Exame - Portugal - Edição 439 (2020-11)

(Antfer) #1
NOVEMBRO 2020. EXAME. 77

A pensar na fase pós-Covid, a
polémica do momento está cen-
trada no Orçamento do Estado
para o próximo ano, segundo
alguns muito pouco favorável
para o sector empresarial. As
dúvidas que se levantam quan-
to à forma como o Orçamento
previsto para 2021 está a tratar
as empresas nacionais são mui-
tas entre os players do merca-
do empresarial. Por exemplo, o
presidente da AEP – Associação
Empresarial de Portugal, Luís
Miguel Ribeiro, frisou publica-
mente, em meados de outubro,
que “praticamente não há novas
medidas dirigidas às empresas e
algumas propostas são até pena-
lizadoras, ao introduzir instabi-
lidade e maior rigidez na ativi-
dade empresarial. São, por isso,
provocadoras de um elevado de-
sincentivo ao investimento, e, se
forem aprovadas, terão sérias re-
percussões sociais”.


TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
EM ROTA ASCENDENTE
A conjuntura pandémica mos-
trou que as empresas precisam
de se adaptar para sobreviverem
ao novo normal e que o traba-
lho pode ser feito de forma di-
ferente e em qualquer lugar. A
realidade dos últimos meses
trouxe mudanças para as em-
presas, para os trabalhadores e
para os consumidores e ficou
patente que as tecnologias que
os servem estão diferentes e que
no atual panorama a digitaliza-
ção passou de um fator de di-
ferenciação a uma questão de
sobrevivência. A mudança foi
tão impactante que muitas or-
ganizações fizeram em poucos
meses o que, num cenário “nor-
mal”, levariam certamente anos
a implementar. E muitos profis-
sionais do sector acreditam que
o mundo empresarial que se co-
nhecia até aqui não vai regres-
sar durante algum tempo, e, por


isso, as PME deverão adaptar-se
ao trabalho numa nova econo-
mia, mais rápida e com grande
predomínio do digital.
Durante o confinamento, mui-
tas recorreram às diferentes pla-
taformas para acelerar a digita-
lização dos seus negócios, numa
tentativa de sobrevivência. Ou
seja, parece não restar dúvidas
de que a digitalização dos negó-
cios veio para ficar. Um relató-
rio feito nos últimos meses pelo
Facebook, numa parceria com o
Banco Mundial e a OCDE, sobre
o impacto da Covid-19 nas PME,
indicia que, no caso português,
31% das PME têm mais de 25%
das suas vendas online e ainda
que existem sinais de recupe-
ração económica, ainda que li-
geiros: 93% das empresas con-

firmam que estão em atividade
(em maio eram apenas 77%) e
28% afirmam que a falta de di-
nheiro em caixa é um proble-
ma, percentagem que em maio
era de 36%.

ECOMMERCE E SAÚDE
MARCAM PONTOS
As PME que atuam no sector
do e-commerce e da saúde têm
conseguido viver este período
com algum dinamismo. Fruto
das novas necessidades, nunca
como agora se comprou tanto
online nem nunca se criaram
tantas aplicações, produtos e
serviços ligados à saúde e bem-
-estar. Vistas como estratégicas
numa altura em que grande
parte dos negócios físicos fe-
chou portas, as lojas online as-

sumiram-se como a principal
alternativa de continuidade. No
primeiro semestre deste ano,
o desenvolvimento de e-com-
merce com pagamentos online
cresceu 10 vezes, tendo sido o
serviço mais procurado pelas
PME portuguesas clientes da
Páginas Amarelas. A pesquisa
desenvolvida por esta empresa
de marketing digital junto de
uma base de 7500 clientes com
website, de vários sectores de
atividade, revela também que
as atividades económicas que
mais aderiram às lojas online
foram os restaurantes, as far-
mácias e as lojas de roupa, se-
guidas de perto pelas lojas de
material eletrónico, pelos sa-
lões de beleza e pelos mini-
mercados.

MAIS DE 70% DAS PME ESTÃO OTIMISTAS


A Salesforce, empresa tec-
nológica de Customer Re-
lationship Management
(CRM), divulgou em outu-
bro o Salesforce SMB Trends
Report, um relatório focado
nas transformações que as
Pequenas e Médias Empre-
sas (PME) levaram a cabo
para fazer face às altera-
ções de consumo provoca-
das pela crise pandémica.
Apesar das incertezas e ins-
tabilidade 22% das PME em
crescimento afirmam estar
muito otimistas em relação
ao futuro do seu negócio,
enquanto 50% mostram-se
relativamente otimistas.
O Salesforce SMB Trends Re-
port recolheu informações
de mais de 2.300 líderes e
gestores de PME ( a Europa,
América do Norte e do Sul,
e Ásia-Pacífico), o que per-
mitiu constatar que embora

haja otimismo em relação ao
futuro, as três principais li-
mitações de crescimento das
empresas continuam a ser a
manutenção do crescimento
financeiro, a capacidade de
ir ao encontro das expectati-
vas dos clientes, e a possibi-
lidade de atraírem e reterem
o melhor talento.
O relatório revela que três
em cada cinco gestores de
PME em crescimento afir-
mam que as restrições ho-
rárias ou de operação im-
postas pelos governos locais
ameaçam a viabilidade do
negócio (65%).
Perante a incerteza do futu-
ro, 55% dos gestores inquiri-
dos afirmaram que a tecno-
logia é útil para reforçar as
interações com os clientes,
51% utilizam-na no cresci-
mento da sua base comer-
cial. Por outro lado, e em-

bora mais de 65% das PME
em crescimento consultadas
tenham mostrado a sua a in-
tenção de acelerar o investi-
mento em novas tecnologias
devido à pandemia, apenas
uma em cada cinco as im-
plementou no negócio, nos
últimos seis meses.
Já a adoção e escolha das
melhores tecnologias apli-
cadas aos negócios conti-
nuam a obedecer aos mes-
mos critérios, com mais de
70% das empresas a analisar
as tecnologias pela sua sim-
plicidade de utilização, pela
fiabilidade do fornecedor e
pelo preço.
Ainda de acordo com o re-
latório da Salesforce, quase
metade dos líderes de pe-
quenas e médias empresas
em crescimento (49%) está
a investir mais na interação
com os clientes.
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