Sabor Club - Edição 34 (2019-11)

(Antfer) #1
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Crônicas imortais


A mestre Nina Horta se foi, ficam os seus textos eternamente
inspiradores: “Esnoberia em matéria de comida é aberração”

para
sempre


Não é sopa
(Cia. Das Letras, 1995)
A banqueteira que virou a nossa mais expressiva
cronista da boa mesa via o mundo pela boca,
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encantadoras. No seu primeiro livro, logo mostra
como seus textos divertidos, repletos de insights
e bom senso pegam a gente de jeito. Fazem rir,
fazem chorar, fazem... pensar!
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vive. Pouco tem a ver com a afetação do “que
incríiiiiivel”, publicado na efêmera legenda
de foto no Instagram.
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uma viagem para a Índia, cuja gastronomia ela
tanto adorava. São as particularidades da comida
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receitas e sabores afetivos dos cadernos
das avós.
Aqui, Nina Horta nos ensina demais nas
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para, sempre, nos inspirar como poucos têm
a capacidade de fazer.

O frango ensopado da minha mãe
(Cia. das Letras, 2015)
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para reunir mais vivências. Elas, mais uma vez, viram
histórias, repletas de observações e sacadas deliciosas,
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amores pela Nina. Ela, por sua vez, abre as páginas
da vida dela, sem restrições, e conversa com a gente,
fazendo revelações, como se fossemos grandes
amigos, sentados numa “varanda mineira de poucas
palavras e muita tosse”. Não bastasse tudo isso e as
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relevância a ser dito a respeito do que Nina imprime
nas páginas que escreve: que puta texto, senhoras e
senhores. Vale um saquinho de torresmo, como ela diz,
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invariavelmente cada um deles”, quem não devorar
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contemporâneos, numa bocada só. Sobre o porco, tão
na moda, ela descorre: “Já inseriram genes de espinafre
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manso, já terá se desvencilhado do espinafre, esse
terror da infância. Desaforo, senhores estudiosos, vão
juntar genes de espinafre aos óvulos das senhoras suas
mãezinhas. Deixem em paz o porco, esse poema”.

por Robert Halfoun

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