Fotografe - Edição 278 (2019-11)

(Antfer) #1

Vítima da guerra


os planos do empresário holandês
Johan Steenberg (veja box), dono da
fábrica alemã, que sonhava em ver sua
inédita reflex dominar o mercado de
fotografia profissional.
Em 1939, a Jhagee já havia
patenteado o fotômetro TTL,
cuja fabricação foi interrompida
pelo início da guerra. Perdeu ali a
oportunidade de se tornar a primeira
reflex com leitura de luz através da
objetiva, primazia que a japonesa
Topcon alcançou somente em 1962.


AVANÇADA E ROBUSTA
Ao ser lançada, a Exakta dividiu
opiniões: de um lado, fotógrafos
adeptos de câmeras de fole de
grande formato, como Linhof e
Speed Graphic, indispensáveis para
produzir ampliações de qualidade;
do outro, defensores das rangefinder
Leica e Contax, de filme 35 mm,
práticas e precisas. Contudo, a reflex
de 35 mm da Jhagee logo ganharia
espaço na fotografia profissional: o
foco e o enquadramento através da
objetiva, rápido, preciso
e isento de paralaxe, era
um ponto forte. Além


A baioneta para encaixe
da lente na Exakta
funcionava de forma
simples e eficiente

disso, podia receber de potentes
teleobjetivas a lentes e acessórios
para macrofotografia e reproduções


  • serviço complicado em câmeras de
    fole e de visor direto.
    Ela pesava quase 1 kg (com a
    objetiva) graças ao sólido corpo
    em liga de alumínio, peças e
    mecanismos muito robustos, feitos
    para durar uma eternidade. O visor
    usava um grande espelho e a tela
    de focalização, feita com um bloco
    maciço de vidro, era eficiente na
    distribuição da luz e na projeção
    de uma imagem clara, sem bordas
    escurecidas e de excelente nitidez.
    Outra grande novidade era o
    encaixe da lente, simples e eficiente.
    Bastava dar uma volta de 30o para a
    objetiva chegar à posição de serviço
    e ficar travada por uma chave
    rústica, mas muito prática. Contudo,
    se a Jhagge era avançada na parte
    mecânica, nunca se interessou pela
    parte óptica. Assim, a Exakta tinha
    à disposição as melhores lentes
    alemãs, como Carl Zeiss Jena e


Schneider Kreuznach, e também de
outros países, como a americana
Kodak, a francesa Angenieux e as
japonesas Soligor, Tokina, Nikon
(objetiva 135 m) e Olympus
(40 mm) – em 1936, ela foi
lançada com a superluminosa
Zeiss Biotar 50 mm f/1.4.

A Jhagee, empresa do
holandês Johan Steenberg,
produzia câmeras de fole de
vários tipos e tamanhos desde
1912, em Dresden, Alemanha.
Em 1936, o projetista alemão
Karl Nüchterlein criou a Kine
Exakta. Em 1940, a fábrica foi
confiscada pelos nazistas e
depois, em 1945, arrasada
por bombardeios aliados.
Após a Segunda Guerra,
foi reerguida pela Alemanha
comunista e, em 1960,
encampada pela Pentacon, que
produziu modelos Exakta até
1969 – a fábrica em Dresden
fechou em 1973. Dez anos
antes, os herdeiros de Steenberg
passaram a fabricar em Berlim
a Exakta Real, moderna e com
design da projetistas da Ferrari.
Contudo, ela durou somente
um ano, vencida pelas câmeras
japonesas, mais avançadas e mais
baratas. Os modelos seguintes
foram as câmeras japonesas
Petri e Cosina com a
marca Exakta. A
estratégia não
deu certo e a
fábrica em Berlim
fechou em 1976.
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