O QUE MOSTRAM AS PESQUISAS?
Que Anamaria não é a única em se benefi ciar do mindful eating
(ME). “Estudos com pacientes com diabetes tipo 2 apontam que
a prática de mindfulness aumentou a adesão geral à dieta (no
caso à orientação de alimentação saudável), promoveu maior
consumo de frutas e vegetais e menor ingestão de carboidratos.
Além disso, os trabalhos sugerem que a prática do MD estaria
ligada ao aumento do autocuidado e consequentemente maior
atenção ao tratamento”, destaca Ticiane Bovi.
De acordo com a nutricionista, as pesquisas associando
diabetes e mindful crescem cada vez mais e identifi cam
a prática do MD como ferramenta para a mudança de
comportamento, bem-estar psicológico e melhora da
hemoglobina glicada (HbA1c) e do peso. “Boa parte dos
estudos associa esta melhora no controle glicêmico e peso
graças à redução do estresse, ao aumento do autocuidado e à
adoção de bons hábitos alimentares”, completa Ticiane.
Para alguns autores, salienta Ticiane, a dieta é altamente
infl uenciada por agentes externos, cansaço e estresse. Logo, as
pessoas procurariam conforto no alimento para aliviar estes
sentimentos. “Desenhar e elaborar estudos com mindful é um
grande desafi o, uma vez que fatores externos podem infl uenciar
o comportamento dos indivíduos, muitos são os fatores
limitantes para sua realização e conclusão, mas a ciência está
caminhando para resultados positivos sobre a relação mindful
melhora do quadro clínico e psicológico dos indivíduos.”A ideia é que o indivíduo tenha plena
consciência sobre o que vai comer e sobre
os gatilhos envolvidos nesse processo. “A
prática do mindful eating proporciona à
pessoa focar naquilo que está comendo,
saindo do automático, possibilitando
uma melhor relação com os desejos
alimentares, impulsividades e o comer
emocional”, resume Ticiane.
Segundo a teoria do mindfulness, ao
prestar atenção nos próprios sentimentos,
começamos a entender o que nos leva a
comer compulsivamente. Anamaria deu
uma chance para a técnica e sentiu na
prática. “Procuro sentar e perceber os
aspectos do alimento que vou comer, presto
atenção no aspecto, na cor, na textura dele.
Depois da primeira garfada, sinto o sabor
do alimento. Se me dá vontade de comer
um lanche bem grande, aplico as técnicas e
percebo que nem sempre é fome. Algumas
vezes é raiva, frustração, estresse. Às vezes,
consigo perceber a tempo e escolho outra
coisa para comer”, conta a veterinária.
Dr. André Vianna destaca que, quem tem
difi culdade de controlar a glicemia e o
peso, precisa observar não só a qualidade
do que está comendo, mas a qualidade do
momento. “A alimentação, o remédio e a
insulina são muito importantes, mas não é
tudo. Existem outros fatores que têm efeitos
sobre a glicose. O estresse, a ansiedade e o
sono precisam estar sob controle para que
o organismo funcione bem”.
Embora não esteja conseguindo aplicar
todos os dias os ensinamentos do mindful
(“às vezes, esqueço! Quando lembro,
já estou no meio do prato”), Anamaria
afi rma: “Aliar a prática do mindful à
contagem de carboidrato deixa minha
glicemia ainda melhor.”
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