Sabor Club - Edição 34 (2019-11)

(Antfer) #1

42 | Sabor. club [ ed. 34 ]


ELAS RIEM, MAS O TRABALHO que fazem no
fofíssimo Toasty, num ponto fora da curva, em
São Paulo, começa pela vontade de comer. Patrícia
Escobar e Silvia Garcia moraram juntas na escola de
confeitaria na Suíça, onde se descobriram e viraram
grandes amigas. Depois, separadamente, circularam
pelo mundo, especialmente pelos os EUA. Lá,
viram que misturar o jeitos americano e francês
de fazer doce dá samba. A Silvia, especialmente,
sentiu isso na pele quando passou pela cozinha do
luxuoso hotel Waldorf Astoria, em Nova York.

A ideia é deixar o doce vistoso, mas sem a
ideia de perfeição. Ela é substituída por sabores
muito puros, ingredientes naturais, pouco açúcar e
mais delicadeza na boca. Aliás, como os franceses
adoram. E, ao longo dos anos, vem caindo
no gosto dos ianques também.
Hoje, as confeitarias mais badaladas da terra do
cheesecake são a Miette, em São Francisco e a Milk
Bar, em Nova York. Do outro lado do Atlântico, a
Violet Cakes, em Londres, também faz o
maior sucesso. Todas com a mesma proposta.

Por aqui, Patrícia e Silvia bebem declaradamente
nessas fontes. Isso porque a tal da estética perfeita,
dizem, causa muito desperdício e afasta o doce de
algo mais natural.
As receitas acabam vindo de “experiências
pessoais”, como elas dizem. E do diálogo entre
as parceiras, sobre o que elas realmente querem
colocar dentro de cada tigela. Quem tem relações
afetivas com pessoas com as quais também trabalha
sabe que tem casca de banana nesse processo.
Pelo olhar cúmplice e pelo discurso, elas tiram

de letra a adversidade, azeitando a relação com
muita conversa sincera (“indispensável”, dizem
em uníssono), valorizando o direito de discordar e
respeitando o que chamam de “poder de veto”. Isto
é, passado todo o processo de discussão (ou mesmo
sem ele), não é não. E precisa ser aceito, sem cara
feia. Coisa que só é possível, quando se cuida da
relação até que a confiança fica maior
do que qualquer coisa.
Tudo isso, por incrível que pareça, vai parar
nos doces que elas fazem. Quando, por exemplo,

A ideia é deixar o doce vistoso, mas sem a ideia de perfeição.
Ela é substituída por sabores muito puros, ingredientes naturais,
pouco açúcar e mais delicadeza na boca

Brioche também
O pãozinho francês está no brunch “para quem acorda com fome”
“A gente acorda com fome, sabe?”, diz a Silvia Garcia, para justificar a introdução de um brunch caprichado
que o Toasty passa a servir. Tem ovos mexidos, omeletes, quiches, waffles, panquecas americanas, pães
de queijo (uma das receitas leva bacon) e o queijo quente com cebola caramelizada (eu provei e é parrudo,
saboroso e bom de mastigar). Tudo isso e mais outras comidinhas que abraçam, como a dupla gosta de
dizer. Sim, há bolos e uma ousadia bem bacana, o Cold Brew Gin Tônica (com café infusionado a frio).
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