História em Foco Especial - Edição 13 (2018)

(Antfer) #1

‘Maria’ é o nome de sua irmã, de sua mãe e de sua
companheira”, diz. Poderíamos considerar esta uma
pista convincente sobre sua verdadeira identidade,
ou seja, como mulher de Jesus. No entanto, a palavra
“companheira” foi traduzida do termo grego “koino-
nôs”, que poderia ter o significado de esposa, mas
era comumente utilizado para se referir a pessoas
que simplesmente compartilhavam algo entre si.


Seu lugar por direito
Nos manuscritos apócrifos, Jesus e Maria Mada-
lena apareciam como indivíduos que compartilha-
vam conhecimentos entre si: em uma passagem, se
diz que Cristo “a beijava na boca”, no entanto, esse


era o gesto que, para os gnósticos, tratava-se do ato
de transmitir sabedoria, e não de um envolvimento
sexual. Na teologia gnóstica, a distinção hierarqui-
ca entre homens e mulheres não acontecia, assim
como não era compartilhada a ideia de que o mal
é fruto do pecado original – pregada até hoje pelos
católicos – mas sim da ignorância. Quando Michael
Haag refere-se à Maria Madalena como ícone fe-
minista trata-se justamente desse contexto. Isso
porque, se a corrente gnóstica tivesse sido aceita
e se consolidado, a mulher seria representada pela
Igreja de maneira bem diferente e teria outro papel
no Cristianismo, em sentido contrário à submis-
são que prega em seu evangelho o apóstolo Paulo, GETTY IMAGES
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