O Dia (2020-09-17)

(Antfer) #1

2 QUINTA-FEIRA, 17. 9. 2020 I O DIA


O vereador
Átila Nunes
encaminhou
represen-
tação ao
MP pedindo
que seja
instaurada
ação penal
contra o
prefeito
Crivella”

Sidney Rezende


A


eleição municipal do Rio está sob o mesmo guarda-
chuva da sucessão presidencial de 2022. O presidente
Jair Bolsonaro tem se esforçado para consolidar o
seu projeto pessoal de poder junto a sua base. Os índices de
popularidade do presidente são maiores do que se poderia
supor depois de provocar a ira daqueles que esperavam dele
outro comportamento durante a pandemia.
Bolsonaro jogou no colo dos outros a responsabilidade
de resolver o problema. Ajudou a defenestrar o governa-
dor Witzel, seu inimigo. O clã Bolsonaro está mais tranquilo
agora com o superintendente da Polícia Federal, a troca
do secretário de Polícia Civil e com as mudanças no quadro
de investigação do caso Marielle. Faltam pouco mais de cem
dias para o fim do governo Crivella. Para que um impeach-
ment, já que sua eficácia seria nula nessa altura do campeo-
nato? O vereador Átila Nunes encaminhou representação
ao Ministério Público pedindo que seja instaurada ação
penal, ao mesmo tempo em que propõe o afastamento do
prefeito Marcelo Crivella do cargo, a exemplo do que ocorreu
com Wilson Witzel. Segundo ele, o Artigo 113 da Lei Orgânica
dos Municípios estabelece essa opção no 1º parágrafo: “O
prefeito ficará suspenso de suas funções (...) nas infrações
penais comuns, se recebida a denúncia de queixa-crime
pelo Tribunal de Justiça do Estado”. Diz ele que as denúncias
que levaram ao afastamento de Witzel pelo STJ são seme-
lhantes às que agora estão sendo investigadas pelo MPRJ.

JOGO DA ELEIÇÃO


Movimentos

de Bolsonaro

no Rio

N (^) Sondagem do Instituto
Fecomércio pesquisou que
37,5% dos entrevistados afir-
maram que os gastos com
bens duráveis irão se manter,
33,6% pretendem diminuir
e 28,9% devem aumentar as
compras desses itens.
InformedoDia
N (^) Nos corredores do Palácio
Pedro Ernesto, são grandes
as apostas de que este seja o
último ano da dinastia do ve-
reador Jorge Felippe no co-
mando da Casa. Ele conquis-
tou o poder em 2009 e man-
tém o controle até hoje. A
turma, agora, quer dar uma
aposentadoria compulsória.
O nome mais cotado para as-
sumir o trono é o “príncipe”
Carlo Caiado, do DEM.
DE OLHO NO
FUTURO DA
CÂMARA
ALAN SANTOS/PR
Presidente Jair Bolsonaro faz voto útil em Crivella. Por enquanto
Vereador Jorge Felippe
DIVULGAÇÃO
CONSUMO DOS
FLUMINENSES
PICADINHO
Incentivo à leitura para crianças é tema de live da Caravana da
Leitura e do Autor Fluminense pelo Facebook, dos dias 23 a 25.
Doze jovens do Degase vão participar de cursos de gestão
empresarial e tecnologia da informação.
Setembro Amarelo: até o dia 30 deste mês, fachada do Shopping
Rio Sul terá iluminação na cor amarela.
DE OLHO NO VICE PENDURADO
N (^) Ex-secretário de obras de Duque de Caxias, João Carlos
Grilo Carletti foi aprovado como vice-prefeito de Washin-
gton Reis. Só tem um problema: o nome dele está na lista
dos gestores com contas julgadas irregulares do TCE/RJ.
BURACO DE
DINHEIRO
PÚBLICO
O Tribunal de Con-
tas do Estado do
Rio de Janeiro sus-
pendeu licitação
para contratação
de asfalto para
operação Tapa Bu-
racos em Belford
Roxo no valor de
R$ 13,3 milhões.
Um sobrepreço na
ordem de R$ 1,
milhão.
SABRINA PIRRHO
Com participação de:
N e-mail: [email protected] N http://www. odia.ig.com.br/colunas/informe-do-dia
N (^) Por que não colocam
uma quantidade de BRT
suficiente para atender a
população? Não importa o
valor da passagem quando
se tem um transporte de
qualidade! Agora se não tem
nem condições de entrar, sem
ar condicionado, aumento
no intervalo e redução na
frota, fica difícil querer
cobrar algo da população
BRT: transporte
inadequado
que infelizmente depende
exclusivamente do BRT.



Juliete Silva
Facebook
Falta de energia
N (^) Estou há três dias com a luz
desligada indevidamente,
todas as contas pagas e
nenhum atendente disponível!
A Light só responde a
solicitação do cliente quando
abrimos processo judicial.
Maria Calixto
Facebook
CONEXÃO LEITOR
O DIA Rua dos Inválidos 198 / 2º andar, Lapa CEP - 20.231-048 RJ.
E-mail: [email protected] ou [email protected]. O leitor deve enviar
nome completo, endereço e telefone. WhatsApp do DIA: 98762-
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Comorbidade aumenta
em 5,5 vezes as chances
de casos graves de
covid-19 em crianças
BRASIL
do 503, e ameaçou avançar sobre o rapaz. Espremido
entre o PM Luiz e a mulher do motorista de aplicativo,
esta por sua vez com um cachorro no colo, tipo pequi-
nês, que deu também de latir, o rapaz nem pegou a
gorjeta. Vazou da cena do crime.
A pandemia aflorou solidões e desavenças. A senhora
do 502 vivia só, mas a filha voltou a morar com ela na
quarentena. E discutem por qualquer coisa. O ponto da
carne, a toalha de banho molhada na cama, a hora de
chegar em casa. Os vizinhos já estão acostumados com
a troca de amabilidades. Algumas vezes, pelo temor de
que fossem às vias de fato, algum vizinho gritava da ja-
nela que iria chamar a polícia
se não parassem. Aí os âni-
mos serenavam, e a vida reto-
mava seu curso. Dessa vez, o
rapaz do 502 discou 190.
O PM Luiz poderia meter
um Artigo 42 da Lei das Con-
travenções Penais (perturbação da ordem) na turma,
mas já estava na hora da dobradinha e, afinal, ele tinha
um sorriso debochado mas não era má pessoa. Pediu
que todos se acalmassem e voltassem às suas casas,
deu testemunho de que a pandemia deixava muita
gente estressada e até deprimida, e que reações intem-
pestivas eram naturais. Lembrou ainda que talvez não
fosse boa ideia levar todo mundo pra delegacia na hora
do almoço. Uma sessão de terapia em grupo no corre-
dor. Deu aula de etiqueta o PM Luiz.
Tudo voltou ao novo normal na vizinhança. Como
gostava de pontuar o saudoso jornalista Celso de Castro
Barbosa, de tédio é que não morro. Nem na pandemia.
Alexandre Medeiros
Uma aula de etiqueta
D
eu polícia aqui no prédio. Chegava eu da valoro-
sa caminhada de 8,8 quilômetros, e dei de cara
com o PM Luiz, figura conhecida aqui na área.
Ele tem um sorriso debochado, menos por convicção
do que por desídia, mas nem essa peculiaridade ele
ostentava diante da situação. Seu semblante era
quase de súplica. Fora chamado para apartar uma
discussão de vizinhos. Cada um gritava mais alto que
o outro, e fiz o que qualquer pessoa sensata faria:
pedi licença, tranquei a porta de casa e fiquei espian-
do o espetáculo pelo olho mágico.
Difícil saber quem tinha razão, se é que alguém tinha.
Cercado pelos vizinhos, o PM
Luiz só pedia calma e ten-
tava encerrar a pendenga a
tempo de pegar o almoço
de cortesia no boteco do Zé
Bigode, aquela dobradinha
no jeito. Mas não ia ser fácil.
“Ela já tentou matar a mãe várias vezes”, dizia, um tanto
dramático, o rapaz do 501, motorista de aplicativo. “Seu
mentiroso, nunca nem bati na minha mãe”, retrucava
a filha da mãe citada, moradora do 502. A vizinha do
503 abriu a porta: “Não é gritando que as coisas vão se
resolver”, disse, aos gritos, e seu cachorro começou a la-
tir, fazendo com que todos gritassem ainda mais. “Vou
chamar a polícia”, gritou alguém lá do quarto andar. “Já
tá aqui”, respondeu, lá do térreo, o porteiro.
Foi nessa conjuntura que o rapaz que entrega o
peixe da semana aqui em casa adentrou o corredor.
O cachorro do 503 não é muito afeito a entregadores,
ou melhor, a seres humanos que não sejam a vizinha
POR AÍ
Pediu que todos se acalmassem
e voltassem às suas casas, deu
testemunho de que a pandemia
deixava muita gente estressada


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