MATÉRIA DE CAPA
sem nuvens em uma noite de Lua nova,
porém, o especialista aconselha a jamais
desistir: a dica é usar as nuvens para
compor as imagens.
SEM RECEITA PRONTA
Para produzir imagens noturnas
de paisagens com estrelas, Ricardo
Takamura informa que um bom ponto
de partida é começar com ISO 1.600,
trabalhar com objetivas com a mais
ampla abertura possível e usar o tempo
de exposição próximo de 30 segundos. A
partir daí, deve-se reconfigurar a câmera
de acordo com a situação.
Segundo ele, não existe uma receita
pronta para todas as câmeras, cada
equipamento tem um limite de ISO
diferente. O tempo de exposição também
varia conforme a objetiva. A dica então
é usar a regra dos 500: divida 500 pela
distância focal da lente que estiver usando.
O resultado vai ser o maior tempo de
exposição que poderá usar sem que as
estrelas risquem o céu. Com uma lente 50
mm, faça a conta: 500 dividido por 50 igual
a 10, ou seja, 10 segundos de exposição,
este é o tempo máximo para fotografar sem
que as estrelas saiam tremidas (riscadas), a
não ser que seja essa a ideia, ensina ele.
Para o desafio de fazer foco perfeito,
Ricardo Takamura tem seus truques:
“Costumo fazer o foco no modo manual
e usar algum ponto de luz distante, como
uma estrela mais brilhante. Outro truque
é fazer o foco durante o dia e depois
prender o anel de foco da lente com
uma fita e aguardar pela noite. Há os que
costumam usar o marcador de infinito
da lente, mas, na minha opinião, isso
nem sempre é confiável para fotografia
noturna”, avalia Takamura.
Para produzir seus trabalhos, ele usa
uma Nikon D810 com a objetiva Nikkor
14-24 mm f/2.8 e uma Fuji XT3 com uma
Rokinon 12 mm f/2. Entretanto, explica
que com os avanços tecnológicos é
possível fotografar estrelas até mesmo
com alguns modelos de smartphone e
de câmera compacta.
Fazendo coro com os demais
especialistas, ele indica que um bom tripé
também é fundamental. Takamura sugere
os modelos robustos, pois quanto mais
pesados, mais estáveis. Por outro lado,
inviabilizam saídas que requerem longas
caminhadas. Na dúvida, o ideal é ter dois
de perfil profissional, um mais leve e outro
mais pesado – o fotógrafo usa
dois da Manfrotto, um do modelo
055xpro3 (pesa cerca de 2,5 kg) e um do
modelo 190cx (1,3 kg), quando precisa
fazer longas caminhadas.
Quem é ele
Ricardo Takamura, 42
anos, morador de São José dos
Campos (SP), fotografa paisagens
noturnas desde 2012 – algo que
chamava a atenção dele desde
criança, quando morava em
um condomínio rural, afastado
da cidade, e podia observar
as estrelas do quintal de casa.
Também desde cedo relaciona-se
com a arte, pois ainda bem jovem
começou a pintar e a esculpir em
madeira. Foi com uma câmera
compacta com superzoom que
descobriu a longa exposição.
Para saber mais, acesse:
http://www.ricardotakamura.com.br.
A escala de Bortle mede a luminosidade do céu noturno e permite
quantificar o nível de observação astronômica e de poluição luminosa
Iban Mulero