Exame - Portugal - Edição 439 (2020-11)

(Antfer) #1

Macro



  1. EXAME. NOVEMBRO 2020


nero nas administrações e nas equipas
de liderança é “absolutamente funda-
mental”, Guedes Vaz reclama, no entan-
to, que as empresas façam a sua parte, do
ponto de vista da responsabilidade so-
cial, para permitir às mulheres realizar-se
como queiram, do ponto de vista pessoal
e profissional. “Um exemplo extremo: se
as mulheres da nossa sociedade tivessem
de optar entre uma carreira ou terem fi-
lhos, daqui a 50 anos teríamos uma po-
pulação de seis, sete ou oito milhões, com
mulheres em cargos de gestão mas sem
filhos. (...) As mulheres vão querer, e bem,
ter funções e carreira sem ter de prescin-
dir da outra parte.”


PORTUGUÊS PARA O MUNDO
João Guedes Vaz, com a sua subida dentro
da estrutura da Boyden, junta-se ao leque
de profissionais portugueses escolhidos
nos últimos anos para liderar negócios de
multinacionais no estrangeiro – um mo-
vimento que, além de considerar natural
e importante, diz ser inevitável: “Hoje, há
executivos em Portugal com conhecimen-


to global que há 20 anos não era tão fácil
encontrar. Tem de se investir na forma-
ção desses executivos na sua carreira e dar
oportunidades para que vão sendo expos-
tos cada vez mais a funções de respon-
sabilidade nas organizações.” Para isso,
aponta, será preciso que os próprios esti-
los de liderança se alterem, tornando-se
“menos paternalistas e autocráticos”, em
favor de um processo mais colaborativo e
ao serviço das organizações e das pessoas
que para elas trabalham. “Se fizermos esse
processo, que é moroso, haverá uma dis-

ponibilidade de líderes nas organizações
muito maior.”
Agora, nas novas funções, propõe-se
levar a experiência de mais de duas déca-
das com incursões no estrangeiro e a faci-
lidade para analisar as questões com um
carácter mais global, para ajudar clientes
em todo o mundo e não apenas os locais.
Guedes Vaz define-se como alguém em-
pático, muito tolerante ao erro, que gosta
de conceitos, de pensar à frente e de aju-
dar as pessoas com quem trabalha a evo-
luir através do empowerment. A partir de
Lisboa, quer aproveitar e potenciar o que
a consultora já faz nos vários mercados em
que se encontra.
“Não é ir liderar de forma impositiva
ao nível internacional, mas aproveitar e
alavancar o que já está a ser feito. A mi-
nha forma de liderar, de consultoria, de
projetos, é muito presencial. Mas, nesta
função, será muito mais à distância, co-
laborativa.” Não só pela natureza das fun-
ções, mas também porque a pandemia –
que, até agora, não alterou grandemente
os perfis de liderança – a isso aconselha. E

DUAS DÉCADAS
DE CONSULTORIA

>NOME
João Guedes Vaz

>FORMAÇÃO
Curso de Engenharia de Sistemas
na Universidade do Minho e diploma
em Leading Digital Business
Transformation, na IMD Business
School. É candidato a master em
Finanças na Católica Lisbon

>CARREIRA
Especialista em liderança e transfor-
mação organizacional, tem 23 anos de
experiência em consultoria (Andersen,
Deloitte, KPMG, Heidrick&Struggles),
em multinacionais (Elevo Group) e no
setor turístico (hotel Vila Sol, no Algar-
ve), entre Portugal, Espanha, Quénia e
Angola. Iniciou a 1 de outubro funções
como Global Head of Leadership
Consulting na Boyden, um ano depois
de se tornar partner da consultora e seu
responsável por esta área em Portugal.

A pandemia
tornou mais
evidente
o impacto direto
das decisões
dos líderes nas
pessoas”
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