Mente Cérebro - Edição 320 (2019-09)

(Antfer) #1
vos (avaliações de que não agimos como devería-
mos). O arrependimento é ligado tanto à ação quanto
à ausência dela e se distingue do remorso, que é o
arrependimento por ações que prejudicam alguém.

Agir ou não agir?
Psicólogos evolucionistas acreditam que a função
do arrependimento seja nos permitir aprender com
nossos fracassos e nos incitar a ser mais prudentes
no futuro, sem que nos lancemos de novo em uma
ação incerta. Para entender melhor, podemos imagi-
nar a seguinte situação: João ia viajar às 17h30, mas
quis terminar um trabalho e decidiu pegar ônibus das
19h30, que terminou por se envolver em um grave
capotamento, junto com outros veículos. Embora
não tenha falecido, como outros passageiros, além
do grande trauma, o rapaz ficou bastante ferido. A
situação inspira ainda mais pesar por ele ter feito a
mudança do que se tivesse previsto desde o início

O efeito Zeigarnik


O


arrependimento que sentimos por não fazer algo parece ser
mais memorável que aquele que carregamos por resultado
de uma ação. Esse fenômeno é conhecido em psicologia
social desde 1935 como efeito Zeigarnik (nome de sua descobridora,
a psicóloga soviética Bluma Zeigarnik) e recebeu numerosas
confirmações experimentais. Numa pesquisa realizada na década
de 80, na França, voluntários foram questionados sobre quais eram
seus três maiores arrependimentos por ação e os três maiores por
inação. Três semanas depois, os pesquisadores telefonaram para
cada um deles para saber se eles se lembravam das respostas dadas.
A maioria (64%) lembrava-se mais dos arrependimentos por inação.

capa • arrependimento

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