Fotografe - Edição 278 (2019-11)

(Antfer) #1

FOTOJORNALISMO


GUARDIÕES DA FLORESTA


guiados por Antonio Teharim, integrante
da tribo que estava desolado com as
queimadas dentro da reserva. “Até onde
se via eram cinzas. Levamos quase duas
horas para chegar ao local de difícil
acesso, cheio de areais, pontes quebradas
e lamaçais. Uma vez lá, tive minutos para
fazer a foto e retornar a algum local com
conexão para transmitir a tempo do
fechamento do jornal impresso”, lembra.
Como havia ficado tarde, Antonio
convidou-os a dormir na aldeia. “No dia
seguinte, entendemos como era grande
o impacto naquele povo, tanto que os
próprios Tenharim se voluntariavam
para lutar contra o fogo na brigada do
Prev Fogo, do Ibama. Me marcou muito
o desespero, a tristeza e a vontade de
ajudar desse povo”, recorda Biló.
A história mais tensa foi vivida
por Ueslei Marcelino. Ele e Leonardo

A cobertura dos três fotógrafos
envolveu o contato com povos
indígenas, na busca de reportar o drama
vivido por eles. Moriyama se embrenhou
pelas terras dos Uru-ue-wau-wau, em
Rondônia. Para chegar até a aldeia, teve
de caminhar por oito horas em mata
fechada e chegou a ter um início de
desidratação, que causou alucinações
leves. Dormiu por lá e acompanhou um
grupo na abordagem de madeireiros
ilegais. “Eles estavam armados de arco
e flecha, preparados para o embate.
Havia uma tensão no ar. Encontramos
o local onde os madeireiros atuavam,
mas não tinha ninguém. Eles queimaram
os barracos, como de praxe, mas não
houve conflito”, relata.
Gabriela Biló esteve na reserva
Teharim/Marmelos, no Amazonas. Ela
e seu companheiro de cobertura foram

Os três
fotógrafos
entrevistados
estiveram em
áreas de reserva
indígena para
acompanhar
a luta pela
preservação da
floresta em meio
às queimadas

Madeireiros ilegais
interceptados pelos índios
Guajajara, na Amazônia
maranhense: a cobertura
mais tensa já vivida por
Ueslei Marcelino
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