Fotografe - Edição 278 (2019-11)

(Antfer) #1

FOTOGRAFIA DOCUMENTAL


Encarar riscos não é novidade para
esse paraibano de Pirpirituba, no agreste
do Estado. Órfão de pai aos oito anos,
chegou ao Rio de Janeiro com 11, com
a mãe, a avó e a irmã. Depois de rodar
pela Baixada Fluminense, a família se
estabeleceu na Tavares Bastos, favela
encravada no bairro do Catete. Ainda
adolescente, trabalhou em obras e no
comércio, enquanto alimentava o sonho
de ser fotógrafo – que começou a se
materializar quando conseguiu uma vaga
no setor de limpeza de O Globo.
Insistente e disposto a aprender, em
pouco tempo fazia os primeiros frilas para
o próprio jornal, nas folgas do trabalho
como fotógrafo industrial. Depois de
passagens por outros jornais, já como
repórter fotográfico, entrou para a equipe

de O Dia, em 1992, e ali conseguiu um
espaço que talvez não tivesse num veículo
de perfil menos popular.
O jornal apostava alto na cobertura
da violência carioca, uma realidade à
qual ele, até hoje morando na mesma
Tavares Bastos, já estava mais do que
acostumado e soube retratar como
poucos. “Conheço os caminhos, as
regras de aproximação. Um ‘bom-dia’,
‘por favor’ e ‘obrigado’ ajudam muito”,
ensina. A obstinação – “enquanto não
consigo a foto, não sossego”, garante – e
a capacidade de observação fazem parte
do pacote. “Com o tempo, você aprende
a antever situações”, avalia. Os prêmios
obtidos na carreira (Tim Lopes, Vladimir
Herzog, Nikon e Líbero Badaró, entre
outros) e a divulgação de suas fotos em

Charretes que levam
fiéis ao Santuário de
Bom Jesus da Lapa,
na Bahia, levantam
poeira na estrada

EXPERIÊNCIA A


FAVOR DO OLHAR


Do setor de
limpeza do
jornal O Globo
para uma vaga
na equipe do
diário O Dia,
Severino Silva
dedicou-se
muito para
aprender os
segredos da
profissão
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