O Estado de São Paulo (2020-06-07)

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B2 Economia DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


O setor aéreo regis-
trou, em abril, o pior
mês em toda a sua his-
tória. A redução da de-
manda em todo o mun-
do, medida por passa-
geiros-quilômetros
transportados pagos (RPK), foi de
94% na comparação com o resultado


de um ano antes, segundo a Associa-
ção Internacional de Transporte Aé-
reo (Iata, na sigla em inglês). A oferta
de assentos diminuiu 87%. É mais
uma comprovação de que o setor de
serviços de turismo, do qual o trans-
porte aéreo é parte fundamental, é
um dos mais duramente atingidos pe-
la paralisia da atividade econômica
em escala mundial como consequên-
cia das medidas de enfrentamento da
pandemia de covid-19.
Mas o pior resultado da história po-
de ser o marco de mudança na tendên-
cia, para melhor. Já há dados sobre o

desempenho do setor em maio que
surgem como luz para a saída do tú-
nel em que as companhias aéreas em
todo o mundo mergulharam.
“Tudo indica que o ponto mais bai-
xo para o setor aéreo se deu em abril”,
disse o economista-chefe da Iata,
Brian Pearce, ao apresentar dados
mais recentes. “Em maio, o setor co-
meçou a se recuperar, principalmente
na região da Ásia-Pacífico, ajudado
por uma mistura de tarifas mais bai-
xas e relaxamento das normas de iso-
lamento social em alguns mercados.”
O número de voos no dia 27 de

maio, incluídos os de transporte de
carga, foi 30% maior do que o registra-
do em 21 de abril, considerado o pior
dia da crise por que passa o setor. É
muito provável que, como observou
Pearce, o mês de maio foi melhor do
que abril também para o transporte
de passageiros.
Para reforçar sua avaliação, Pearce
apresentou dados da pesquisa no Goo-
gle segundo os quais as buscas por
viagens aéreas aumentaram 25% em
relação a abril. A queda dos preços
das passagens – de cerca de 23% para
os voos domésticos, segundo a Iata –

deve estar atraindo mais passageiros.
Ainda assim, o setor opera em con-
dições bem piores do que as de antes
da pandemia. Mesmo com aumento
em maio, as buscas continuam 60%
menores do que as registradas em ja-
neiro deste ano.
E as companhias aéreas continuam
em dificuldades, apesar do apoio da-
do por alguns governos, entre os
quais o brasileiro. Na América Latina,
todas as empresas estão em dificulda-
des e duas estão em recuperação judi-
cial, lembrou o economista-chefe da
Iata.

Alto Escalão


Editorial Econômico


Para o setor aéreo,


o pior parece


ter passado


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F


abricante de louças e metais sanitários, revestimentos cerâmicos e
painéis de madeira, a Duratex vê potencial de reacelerar a produção
a partir do terceiro trimestre e chegar ao fim do ano com nível de
atividade próximo ao registrado antes da pandemia. Embora a quarente-
na tenha afetado os negócios do grupo, dono das marcas Deca, Hydra, Du-
rafloor, Ceusa e Portinari, os volumes de pedidos estão “menos piores”
do que o imaginado. Além disso, há perspectiva de aumento do consumo
nos próximos meses. Com as pessoas passando mais tempo dentro de ca-
sa e a tendência de manutenção do trabalho remoto no pós-pandemia, é
de se esperar que os consumidores queiram melhorar o lugar em que vi-
vem, segundo o presidente da Duratex, Antônio Joaquim de Oliveira.


E


m meio a tanta notícia ruim pa-
ra o setor do varejo, as últimas
semanas ofereceram alguns fa-
tos marcantes. Confira:
l O patrimônio pessoal do presiden-
te da grande campeã mundial do co-
mércio online, Jeff Bezos, da Amazon,
deve alcançar US$ 1 trilhão em 2026,
conforme avaliação publicada pela
consultoria americana Comparison.
l Aqui no Brasil, em pouco mais de
dois meses de pandemia, foram cria-
das mais de 107 mil lojas virtuais, um
jeito de compensar as perdas do varejo
convencional, informa a manchete do
Estadão da sexta-feira passada.
l Graças a seu pioneirismo no seg-
mento de comércio digital, no dia 26
de maio, o valor de mercado do Magazi-
ne Luiza ultrapassou os R$ 100 bi-
lhões. A Via Varejo, que segue na mes-
ma trilha, também passou a ser um dos
papéis mais atrativos da Bolsa.
Ou seja, não é só prostração que se
vê no comércio. O isolamento social
compulsório empurrou o consumidor
para as compras online e os lojistas
acordaram não só para a necessidade
de abrir essa janela para seus negócios,
mas também para a possibilidade de
redução drástica de custos fixos: o co-
mércio online permite a centralização
dos estoques em poucas unidades, na
medida em que transforma as lojas em
showrooms; diminui a necessidade de
vendedores; e possibilita a redução da
área de vendas, o que, por sua vez, deve
baixar os aluguéis, o consumo de ener-
gia, o custo com segurança e por aí vai.
Maurício Salvador, presidente da As-
sociação Brasileira de Comércio Ele-
trônico (Abcomm), observa que, antes
da pandemia, a média de pedidos de co-
merciantes para fazer parte da entidade
era de 10 por dia. Hoje, já são 30 por dia.
O consumidor, que antes demonstra-
va certa resistência à modalidade, seja
por simples falta de hábito, seja por te-
mer fraudes com seu cartão, parece ter
entendido que não precisa bater perna
para pesquisar preço e que tudo pode
ficar mais fácil com alguns cliques no
computador ou mesmo no celular.
Na correria para entrar no mundo
digital, lojistas também recorreram a
soluções mais rápidas, como a de ven-
das por WhatsApp. “Aplicativos de
mensagens são a forma mais simplifica-
da de e-commerce, embora não te-
nham o mesmo alcance, porque o ven-
dedor se restringe à própria base de
clientes e não explora o que o e-com-
merce tem de melhor pra oferecer, que
é catálogo”, diz Maurício Salvador.
Marcos Gouvêa, diretor-geral do
Grupo GS& Gouvêa de Souza, prevê
que, uma vez suspenso o confinamen-

to, o consumidor ficará mais exigente
porque aprendeu a comparar preços
online e, como passa por grande aper-
to de orçamento, ficará mais cauteloso
com situações em que antes se deixava
levar por impulso. Os produtores, por
sua vez, parecem ter entendido que
não precisam abrir lojas físicas para
atrair o consumidor final. “Têm ape-
nas de fazer bom uso dos canais digi-
tais”, explica Gouvêa.
Mas as coisas não caminham apenas
para modalidades comerciais polariza-
das, tipo puro-sangue, digamos assim.
Ganha corpo também a modalidade de
mestiçagem. Trata-se do phygital, cons-
trução vocabular do inglês que designa
a mistura entre os mundos físico e digi-
tal. No phygital, o cliente pode realizar
uma compra online e buscar o produto
na loja ou vice-versa. Esse hibridismo
mostra que é um erro apostar no desa-
parecimento das lojas físicas. O comér-
cio convencional ainda mantém sua
força porque, observa Gouvêa, quando
saem às compras, muitos consumido-
res ainda valorizam o “olho no olho”.
Nesse contato mais próximo, as lojas
continuarão a oferecer vantagens so-
bre vendas “commoditizadas”, como
aulas de culinária em supermercados
ou combinação de tecnologias de reali-
dade virtual ou aumentada para simu-
lar cenários.
O comércio tradicional deve, tam-
bém, acelerar a tendência de operar a
partir de minicentros de distribuição,
afirma o presidente da Sociedade Brasi-
leira de Varejo e Consumo (SBVC),
Eduardo Terra. “Teremos menos lojas
nas ruas, menor adensamento comer-
cial e maior capilaridade, com mais dis-
tribuição de pontos físicos”. Nesse sen-
tido, o setor deverá encontrar um pon-
to de equilíbrio que concilie os dois ti-
pos de comércio. “Existe hoje exagero
no número de lojas físicas, mas o vare-
jo digital também precisa contar com
doses adequadas de lojas físicas para
existir.” / COM GUILHERME GUERRA

»Ame-a ou deixe-a. Para Oliveira,
a tendência deve se traduzir em au-
mento dos gastos da população das
classes A e B (menos afetadas pela
crise) com materiais de construção
para pequenas reformas, móveis e
itens de decoração.


»De volta. A Duratex chegou a fe-
char fábricas no fim de março, mas
elas voltaram à atividade algumas
semanas depois. Atualmente, todas
estão funcionando, embora com ní-
veis diferentes de atividade. A divi-
são Deca (louças e metais) está ope-
rando a 100%, enquanto madeira e
cerâmicos está entre 60% e 70%.


»Socorro. A Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) deve votar
a proposta para regulamentar o em-
préstimo bilionário de socorro ao
setor elétrico na sexta-feira, 12. A
ideia é convocar reunião extraordi-
nária para discutir o tema. Ao longo


da semana, o órgão regulador pre-
tende analisar todas as 404 contri-
buições que 82 instituições apresen-
taram durante a consulta pública.

»Demanda. A Associação Brasileira
da Infraestrutura e Indústrias de
Base (Abdib) tenta reverter no Pla-
nalto trecho de um projeto de lei
aprovado pelo Congresso, responsá-
vel por instituir normas transitórias
para as relações contratuais priva-
das na pandemia. A entidade enviou
carta ao presidente Jair Bolsonaro
para pedir que ele vete artigo do PL
que acaba por limitar a revisão dos
contratos, na visão da Abdib.

»De fora. O texto que desagradou
ao setor define que aumento da in-
flação, variação cambial, desvaloriza-
ção ou substituição do padrão mo-
netário não podem ser considera-
dos como fatos “imprevisíveis” para
que se faça uma correção de valores
no contrato, por exemplo.

»Vem aí. O Banco Inter quer lan-
çar ainda este ano dois fundos de
investimentos imobiliários (FIIs). A
novidade é que eles terão gestão
passiva, isto é, os ativos dentro das
futuras carteiras vão espelhar índi-
ces de fundos imobiliários que já
fazem uma segmentação do merca-

do. Ao comprar a cota, o investidor
leva uma coleção de outras cotas de
segmentos específicos. A iniciativa é
inédita no mercado de FIIs, mas bas-
tante comum com ações.

»Insumo. As distribuidoras de resi-
nas e plásticos, setor que fatura cer-
ca de R$ 4,5 bilhões por ano, tive-
ram queda de mais de 40% nas ven-
das em abril, com relação ao mês
anterior. Conforme a Associação Bra-
sileira dos Distribuidores de Resinas
Plásticas e Afins (Adirplast), a maior
redução foi de plásticos de engenha-
ria, usados principalmente na indús-
tria automobilística e de eletroele-
trônicos. A estimativa preliminar
para maio é de queda de pelo menos
mais 35% ante abril. A área espera
recuperação no segundo semestre,
mas insuficiente para recuperar as
perdas da pandemia.

»Dim dim. Fintechs e grupos empre-
sariais têm visto os fundos como
uma maneira de se capitalizarem e
atravessarem esse momento de difi-
culdade. Motivo: gestores conti-
nuam perseguindo retornos maiores
com a diversificação de investimen-
tos, frente aos cortes da taxa Selic.
Segundo a administradora de fun-
dos BRL Trust, a busca por estrutu-
ração de fundos alternativos (fun-
dos de investimento em recebíveis,
imobiliários e de investimento em
participações) tem se mantido ativa
na crise, e a expectativa é de que o
ritmo perdure até o fim do ano.

»Fila. A casa, que tem a maior par-
te dos R$ 96 bilhões em ativos sob
gestão em fundos de investimento
em participações (FIP), tem manda-
to para estruturar 70 outros fundos
até o fim do ano. Há tendência de
crescimento dos de infraestrutura.

»Potencial. Até maio, os fundos
alternativos somavam R$ 628 bi-
lhões, de acordo a Anbima. O dire-
tor da BRL Trust, Danilo Barbieri,
diz que, com a necessidade de remu-
nerar recursos no ambiente de juros
baixos, os fundos alternativos conti-
nuarão se destacando e podem che-
gar a somar R$ 1 trilhão em capta-
ções em dois a três anos.

CIRCE BONATELLI, CYNTHIA DECLOEDT,
ANNE WARTH, AMANDA PUPO E
CRISTIANE BARBIERI

CELSO


MING


Yara Brasil troca de presidente


O presidente da Yara Brasil,
Lair Hanzen, passa a respon-
der por Américas, e quem o
substitui no País é o norue-
guês Olaf Hektoen.


»Lacoste. Chega como CEO
Latam Pedro Zannoni, ex-pre-
sidente da Asics para a região.


»Mercedes-Benz. O novo di-


retor de exportações de cami-
nhões e ônibus para a Améri-
ca Latina é Jens Oliver Bur-
ger, brasileiro que estava na
Mitsubishi Fuso, em Tóquio.

»XP. Para co-head de deriva-
tivos da Tesouraria chega Leo-
nardo Cardoso (ex-Credit
Suisse). Já Vinicius Madeira
(ex-Genial Investimentos)
entra para liderar a área de
Wealth Services.

»Planner. O head da correto-
ra é Alan Gandelman (ex-
Belvedere, Goldman Sachs,
Bear Sterns).

»Mercado Eletrônico. Entra
para CFO Marcos Ferreira
Barros (ex-Samsung, Ameri-
can Tower e McKinsey).

»PareBem. Para CFO foi
nomeado Caio Osser (do
Pátria), e para head comercial

foi contratado Felipe Antunes
(ex-ZX Ventures).

»Nuvemshop. Tatiana Rezen-
de (ex-Safe+Fair) ingressa
como CFO da plataforma
de e-commerce.

»Óticas Carol. Silvina
Mirabella torna-se general
manager do Varejo Luxottica
no Brasil, incluindo as
redes Sunglass Hut, Oakley

e Ray-Ban.

»Boehringer Ingelheim. A
liderança de digital no Brasil
está com Germano Duarte,
vindo da Sanofi.

»Acordo Certo. A fintech
contratou para CMO Thales
Becker (ex-Creditoo/Creditas).

»Xerpa. A CFO Natalia Lima
veio da Pimco.

O grande avanço do


comércio eletrônico


| LUANA PAVANI | E-MAIL: [email protected]

coluna do


● Vendas do comércio eletrônico

FONTE:EBIT/NIELSEN INFOGRÁFICO/ESTADÃO

EM BILHÕES DE REAIS

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

28,

35,

41,344,

47,

53,

61,

BOAS NOVAS

Duratex espera retomar


nível de produção este ano


E-MAIL: [email protected]

LOURIVAL SANT'ANNA/ESTADÃO-8/4/

DURATEX-18/4/

KILIAN MUNCH

NILTON CARDIN-6/7/
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