Época - Edição 1158 (2020-09-21)

(Antfer) #1
tragédiatambémpodedependerda perícia
(ou imperícia)da “tripulação”.

E


não épossíveldizerque os “tripulantes”
não podiamimaginarque algo assimpu-
desseacontecer.ÉPOCA analisounotastéc-
nicaseboletins meteorológicos produzidos
peloCentro Nacional de Monitoramentoe
Alertas de DesastresNaturais (Cemaden)e
pelo Centro de Previsãode TempoeEstudos
Climáticosdo Inpe (CPTEC)ao longodeste
ano econstatou que, pelo menosdesdeabril,
os doisórgãosfederaisjá haviamproduzido
dadosque indicavam que aestiagemeas
temperaturasno Pantanal poderiamser seve-
ras no trimestreentre junho,julhoeagosto,
início da temporadade fogona região.
Mesmocomtodasessas informaçõesà
disposição,oIbama só lançouoeditalpara
contratar brigadistas em junhoesótermi-
nouoprocessoseletivono finalde julho,

quandoos incêndiosjá haviamdestruído
centenas de milhares de hectareseestavam
praticamente fora de controle.
“Quandovocêtem os brigadistas mais
cedo,eles conseguem fazeraçõespreventi-
vas. Neste ano,não tivemostempo parafa-
zer isso”,afirmouoanalistaambiental do
Ibamaem MatoGrossodo Sul Alexandre
Pereira.Aregião de Corumbáconta com
apenas30 homensdo instituto.Emnota,o
Ibamadisseque oservidorresponsável pe-
lo atrasofoi substituído.
Ogoverno aindacortou parte das verbas
destinadas ao combate aincêndios flores-
tais.Os orçamentos das duasprincipais
açõescaíram30%—deR$83milhõesem
2019 paraR$ 57 milhões em 2020.Além
disso,técnicoscomdécadasde experiên-
ciaforam afastadosde postos-chaves, dan-
do lugaramilitares ecivis compouca ou
nenhuma experiêncianessaárea.

Mesmo sabendoda criseem potencial,
oIbamaatrasou-sena contrataçãode
brigadistasque poderiamter minimizado
os impactosdas queimadasna região

PERSONAGEMDASEMANA

APolícia Federal suspeita
que as queimadasforam
impulsionadas por ações
criminosas de fazendeiros

MANDAPEROBELLI/REUTERS

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