Viva Saúde - Edição 197 (2019-10)

(Antfer) #1
vida natural 7

Segundo o ortopedista Maurício Mar-
teleto (SP), a ozonioterapia pode ser ad-
ministrada nos casos de doenças da coluna
vertebral. “Incluindo as hérnias de disco e
diversas síndromes dolorosas do aparelho
locomotor, como as tendinites, artroses,
sinovites e entesites”, complementa. O
ozônio é um oxidante forte que reage ra-
pidamente e que resulta numa pequena
redução do volume do disco, trazendo
consequente alívio da dor, uma vez que
tal redução diminui signifi cativamente
a pressão. “Estudos científi cos mostram
resultados benéfi cos, principalmente rela-
cionados à redução da dor, ganho de mo-
bilidade e melhoria na qualidade de vida”,
destaca o ortopedista Otávio Melo (MG).
Marteleto ressalta que estudos demons-
tram que o ozônio tem evidência científi ca
quando aplicado nas regiões intradiscal
e paravertebral da coluna. “A redução da
dor no tratamento dos discos lombares se
assemelha aos níveis alcançados em pro-
cedimentos cirúrgicos, porém com uma
taxa de complicação menor e tempo de
recuperação bem mais rápido”, relata.
O especialista cita um levantamento
feito na Índia, com 53 pacientes que rela-
tavam dor em hérnia de disco. De ambos
os sexos, eles tinham entre 21 e 65 anos e
foram submetidos à ozonioterapia depois
de não conseguirem respostas com a tera-
pia conservadora, ou não havia viabilidade
para uma intervenção cirúrgica. Após a
ozonioterapia, todos os pacientes apresen-
taram redução dos níveis de dor com uma
melhora signifi cativa do estado funcional,
sem nenhuma complicação.
Outra pesquisa, realizada na Itália, ava-
liou o uso do ozônio na dor lombar aguda
devido a hérnia de disco. Um total de 60
pacientes, de ambos os sexos, com idades
de 18 a 65 anos, foram divididos em dois
grupos, e 61% daqueles tratados com inje-
ções intramusculares de ozônio elimina-

ram a dor. Além disso, os pacientes tratados
com ozônio apresentaram um número
signifi cativamente menor de dias sem uso
de anti-infl amatórios e esteroides. Segun-
do Melo, a terapia é uma alternativa válida
para pacientes com contraindicações para
anti-infl amatórios (como idosos, pessoas
com problemas de estômago ou hiper-
tensão, por exemplo), assim como aqueles
que não podem receber corticoides (como
diabéticos, obesos e imunodeprimidos).

ainda sobra polêmica
Embora seja regulamentada em mais
de 50 países, no Brasil a prática ainda é
considerada uma terapia experimental. “O
Conselho Federal de Medicina (CFM)
insiste em manter a ozonioterapia como
‘procedimento experimental’, e confl itos
de interesse já foram denunciados envol-
vendo membros da Câmara Técnica de
Ozonioterapia sem que providências para
apurar as irregularidades tenham sido to-
madas”, destaca a presidente da SOBOM.
Em comunicado à imprensa, o Conse-
lho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo (Cremesp) confi rmou a postu-
ra. “Por considerar que esse procedimento
ainda se trata de um estudo, devido à in-
consistência sobre as evidências científi cas
de sua efi cácia e segurança para a prática
médica, a norma impede a cobrança do
tratamento. E vale lembrar que a terapia
em questão não deve substituir a assistên-
cia convencional com benefícios compro-
vados”, escrevem. A aplicação só é permiti-
da a médicos com cadastro de pesquisador
junto aos órgãos governamentais, enfatiza
Otávio Melo.
Por sua vez, o Ministério da Saúde anun-
ciou a inclusão da ozonioterapia na rede
pública. O SUS oferece a ozonioterapia
gratuitamente a pacientes de odontologia,
neurologia e oncologia, quando há reco-
mendação médica e interesse do paciente.

A TERAPIA é uma
alternativa válida PARA
QUEM NÃO PODE
USAR ANTI-
-INFLAMATÓRIOS
E CORTICOIDES,
como idosos, pessoas com
problemas de estômago
ou hipertensão, além
de diabéticos, obesos e
imunodeprimidos

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