Dossiê Superinteressante - Edição 406-A (2019-08)

(Antfer) #1
— 25

NAVIO À
MODA ANTIGA
CONTRA OS pORTA-AviõeS.

para os russos, tamanho é
documento. A obsessão em
demonstrar a grandeza do país
produzindo equipamentos de
guerra gigantescos é visível
neste projeto dos anos 1980,
lançado ao mar em 1998 e
ainda o maior navio de comba-
te já visto – isto é, um navio que
ataca por si mesmo e não por
aviões, sucessor dos antigos
encouraçados aposentados na
Segunda Guerra, supostamen-
te tornados obsoletos pelos
porta-aviões. O petr velikiy

(pedro, o Grande) é poderoso.
Transporta muito peso, muita
gente e muitas armas. e foi
projetado para neutralizar
justamente os porta-aviões
americanos, que são a base de
sua Marinha. É equipado com
uma série de armas capazes de
atingir submarinos, embarca-
ções e aeronaves. É um navio
que se presta bem à propagan-
da também. Já foi utilizado em
apresentações militares em
diferentes países, da Turquia à
venezuela. Mais recentemente,
vem sendo utilizado no Mar do
Norte. e chegou a ser condu-
zido até o Mediterrâneo, para
participar do suporte para as
operações russas em território
sírio. No caminho até lá, passou
por águas britânicas, e foi es-
coltado de perto pelo destróier
inglês HMS Dragon.

PETR VELIKIY
Cruzador

PEso

28.000 t


ComPRImEnTo: 252 m
LARGURA: 230 m
ALTURA: 28,5 m
VELoCIdAdE máxImA:
32 nós (59 km/h)
ARmAmEnTo:
mísseis antiaéreos,
antissubmarinos
e canhões duplos
de 130 mm

contnuamente, armamentos nucleares
capazes de atngir os EUA.
Apresentado em março de 2018, o
míssil Avangard nem parece um míssil.
Lembra mais um espaçoplano (como o
aposentado Ônibus Espacial). Ele seria
capaz de fazer um voo imprevisível,
desviando-se das defesas antimíssil
americanas e se dividindo em MIRVs
(vide pág. 17), tornando inúteis todos os
sistemas de defesa atais. Outo novo
míssil russo, o RS-28 Sarmat, é feito para
escapar da detecção. Decola de forma rá-
pida demais para ser notado por satélites
infravermelhos e lança suas ogivas em
órbita baixa, evitando radares.

Sucesso parcial
O novo esforço militar da Rússia vem
fazendo muito barulho, mas o país
ainda está longe do poderio de seus
maiores adversários. Os americanos
contnuam à frente. Em muitas oca-
siões, o dinheiro russo não é o sufi-
ciente – o país precisou, por exemplo,
revisar para baixo a previsão de desen-
volvimento e aquisição de um lote de
jatos Sukhoi T-50; iria levar 52, mas
os custos no desenvolvimento e as
dificuldades econômicas pelas quais
o país atavessa fizeram a compra ser
reduzida para 12 unidades.
Além disso, o plano de comprar 2.300
tanques T-14 até 2020 está sendo revisto,
enquanto que tanques antgos, datados
das décadas de 1970 e 1980, são refor-
mados para dar conta do recado pelos
próximos anos. Os erros em testes de
novos modelos de mísseis são recorren-
tes – o caso mais famoso é o do míssil
de combustível sólido Bulava, que em
2009 explodiu e provocou uma aurora
boreal bizarra na Noruega. O modelo
voltou para as pranchetas, apenas para
cair no Oceano Ártco durante uma nova
tentatva de lançamento em 2013.
Os russos parecem andar mais deva-
gar do que anunciam. Mas estão em pé,
e se movimentando em todas as dire-
ções possíveis, se adaptando ao inimigo.
Por ora, como na primeira vez, a guerra
contnua fria. Até quando?

Exércitos do mundo Rússia


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