Sabor Club - Edição 34 (2019-11)

(Antfer) #1

58 | Sabor. club [ ed. 33 ]


Na extensão dos limites
criativos que pauta cervejarias
artesanais no mundo inteiro,
os rapazes da Three Monkeys
pularam a cerca e colocaram
a comida, por assim dizer,
dentro da tulipa. O
rebuliço foi grande na
última edição do festival
Mondial de La Bière no
Rio. Entre sobrancelhas
arqueadas, narizes
torcidos e salivação
intensa, ninguém
passou indiferente pelas
torneiras abertas por Leo
Gil, Bernardo Costa e Filipe
Oliveira, os ‘três macacos’
da história.
“A ideia era ter o sabor impactante, com
o máximo de extração dos ingredientes.
Então eles foram inseridos o mais perto do
envase possível”, conta Bernardo, o cervejeiro
da turma. “Abrimos as ostras em cozinha
industrial, colocamos no gelo e levamos para
a fábrica. Trituramos no liquidificador com a
tinta de lula e o limão, e dosamos no tanque.
No final do processo, centrifugamos para retirar
os pedaços dos alimentos”, explica, citando
a receita da Al Mare. O resultado, na boca, é
a exata sensação de se estar bebendo ostras
frescas, com as cócegas da carbonatação.
É apenas o início das surpresas guardadas
pela série de cinco doses degustadas em
sequência pela Sabor.Club. Produzidas
seguindo o estilo alemão Gose (veja quadro),
as cervejas abrem novas portas na estreita
relação da bebida com a comida, levando

as chamadas harmonizações
por complementação a outro
patamar.
A Honey Dijon, como diz
o nome, é o próprio molho de
mel e mostarda. Deu vontade de
beber ao lado de um rosbife
com batatas coradas. A Thai
Curry traz curry, especiarias
e leite de coco. Pensamos
num filé de peixe grelhado
com camarões, que
ganhariam o status de
moqueca no casamento.
Ou, quem sabe, um clássico
Pad Thai. A Gazpacho vai de
tomate e picles de pepino, belo
aperitivo para início de refeição. E a
Oriental dá vontade de debruçar sobre um
barco de sushis, com um latão da cerveja feita
com shoyu, wasabi e gengibre.
“Os ingredientes tinham que ser bem
selecionados e de qualidade. Usamos shoyu
importado japonês, mostarda francesa, o mel é
de um pequeno produtor, o curry é tailandês
e as ostras de fazenda em Santa Catarina”,
diz Bernardo. “Em nossa linha high end não
vamos deixar de seguir o propósito da quebrar
barreiras. Pensamos em eventos com chefs, que
ajudem as pessoas a entender as cervejas”, diz
Leo Gil, que cuida do marketing na empresa.
“Em 2018, fizemos para o evento Repense
Cerveja a Caramel Salé, uma Gose caramelada
com o sal típico do estilo. Ficou muito boa.
Resolvemos tentar de novo e fomos para a
Gazpacho, que abriu a porteira.”
Da cozinha, no caso.
http://www.threemonkeysbeer.com

| Sabor.club [ ed. 3 3 ]

Tempero
alemão
O estilo Gose é o
veículo para tanta
criatividade

3EXYVEPHI,SWPEVRS
nordeste da Alemanha,
E,SWI ̄YQEGIVZINE
de trigo leve e ácida,
bem carbonatada e
com toque de sal na
receita histórica. No
caso das cariocas,
todas foram feitas
sobre a mesma base,
com 4,6% de teor
alcoólico. Produzidas
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18 na região de
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renasceram nos últimos
anos pelas mãos dos
cervejeiros artesanais.
Primas-irmãs das
Berliner Weisse, são
cervejas que utilizam
pricipamente maltes
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Na tradição, levam
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de coentro, como as
Witbiers. Apesar da
origem no frio, o estilo
tem características
refrescantes e
matadoras da sede,
adequadas aos trópicos.
Agora, pelo visto, está
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a fome.

As latas de 473 ml
que estão chegando
ao mercado têm
a curiosidade de
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dos ingredientes nos
rótulos, produzidas
numa tarde de feira
livre pela equipe da
Three Monkeys
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