Sabor Club - Edição 34 (2019-11)

(Antfer) #1
por Eduardo Tristão Girão

Sou do


mundo, sou


Minas Gerais


Foi a cozinha que possibilitou
a talentosa Mariana Gontijo ter
orgulho da própria origem

O Roça Grande é um pequeno restaurante no Centro de Belo
Horizonte. Aberto dois anos atrás, conquistou freguesia com
ambiente que lembra (e funciona como) empório, uma vitrine de
quitandas e apenas uma opção de prato feito por dia. Pode ser arroz
com pequi, linguiça com feijão gordo, frango caipira com salpicão.
O que não muda é a pedida das sextas: tutu tonto (com cachaça),
macarrão, arroz, maionese de legumes e carne de panela, a comida
das festas de reinado de Moema, cidade natal da chef Mariana
Gontijo, no centro-oeste Minas Gerais. É justamente esse repertório
mineiro, caseiro, que hoje faz dela um dos grandes talentos do estado
–com pratos a R$ 21.
Isso é um feito para uma cidade onde se multiplicam pelos
cardápios risoto de costelinha, tilápia com qualquer guarnição ao
limão e coxinha de rabada. Observar a valorização do simples por
meio de pratos que dialogam com as tradições mineiras de maneira
tão natural é realmente notável. Quantos chefs do estado dão real
valor ao milho, sabem diferenciar suas variedades, lidar com elas
na cozinha? São poucos os lugares na capital mineira onde se pode
comer fubá suado e o Roça Grande é um deles, com direito a café
coado, licor de jenipapo e preciosidades para levar para casa,
como um requeijão de raspa que é pecaminoso de tão
amanteigado na boca.

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