parques
Só para atividades individuais.

l Futebol profissional
Jogos não podem ter torcida.

REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA

Witzel ‘abre’ Rio


dois dias após ter


recorde de óbitos

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