Adega - Edição 169 (2019-11)

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40 ADEGA >> Edição^169


Para


comemorar


os 30 anos


como


vinícola,


a Miolo


lançou um


espumante


que traz


o nome da


matriarca


da família


diz Adriano. “E aí começamos o projeto Seival, em
2000, mas começamos com tudo planejado: com
estudo de solo, com porta-enxerto adequado, com
clone adequado. Não sabíamos tudo sobre as varie-
dades, então tivemos que testar muitas. Mas já sa-
bíamos, pelo menos teoricamente, o que podia dar
certo”. Nesse processo (compra da Quinta do Sei-
val, na Campanha Gaúcha), Adriano faz questão
de ressaltar o trabalho desenvolvido por uma unida-
de da Embrapa, sediada em Bagé, que já identifica-
ra o potencial da região para a vitivinicultura.
A Quinta do Seival, com seus 200 hectares de
vinhedos, originou um dos vinhos mais diferencia-
dos da Miolo: o Castas Portuguesas. Inicialmente, o
projeto tinha por objetivo elaborar vinhos com uvas
típicas daquele país (selecionadas entre as 23 varie-
dades plantadas experimentalmente), em parceria
com a empresa lusa Dão Sul, que por sua vez con-
tava com apoio financeiro da Agência de Desenvol-
vimento de Portugal. “A ideia era produzir no Bra-
sil e exportar para Portugal”, lembra Adriano. Ao
longo do processo, a Dão Sul acabou desistindo do
projeto, preferindo investir na zona de produção do
rio São Francisco, no Nordeste, em sociedade com
o empresário Otávio Piva (Expand). Com apoio
da FINEP (agência de desenvolvimento ligada ao
BNDES), a Miolo decidiu tocar o projeto Seival
sozinha e, em 2003, lançou a primeira edição do

Quinta do Seival Castas Portuguesas. Foi na Quin-
ta do Seival que, em 2016, a Miolo decidiu lançar
seu primeiro vinho de colheita noturna. Mais tarde,
a empresa também adotaria a colheita mecanizada,
que reduz os custos de produção, em todas as suas
propriedades, exceção feita à Serra Gaúcha.
Em fins da década de 1990, a Miolo também
já decidira investir no Nordeste, na região irrigada
pelo rio São Francisco. Primeiro, em parceria com
os proprietários da fazenda Santa Maria (atual Rio
Sol), depois em sociedade com os grupos gaúchos
Benedetti (Lovara) e Randon, que se consumou
com a compra da fazenda Ouro Verde, na Bahia,
em 2001. Nascia ali o projeto Terranova.
A produção de uvas no vale do São Francisco
trouxe problemas inusitados. No início, como ain-
da não havia vinícola no local, as uvas eram trans-
portadas em caminhões refrigerados do Nordeste
até o Rio Grande do Sul, onde seriam processadas
na Miolo, num trajeto de mais de 4 mil quilôme-
tros. Quando o primeiro caminhão carregado com
uvas Moscatel chegou à sede da Miolo, em Bento
Gonçalves, o funcionário encarregado de abrir suas
portas para descarregá-las foi atirado longe, porque,
no longo trajeto, as uvas tinham começado a fer-
mentar e o interior do compartimento estava cheio
de gases. A conclusão foi de que as uvas teriam que
ser previamente esfriadas antes de embarcadas nos
caminhões com destino ao sul.
O maior salto na expansão geográfica da Miolo
se deu com a compra da Almadén, em 2009, do
grupo Pernod Ricard. Com ela, sua produção du-
plicou, mesmo com a progressiva redução da área
de vinhedos, de 600 hectares, no momento da com-
pra, para os atuais 450. O objetivo estratégico por
trás da aquisição não era apenas aumentar a produ-
ção, mas acrescentar uma gama de entrada, com
preços inferiores aos da linha Seleção, para con-
correr com o grande volume de vinhos importados
baratos e, no geral, de qualidade sofrível.

Consultoria
Paralelamente, a empresa iniciou, em 2003, um
ambicioso movimento para aprimorar a qualidade
de seus vinhos, com a contratação do mais famo-
so enólogo-consultor do mundo, o francês Michel
Rolland. O resultado mais vistoso da colaboração
de Rolland com a Miolo, que durou dez anos, foi
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