O Dia (2020-10-15)

(Antfer) #1

RIO DE JANEIRO


Estado garante que alunos serão

aprovados automaticamente

Dia 22 de dezembro será o fim do ano letivo. Bloco único é chamado de ‘Ciclo de Aprendizagem’


MARCIA COSTA / DIVULGAÇÃO

Escola estadual na Zona Oeste: rede de ensino em 2020 não terá ano dividido por bimestre, mas por um único bloco, que começou em fevereiro

A


terceira resolução
da Secretaria de
Estado de Educa-
ção (Seeduc) foi
publicada no Diário Ofi-
cial de ontem. Entre outras
informações importantes,
ela revela que o ano letivo
de 2020 não será dividido
por bimestre e sim por um
único bloco chamado de
‘Ciclo de Aprendizagem’,
que teve início em feverei-
ro e terminará em dezem-
bro. Também foi informa-
do na publicação que os
alunos que participarem
do processo avaliativo não
deverão ser reprovados, in-
dependentemente do valor
de suas notas.
No ‘Ciclo de Aprendiza-
gem’, os alunos serão avalia-
dos com apenas uma nota,
de 0 a 10, por matéria, consi-
derando as atividades reali-
zadas ao longo do ano letivo,
sejam aulas presenciais, no
Google Classroom, videoau-
las, ou por meio das apostilas.
“Os professores terão au-
tonomia para avaliar seus
alunos, levando em consi-
deração tudo o que o jovem
estudou e teve acesso em


  1. Mas, em um ano atí-
    pico como esse, não há pos-
    sibilidade de reprovação.
    Em 2021, com o retorno to-
    tal das aulas presenciais,
    será feito um diagnóstico
    com cada aluno, para que
    seja possível estabelecer
    um itinerário pedagógico
    e corrigir o déficit nas dis-
    ciplinas principais”, disse
    o secretário de Educação,
    Comte Bittencourt.


MONITORAMENTO
Para isso acontecer, as

> Por outro lado, uma
professora das redes mu-
nicipal e estadual, que
não quis ser identifica-
da, afirma que a decisão
afeta os alunos porque a
adesão foi “baixa”. “Acho
isso muito complicado
porque na verdade neste
ano a gente não deveria
falar em aprovação nem
reprovação. Passar os
alunos automaticamen-
te é ratificar mais ainda
a desigualdade social
e a diferença que hou-
ve em relação à imple-
mentação dessas aulas
remotas”, disse. “Ensino
requer interação, res-
posta. Na rede estadual
apenas 11% dos estudan-
tes inicialmente tiveram
acesso à plataforma”,
completou.
Para a profissional,
não houve um ciclo de
aprendizagem este ano.
Ela também questiona
a maneira como a apro-
vação será feita. “Falar
em aprovação, eu acho
uma grande aberração
porque sabemos que na
maioria das escolas esta-
duais não houve proces-
so de ensino e aprendiza-
gem. Então, como você
aprova alguém se não
proporcionou um pro-
cesso de aprendizagem
para aquela pessoa?”,
indagou.

Professora diz


que adesão


foi baixa


unidades escolares deve-
rão monitorar a participa-
ção dos alunos no ensino
remoto ou presencial, au-
mentando a atenção para
os estudantes em situa-
ção de potencial abando-
no, que é o caso dos jovens
que não frequentaram o
ano letivo presencial no
início das aulas, não tive-
ram acesso ao ensino re-
moto e não retornaram às
atividades presenciais. As
escolas estarão focadas em
restabelecer o vínculo com

esses estudantes até 22 de
dezembro, data do último
dia do ano letivo.
“Estaremos trabalhando
com a política do ‘nenhum
aluno a menos’, em um es-
forço, sem precedentes,
contra a evasão escolar. As
unidades escolares mobili-
zarão todos os recursos dis-
poníveis na comunidade,
no que estamos chamando
de ‘busca ativa’ daqueles
alunos que não apresenta-
ram vínculo com a escola
na maior parte do ano. O

esforço também estará na
articulação com os equipa-
mentos públicos que com-
põem a rede de proteção
social para resgatá-los nes-
se ano e no próximo”, afir-
mou Bittencourt.
A Secretaria de Educa-
ção tem previsão de colocar
em prática, ano que vem, o
chamado ‘Continuum Es-
colar’, que prevê atividades
extras, incluindo remotas,
dobrando o conteúdo para
dar conta do que foi perdi-
do durante a pandemia.

Estaremos
trabalhando com a
política do ‘nenhum
aluno a menos’, em
um esforço, sem
precedentes, contra
a evasão escolar”
COMTE BITTENCOURT,
secretário de Educação

DPU pede ao Banco Central suspensão da


confecção e circulação das notas de R$ 200


De acordo com Ação Civil Pública ingressada pela Defensoria, cédulas não cumprem regras de acessibilidade


RAPHAEL RIBEIRO/BCB

Nota de R$ 200, de tamanho igual a de R$ 20: desafio na identificação pela comunidade de pessoas cegas

A Defensoria Pública da
União (DPU) entrou com
uma Ação Civil Pública na
Justiça para que o Banco
Central (BC) suspenda a con-
fecção e circulação das notas
de R$ 200. De acordo com
a ação, a nova cédula não
cumpre as regras de acessi-
bilidade, já que tem o mesmo
tamanho da nota de R$ 20.
No texto, a DPU afirma que
foi levantado o questiona-
mento pela comunidade de
pessoas cegas e com baixa vi-
são, que representa cerca de 7
milhões de pessoas no Brasil.
Para elas, a produção da nova
cédula com dimensões iguais à
de R$ 20 apresenta um desafio
na identificação da nota.
“A inclusão da cédula que
não segue o padrão de dife-
renciação no tamanho con-
figura um retrocesso no que
diz respeito aos direitos da
mencionada parcela da po-
pulação, indo contra a Con-
venção Internacional Sobre
Direitos das Pessoas com De-
ficiência e a Lei Brasileira de
Inclusão”, afirma o texto.
No dia 3 de setembro, a Or-


ganização Nacional de Cegos
do Brasil havia publicado um
Manifesto Público, pedindo
providências. Nele, apontou
as consequências das dimen-
sões da cédula de R$ 200 para
a utilização dos deficientes
visuais e requereu do BC es-
clarecimentos quanto à ra-
zão da medida, a adoção de
meios adequados para a aces-

sibilidade na cédula, a abertu-
ra de canais permanentes de
diálogo e construção coletiva
do Banco Central com o seg-
mento de pessoas com defi-
ciência e a consideração da di-
versidade humana. Na mesma
linha se expressou o Conselho
Nacional dos Direitos da Pes-
soa com Deficiência com um
ofício contra a nova cédula.

A ação foi protocolada no
dia 9 e assinada em conjunto
com a Defensoria Pública do
Distrito Federal e com a Or-
ganização Nacional de Cegos
do Brasil. O texto pede que as
notas que serão produzidas
respeitem as regras de aces-
sibilidade. A medida prevê
multa de R$ 50 mil por dia
em caso de descumprimento.

MARINA CARDOSO
[email protected]


Pagamento


é feito com

oito notas

falsas

Um homem recebeu pa-
gamento com oito notas
falsas de R$ 200 ao ven-
der refletores em Cama-
ragibe, no Grande Recife
(PE). O administrador, de
60 anos, procurou a Po-
lícia Federal para fazer a
denúncia e entregar o di-
nheiro falso. Segundo a
PF, ele só percebeu que as
cédulas não eram verda-
deiras quando reparou na
sua numeração, que se re-
petia. As informações são
do portal “G1”.
Na denúncia à Polícia
Federal, o administra-
dor apresentou histórico
de trocas de mensagens
negociando 11 refletores
metálicos de 400 watts. A
compradora demonstrou
interesse e foi até a casa
da vítima efetuar o pa-
gamento, no valor de R$
1.600, que ela fez utilizan-
do as notas falsas.
O dinheiro falso foi en-
tregue à polícia no dia 2 de
outubro. Até o momento,
a suspeita não foi locali-
zada e um inquérito foi
aberto para responsabili-
zar os envolvidos.

TAMANHO

N (^) Procurado pelo O DIA, o BC
informou que não comenta
ações judiciais específicas.
A instituição explicou que,
quanto à cédula de R$ 200
existem tamanhos diferen-
ciados como elemento de
identificação por pessoas
com deficiência visual e que
pressupõe um gabarito com
os diversos tamanhos mar-
cados, para a comparação.
Conforme o BC, como
o dispositivo nem sempre
está acessível a todas as
pessoas com deficiência vi-
sual, a marca tátil foi defi-
nida como elemento essen-
cial de acessibilidade nas
cédulas, não demandando
o uso de acessórios. Para o
BC, o tamanho diferenciado
é característica auxiliar.
A marca tátil é represen-
tada por barras com relevo
pronunciado, no canto in-
ferior direito da frente para
facilitar a memorização.
BC destaca a
marca tátil
O DIA I QUINTA-FEIRA, 15. 10. 2020 3

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