Fotografe - Edição 278 (2019-11)

(Antfer) #1
A partir de 2015, o estúdio
de Gabriel Wickbold em São
Paulo (SP) se tornou também
galeria. Ele queria ter um espaço
para que colecionadores de
arte se encontrassem com os
artistas para dialogar. De lá para
cá, já acrescentou ao portfólio
a representação de quinze
fotógrafos estrangeiros de
renome no mercado internacional,
dentre eles David Yarrow, do Reino
Unido; Russell James, da Austrália;
Christy Lee Rogers; dos EUA;
Marius Sperlich, da Alemanha;
Sebastian Copeland, da França;
Marcel Van Luit, da Holanda;
Donald Boyd, da Islândia; e David
Ballam, da África do Sul.
Apesar do talento como
empreendedor, Wickbold
prefere os momentos de criação.
“Atualmente, o artista tem a
oportunidade de ser completo,
no Instagram ele faz a curadoria
das imagens, compõe os textos
que quer, fala com o público final
e pode facilmente realizar vendas.
Ficou muito mais fácil começar,
mas, pelo volume de imagens que
vemos todos os dias, também
ficou mais fácil se perder e difícil de
se destacar”, argumenta.
Ele conta que, sempre que
conversa com jovens fotógrafos,
tenta mostrar que é preciso ter
um corpo de trabalho coeso e
tempo para evoluir dentro da
temática escolhida. “Isso só vai
acontecer com o exercício diário
da fotografia, que é um trabalho
que só evolui com repetição. E,
para as imagens transcenderem,
elas precisam de um tema
por trás, uma pesquisa. Para
ser original, basta pensar que
somos seres únicos e cada um
tem sua forma de se conectar
criativamente. Pegar o caminho
mais fácil e imitar o trabalho de
alguém só enaltece o original.
Não pegue esse caminho”, ensina.

Fotógrafo e
empreendedor

Imagem da série
I Am Light, na qual
os modelos são
tratados como
“seres de luz”

“Como em um clarão, algumas fichas
caíram para mim. Entendi que nada
disso importa, nós somos um universo
de possibilidades, somos seres de luz.
E nossa missão como seres humanos é
nos conectar profundamente com essa
energia, nosso propósito”, filosofa.
Daí nasceram novas experimentações
que desembocaram em I Am Light, série
na qual os retratados são representados
como seres de luz. Para obter o resultado,

ele pintou os corpos de negro e os cobriu
de glitter. Por meio da combinação de
flash com luz contínua, conseguiu obter
uma textura impressionante, que dissolve
a luz refletida em diversos rastros ao
mesmo tempo que conserva as feições
humanas. “Considero que o resultado
serviu também como uma forma de fechar
esse ciclo de 12 anos de trabalho. Entendi
que fotografar é mesmo pintar com a luz”,
define Gabriel Wickbold.

Fotos:


Gabriel Wickbold

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