broadcast de olho nas ações - Ambev deve ter recuperação no curto
prazo, mas futuro preocupa
Banco Central do Brasil
O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sábado, 17 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Renato Carvalho
O relaxamento das restrições sociais na maioria das
cidades brasileiras deve impulsionar os volumes de
vendas de bebidas pela Ambev - e o resultado deve ser
percebido já no terceiro trimestre. No entanto, os
analistas de mercado mostram cautela em relação à
cervejaria quando olham mais para frente,
principalmente por conta da concorrência acirrada, que
limita o espaço para aumentar os preços e o lucro.
Este é o cenário traçado por Regis Chinchila, analista
da Terra Investimentos. "Durante o terceiro trimestre,
diversas regiões afrouxaram o isolamento social,
começando a abrir bares e restaurantes", diz. Com isso,
o aumento nas vendas da Ambev foi de 8,2% no
acumulado do ano até agosto.
No entanto, após o primeiro momento de retomada, a
percepção sobre a empresa deve voltar a piorar. "Daqui
um ano, a ação não deve mais se tornar tão atrativa
devido à concorrência e às margens estreitas, que vêm
caindo há alguns anos", afirma Chinchila.
Para Luciana de Carvalho, do Banco do Brasil
Investimentos (BB-BI), a alta acumulada da ação em
outubro (de aproximadamente 6%) se deve
principalmente à recuperação dos volumes e ao fato de
o valor da ação ter se tornado atrativo para os
investidores. "No entanto, em termos de fundamentos
para o setor, preferimos aguardar o comportamento do
consumidor com a maior flexibilização, principalmente
no quarto trimestre, para termos maior visibilidade no
que diz respeito a volume e fazer as devidas alterações
em nossas estimativas e recomendação", diz ela. A
recomendação do BB-BI para o papel é de manutenção.
Na visão de Pedro Serra, gerente de Research da Ativa
Investimentos, o auxílio emergencial ajudou a
impulsionar a demanda por cerveja, o que traz boas
perspectivas de curto prazo para a Ambev. "Contudo,
reiteramos que o longo prazo ainda é desafiador para a
gigante brasileira, haja vista a deterioração da renda
disponível das famílias após o fim do auxílio
emergencial e, consequentemente, do consumo, bem
como o crescimento acelerado das concorrentes",
afirma.
O mesmo auxílio emergencial que ajudou a Ambev
pode prejudicá-la no médio prazo, de acordo com o
analista do Daycoval Investimentos, Enrico Cozzolino:
preços subindo a ladeira por conta do crescimento da
renda. Com a comida mais cara, sobra menos dinheiro
para a cervejinha. "A alta da inflação em alimentos
adiciona certo risco, já que eleva a cautela da empresa
em repassar preços, e pode trazer certa desvantagem
em relação aos concorrentes", diz.
Em relação às carteiras recomendadas, o maior número
de alterações para a próxima semana foi feita pela
Mirae Asset, que manteve somente Gerdau PN.
Entraram na lista CCR ON, Magazine Luiza ON,
Randon PN e Weg ON.