História em Foco Especial - Edição 13 (2018)

(Antfer) #1

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vro que não existe nenhuma conexão entre elas.
Na verdade, essa ideia (remetida ao apóstolo Paulo
de Tarso) foi propagada e defendida contra outra
vertente do Cristianismo que considerava Maria
Madalena uma mulher desbravadora, em sua busca
interior ao lado de Jesus, alguém que queria se co-
locar em contato com Deus. Em lugares como Áfri-
ca e Egito ela chegou a ser reverenciada e entendi-
da como espiritualmente superior aos homens que
cercavam Cristo. Roma, por sua vez, levou 1400
anos para reconhecer o erro de ter associado à
imagem de prostituta, ainda que muitos mistérios
sobre a figura feminina mais citada nos evangelhos
continue sendo mantidos em segredo.
É fato que muitas lendas se espalharam sobre
qual seria a origem da chamada Maria de Magdala:
ela já foi mulher abandonada por seu esposo, um
soldado romano com quem decidiu fugir, e cuja de-
cepção a tornou prostituta. Arrependida, rendeu-
-se aos ensinamentos de Cristo; noiva de João
Evangelhista, que ao presenciar o primeiro milagre
do profeta – transformar água em vinho – decidiu
abrir mão de tudo para seguí-lo. De acordo com a

lenda, Maria só teria optado pelo mesmo destino
muito tempo depois; e já foi uma aristocrata, que
teria herdado um castelo na região de Magdala,
mas optou pela resignação para seguir Jesus.
Uma pista sobre suas origens está no próprio
nome: Maria de Magdala seria o mesmo que Maria
nascida em Magdala, que era uma vila de pescado-
res localizada próxima ao Mar da Galileia que, por
sua vez, estava a 10km de Cafarnaum, cidade em
que o Messias passou a vida adulta.
Maria Madalena tem seu nome citado 17 vezes
na Bíblia – e, como vimos, outras tantas nos textos
apócrifos, em sua maioria descobertos em 1945, em
Nag Hammadi, no Egito. No Evangelho de Tomé,
outro apócrifo, é mencionada pelo apóstolo Pe-
dro que, ao se referir a ela, diz: “Maria tem de nos
deixar, pois as mulheres não são dignas de viver”.
Outra passagem importante está no Evangelho
de de Filipe, que cita Maria duas vezes, inclusive
se referindo às três mulheres mais importantes na
vida de Cristo: “Três mulheres sempre caminhavam
com o Senhor: Maria, sua mãe, sua irmã, e Maria de
Magdala, que é chamada de sua companheira. Pois
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