Viva Saúde - Edição 197 (2019-10)

(Antfer) #1

leia bem antes


de repassar


V


ocê já deve ter recebido uma
mensagem de um grupo de ami-
gos em seu celular que diz que
água quente + coco pode curar o
câncer, que vacina é uma forma de propagar
doenças ou que aquele medicamento popular
contra febre e dor no corpo pode aumentar o
risco de autismo em crianças. Mas apesar de
muitas vezes parecerem conselhos reais, não
se engane, todas essas informações são fake
news ou, traduzindo para o velho e bom por-
tuguês, notícias falsas. E esses são apenas três
pequenos exemplos das mais de 12 mil fake
news que circularam nas redes sociais e nos
aplicativos de conversa nos últimos 12 meses,
de acordo com levantamento feito pelo pró-
prio Ministério da Saúde.
Todo esse conteúdo mentiroso tem gerado
uma baita confusão entre a população leiga.
Pacientes estão trocando tratamentos con-
vencionais (e com eficácia já comprovada
pela ciência) por alternativos e colocando a
própria vida em risco. Pais têm evitado vaci-
nar seus filhos e doenças já erradicadas no
Brasil estão voltando a fazer vítimas entre as
crianças. Nessa verdadeira epidemia em que
os vírus perdem força para as notícias falsas,
o melhor a fazer é se proteger.

Os primeiros boatos
Não se trata de nenhuma no-
vidade, pois sempre existiu fake
news. Só que, com a tecnologia,
tem sido mais fácil disseminar o
conteúdo. Na saúde o assunto mais
popular é a vacina: 89% dos boatos ata-
cam a credibilidade da vacinação e têm le-
vado à queda das imunizações.
O ponto de partida dessa fake news foi em
1998, quando o médico britânico Andrew
Wakefield publicou um estudo na revista
científica inglesa The Lancet que vinculava o
autismo infantil à vacina tríplice viral (contra
sarampo, rubéola e caxumba). Entretanto,
em 2010 foi revelado que Wakefield tinha
forjado os dados da sua própria pesquisa.
Vários outros estudos até tentaram encon-
trar alguma ligação para o seu “achado”, mas
todos comprovaram que ele estava mesmo
errado. Apesar da retaliação do acontecido,
o estrago já havia sido feito e muitos pais nos
Estados Unidos e na Grã-Bretanha deixaram
de vacinar seus filhos, aumentando os casos
de sarampo e rubéola por lá.
Trazendo essa realidade para mais perto, o
Brasil teve os primeiros sinais de queda nas
coberturas vacinais há três anos, em 2016.

89% das
mentiras que
rondam por
aí atacam a
credibilidade
da vacinação
e têm levado
à queda das
imunizações
entre adultos
e crianças

Notícias falsas colocam em xeque tratamentos convencionais


que salvam vidas. aprender a identificar é a melhor forma de


combater esse mal que já é uma questão de saúde pública
texto Priscila Pegatin

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