Mente Cérebro - Edição 320 (2019-09)

(Antfer) #1
ma jurídico de nenhum país leva em conta as diferenças in-
dividuais do reconhecimento de face de pessoas de outras
culturas.
Para McKone, a frequência da exposição a indivíduos de
outras origens pode influenciar a capacidade de reconhe-
cer as diferenças, segundo os resultados publicados na
edição de janeiro do Journal of Experimental Psychology:
General. Entre os 106 participantes asiáticos nascidos e
criados na Austrália, apenas 3% eram “cegos” para os ros-
tos caucasianos. Esse número subiu para quase 6% entre
os nascidos e criados na Ásia.
O psicólogo Daniel Levin, que tem se dedicado com afin-
co à pesquisa de mecanismos de reconhecimento de ros-
tos por brancos, negros e asiáticos, na Universidade Esta-
dual Kent, em Ohio, discorda do ponto de vista de McKone.
Ele acredita que o déficit não aparece porque as pessoas
tendem a ter mais contato com gente da própria etnia: se
trata, em sua opinião, de uma questão cultural. Ao olhar o
rosto de alguém de outra raça, nosso cérebro busca auto-
maticamente informações para classificá-la racialmente –
e não que permita individualizá-la.
O efeito se estende a outras culturas. Um artigo publi-
cado em 2001 no Psychology, Public Policy and Law, trata
de um estudo no qual cientistas convidaram algumas pes-
soas negras (que passeavam por shoppings sul-africanos)
para participar de um experimento. Os autores observaram
que os voluntários que tinham contato com outros grupos
étnicos com pouca frequência reconheciam o semblante
de pessoas de outras ascendências com mais dificuldade.
(Leia mais sobre o tema nas próximas págs.)

especial • percepção

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