Mantenha
a calma
Jogar fora
te é capaz de se reconfigurar, priorizando
as experiências humanas no lugar de bens
materiais”, sintetiza Martin, “por exemplo,
se você é apegado ao seu novo celular, mas
ao mesmo tempo contempla uma viagem à
Patagônia, onde imensidões geladas e pou-
co habitadas lhe darão a sensação de que
a vida offline é agradável, essa experiência
fará parte do andaime sobre o qual você vai
desenvolver o desapego”.
O problema é: e quando são justamente
as nossas experiências – mais especifica-
mente, o acúmulo de situações ruins que
se tornam mágoas – que são a nossa maior
dificuldade de desapego? Como proceder?
PÁGINAS DIFÍCEIS DE VIRAR
Assim como tudo na vida é passível de
perda, existe outra verdade inconveniente:
situações ruins acontecem. Com uma frequ-
ência maior do que gostaríamos, nos senti-
mos magoados, machucados e feridos. E,
se somos acumuladores de objetos, tudo
se torna ainda mais delicado quando fala-
mos de sentimentos. “Mágoas compõem
um capítulo à parte no território do desa-
pego. Esquecê-las não tem tanto a ver com
a memória delas, mas sim com o perdão”,
resume Martin.
O coach e instrutor de yoga Giridhari Das
explica que, a partir do momento em que a
mágoa toma conta de nós, é preciso mudar
de atitude. “O que quer que tenha aconteci-
do, tinha que acontecer. Não perca tempo
com lamentação ou raiva, e muito menos
se sentindo vítima”, alerta.
É preciso, então, alcançar a capacidade
de perdoar. Só assim é possível cortar o vín-
culo definitivo com o que provoca sofrimen-
to. “Perdoar significa entender que aquilo foi
ação de outra pessoa, e não sua”, enfatiza
o coach. “E você não está sendo ‘bonzinho’
para agradar a Deus ou alguém mais. Está
perdoando porque é a única maneira de fi-
car feliz e livre de negatividades”, finaliza.
“Esquecer as mágoas não tem
tanto a ver com a memória
delas, mas sim com o perdão”
Martin Portner, neurologista