Momento Diabetes - Edição 14 (2018-12 & 2019-01)

(Antfer) #1
entendemos determinados pontos
do tratamento dele que no consul-
tório não conseguimos avaliar. E o
acampante também acaba enten-
dendo melhor o lado do médico.

Quantos jovens em média parti-
cipam da Colônia?
Dr. Levimar: A Colônia já teve
140 jovens, mas nós chegamos à
conclusão de que não é interessante
levar muita gente. Hoje participam
no máximo cem. O contato depois
do evento é mantido por meio das
redes sociais. Já realizamos uma
edição do acampamento na cidade
de Atibaia, no interior paulista, e
temos a ideia de fazer franquias
da Colônia para expandi-la para
outros lugares, como Rio de
Janeiro, Alagoas, Brasília, Goiás
e Ceará, onde já temos médicos
parceiros interessados.

Qual o maior desafi o de promo-
ver a Colônia?
Dr. Levimar: Já superamos um
desafio importante, que foi con-
quistar a confiança dos pais em
deixar seus filhos conosco. Ago-
ra, o desafio maior é o financei-
ro, pois o custo dessa ação é alto.
Dependemos da indústria far-
macêutica, que nos ajuda cada
vez menos. Algumas redes de
farmácias também colaboram e
contamos com doações e o traba-
lho voluntário de 26 pessoas. O
valor do ingresso é praticamente
simbólico e cerca de 15 partici-
pantes não pagam absolutamente

nada. Quando ganhamos algum
prêmio, esse valor também é re-
vertido para a Colônia.

O maior número de diabéticos
no mundo é o do tipo 2. Você
já pensou em fazer algo voltado
especifi camente para esse público?
Dr. Levimar: Sim, já pensei, por
exemplo, em criar um Diabetes Day,
mas infelizmente ainda não tivemos
recursos para isso. Tentamos fazer
uma colônia para os pais de crian-
ças e jovens com diabetes tipo 1. A
ideia seria fazê-los vivenciar o dia a
dia de quem tem a condição, experi-
mentando na própria pele situações
como medir a glicemia, contar car-
boidrato e aplicar insulina. No caso,
colaríamos soro fi siológico na se-
ringa em vez da insulina verdadeira.
Porém, não conseguimos quórum
para realizar o evento.

Você tem algum sonho profi ssio-
nal que ainda gostaria de realizar?
Dr. Levimar: Tenho o sonho
de ser presidente da Sociedade
Brasileira de Diabetes (SBD), órgão
máximo dentro da diabetologia,
para envolver mais o paciente
junto aos profi ssionais da área.
Sou vice-presidente da SBD há
quatro mandatos e em 2019 vou
me candidatar à presidência. Um
grande sonho já realizado foi abrir
uma clínica de diabetes completa,
com academia e uma equipe de
multiprofi ssionais. Agora, pretendo
promover mais cursos para as
pessoas com diabetes no local.

Se pudesse resumir em uma frase
sua experiência com o diabetes,
qual seria?
Dr. Levimar: O diabetes pode ser
uma oportunidade para mudanças
de hábitos. Vejo o diabetes contro-
lado muito mais como um estilo de
vida do que uma doença. Precisa-
mos cuidar dele como cuidamos da
nossa vida.

Geralmente coloco na mesa todas
as opções que temos de terapia e
tento mostrar ao paciente o que
pode acontecer se ele usar essa ou
aquela medicação. A cada consulta,
faço uma revisão do que foi falado
na visita anterior, destacando os
pontos mais importantes. Além
disso, também gosto muito da
consulta compartilhada com os
outros profi ssionais da área, como
nutricionista, fi sioterapeuta, etc.,
bem como com a própria família
e o paciente. Juntos traçamos o
melhor caminho a ser seguido.


Como surgiu a Colônia Dia-
betes Weekend?
Dr. Levimar: A primeira Colô-
nia aconteceu em 1998, na cidade
de Bom Jesus do Amparo (MG).
Participaram apenas sete pesso-
as e nove profi ssionais de saúde.
Desde o início, ela me encantou.
No começo, fazíamos um even-
to por ano. Hoje já conseguimos
realizar até três edições anuais. A
ideia surgiu quando fui médico
residente nos Estados Unidos. Na
época, uma operadora de turismo
me contratou para ser guia turísti-
co médico de um grupo de jovens
que iria para Orlando. Nessas ex-
cursões, surgiu o desejo de levar
grupos de pessoas com diabetes
para a Disney, pois eu via a neces-
sidade que elas tinham de compar-
tilhar suas experiências e dúvidas
sobre o diabetes. Infelizmente, o
tempo de uma consulta médica é
muito curto para falar sobre todas
as coisas que o diabetes envolve. A
partir desse sonho nasceu a Co-
lônia Diabetes Weekend. A gente
acha que vai participar da Colônia
para ensinar, mas volta com um
aprendizado intenso, porque são
trocas de experiências muito enri-
quecedoras. Conhecemos pessoas
diferentes, vemos o nosso paciente
acordando, se alimentando, e mui-
tas vezes é naquele momento que


Juntos
escolhemos
o melhor
tratamento.

50 ŔMOMENTO DIABETES


Ping Pong

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