PREOCUPAR-
-SE COM O
QUE COME
NÃOÉMAU
AT É AO
PONTO EM
QUE A FIXA-
ÇÃO POR
COMIDA
SAUDÁVEL
COMEÇA
A CONSU-
MIRASUA
VIDA. NÃO
DEIXE QUE
ISSO ACON-
TEÇA CON-
SIGO E FAÇA
CEDÊNCIAS!
A ortorexia é um mal cada vez
mais comum, mas ainda assim
pouco diagnosticado. Muito poucas
pessoas consultam um médico queixando-se
de ortorexia, pois como já o dissemos anterior-
mente, quem padece desta doença raramente
reconhece que tem um problema. Muito pelo
contrário: orgulham-se de ser assim. De acordo
com a dra. Ana Rita Lopes, “a maior parte dos
ortoréxicos não identifica a sua obsessão como
um problema patológico e, como tal, raramente
recorrem a um profissional, quer seja um nutri-
cionista ou um psicólogo. Normalmente são
os familiares e amigos que detetam alguns dos
sinais de alerta e encaminham para um profis-
sional”. Quando assim é, torna-se importante
mostrar ao ortoréxico que a sua vida é regida em
função da alimentação. Inicialmente, “o ortoré-
xico não irá reconhecer facilmente que tem um
problema, mas confrontá-lo com determina-
dos comportamentos pode ajudar a reconhecer
o problema. Depois disso, o tratamento deve
ser feito por um profissional da psicologia
ou psiquiatria de maneira a ajudar a ultrapassar
os sentimentos e comportamentos obsessivos”.
É também importante que haja aconselhamento
com um dietista/nutricionista de modo a diver-
sificar a alimentação e a aceitação de alimen-
tos diferentes no regime alimentar. Qualquer
que seja a origem, a ortorexia é um fenómeno
real, ainda que permaneça oculto por detrás
de uma cortina de saúde, sucesso e modernismo.
E é precisamente por isto que não vale tudo na hora
de cuidar de si. O exagero pode levar à doença...
e muitas vezes sem qualquer razão de o ser!A ortorexia nervosa caracteriza-se por
uma “obsessão patológica com uma
nutrição adequada e por uma evic-
ção rígida de alimentos julgados não saudáveis ou
impuros, cujo objetivo passa por atingir uma saúde
ótima e longe de doenças”, indica a dra. Ana Rita
Lopes, coordenadora da Unidade de Nutrição Clínica
do Hospital Lusíadas Lisboa. A verdade é que quando
um ortoréxico mete na cabeça que comer gordura
é mau, acaba por eliminar qualquer alimento que
contenha gordura. O problema é que esses alimen-
tos também contêm outros ingredientes necessários
para uma dieta equilibrada. Mas como deixaram
de fazer parte do menu, o organismo fica carente
e essa carência pode levar à doença. Porém, o exem-
plo das gorduras pode extrapolar para muito mais,
como optar somente por comida biológica, eliminar
quaisquer produtos processados, não comer carne
(porque tem hormonas) e evitar o peixe (não vá con-
ter elevados níveis de metais). Por outras palavras,
deixa de comer tudo o que não considera saudável.
“A grande diferença entre a preocupação com uma
alimentação saudável e a ortorexia surge a partir
do momento em que esta se torna um motivo
de ansiedade, sofrimento e de isolamento, dimi-
nuindo a qualidade de vida”, relembra a dra. Ana Rita
Lopes. Assim sendo, o segredo passa por introdu-
zir uma palavra no seu léxico: equilíbrio. “É impor-
tante manter uma alimentação variada que inclua
todos os alimentos em doses adequadas. Ao seguir
estes princípios, as escolhas saudáveis acabam
por ocorrer de forma fácil sem existir necessidade
de planear as refeições ao mais ínfimo pormenor, evi-
tando tornarmo-nos escravos de um determinado
regime alimentar restrito”. Pense bem...
CONTRAPRODUCENTE4AGORA QUE JÁ SABE...5TENHA CUIDADO!
Avidadeumortoréxico
costuma girar em torno da
alimentação, passando
porcimadeoutrosaspetos.
Seacomidaoestáaafastar
dos amigos, está na hora
de enfrentar o problema.Janeiro 2016|MENSHEALTH.COM.PT 85