Mente Cérebro - Edição 320 (2019-09)

(Antfer) #1

E


m um estudo realizado com 77
pessoas de diversos meios so-
ciais na Universidade Paris X, na
França, os voluntários responderam
a um questionário sobre os principais pesa-
res de sua vida. Das 213 situações listadas, ape-
nas dez referiam-se a acontecimentos alheios ao
controle da pessoa (ter sofrido paralisia infantil, por
exemplo). Quanto aos que dependiam de uma decisão
própria, 63% tinham a ver com uma ação não realizada
e 37% referiam-se a atos realizados (como más escolhas
amorosas, profissionais ou financeiras).
Como explicar essa aparente contradição? Pelo fato de
o arrependimento evoluir com o passar do tempo: temos a
tendência imediata de nos arrepender das coisas que fize-
mos (quando deram errado, claro!). E, a longo prazo, tende-
mos a nos lamentar mais de intenções não concretizadas.
Além disso, parece que o perfil emocional desses dois
tipos de arrependimento é distinto: arrependimentos por
ações, a curto prazo, são mais intensos que aqueles pro-
vocados por inação. No plano emocional, os primeiros são
geralmente chamados de “quentes”, enquanto os últimos
são os “melancólicos”. Um estudo com 79 voluntários, que
avaliava a intensidade das emoções associadas ao maior
arrependimento de cada um nessas duas categorias,
mostrou claramente essa relação: arrependimentos por
ação são mais associados a emoções intensas (cólera,
vergonha, culpa, frustração etc.), e arrependimentos
por inação são mais ligados a emoções discretas
(sentir-se melancólico, saudoso, desenganado

capa • arrependimento

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