Momento Diabetes - Edição 14 (2018-12 & 2019-01)

(Antfer) #1

O voo durou cerca de uma hora e foi o mais tenso
da vida de Letícia. A fi lha não parava de urinar e
vomitar. Assim que chegaram na capital paulista, a
família se dirigiu ao Hospital Santa Catarina, onde
Valentina foi imediatamente internada com quadro
de cetoacidose diabética.
A partir de então, a mãe se dedicou em correr atrás da
melhor forma de terapia e estilo de vida que pudessem
proporcionar à fi lha uma vida normal, com glicemias
estáveis e sem complicações. Em vez de se revoltar e
desanimar diante do diagnóstico, a oft almologista
resolveu aceitar e encarar o diabetes acreditando que,
assim, o tratamento se tornaria menos difícil.
“Desde o início, explicamos para a Valentina o que
estava acontecendo e que ela não precisaria ter medo,
pois sempre estaríamos ao lado dela. Mas também
deixamos claro que ela tinha todo o direito de chorar
e fi car chateada”, conta Letícia. “Iniciamos assim nossa
jornada, com muita emoção, mas sempre muito bem
acolhidos pelo endocrinopediatra Felipe Lora e a
nutricionista Juliana Baptista”.


ADAPTAÇÃO
Ao sair do hospital, um mundo novo esperava pelos
Shiguios. A rotina teria novos elementos, como
medição de glicemias, aplicação de insulina, cuidados
extras com a alimentação, preocupações e alguns
desafi os. O da readaptação escolar foi o primeiro a
ser vencido. Letícia descobriu que na escola onde
Valentina estuda havia quatro alunos com diabetes
tipo 1. Sendo assim, a adaptação nesse ambiente
aconteceu numa boa. “As professoras fazem o dextro,


manipulam a bomba de infusão e me ligam sempre
quando acham necessário. Formamos uma família e
nos sentimos muito seguros com eles”, afi rma.
Em breve, Valentina irá participar da primeira festa
do pijama na escola e a mãe garante que está tranquila
em relação a isso, pois confi a que a equipe da
instituição de ensino dará todo o suporte necessário
para a fi lha. Além disso, a garotinha usa bomba de
infusão de insulina e os pais podem acompanhar os
dados dela à distância por meio de um programa de
celular chamado NightScout.
Um ano depois do diagnóstico, Letícia faz uma aná-
lise de tudo que passou desde a festa em Florianó-
polis. “Foi difícil descobrir que a vida da minha fi lha
começou com alguma restrição e com muita respon-
sabilidade e disciplina para uma criança de apenas
5 anos. Por outro lado, isso me fez entender muito
mais os meus pacientes”, desabafa. “O diabetes esco-
lheu a nossa família, por isso vamos tratá-lo da melhor
forma possível. Com equilíbrio e sem neuroses”.

“Desde o início, explicamos
para a Valentina o que
estava acontecendo e
que ela não precisaria
ter medo, pois sempre
estaríamos ao lado dela.”

Imagens: arquivo pessoal/ Shutterstock

MOMENTO DIABETES Ŕ 43
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