Adega - Edição 169 (2019-11)

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Edição 169 >> ADEGA 41


sileira), foi pensado para receber visitantes, mas, de
início, não faltaram críticas na própria família ao
que se considerava excesso de otimismo em relação
a essa vertente do negócio. Hoje, a parte do com-
plexo reservada exclusivamente ao enoturismo já se
tornou pequena para o movimento que, em 2018,
superou as 200 mil pessoas.
Para comemorar seus 30 anos como vinícola, a
Miolo lançou um novo espumante (ver resenha) que
traz o nome da matriarca da família, Íride, nora de
Giuseppe e avó de Adriano, que faleceu há não mui-
tos anos e que, segundo ele, sempre acompanhou de
perto o desenvolvimento dos negócios da família. A
julgar por esse exemplo, o que não falta no grupo
Miolo é confiança no futuro. “A gente sabe que os
desafios daqui para a frente serão grandes, mas tam-
bém que construímos uma boa base para enfrentá-
-los”, observa Adriano. E conclui pragmático: “o pri-
meiro desafio é consolidar o que está aí e recuperar
todo o investimento que foi feito”.

o lançamento, em 2009, do Sesmarias, um tinto de


perfil moderno, muito concentrado que, pelo me-


nos no início, não revelava as uvas que entraram no


seu corte. Ao que se sabe, são as mesmas usadas no


corte da edição mais recente do vinho, 2018: Ca-


bernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Tannat,


Tempranillo e Touriga Nacional, dos vinhedos do


Seival. Segundo Adriano, a contribuição de Rol-


land foi bem maior e, para surpresa de muitos, mais


relevante até nos vinhedos (seleção de clones, ma-


turação das uvas e outros aspectos da viticultura)


do que no corte dos vinhos. “Foi como se a gente


mandasse 15 ou 20 agrônomos e enólogos fazer um


estágio no exterior”, observa. Por isso, ele não hesi-


ta em creditar também ao polêmico consultor os


méritos pelo fato de que “hoje, a empresa tem uma


filosofia de trabalho que não tinha antes”.


Além da expansão interna, a Miolo fez vários


acordos com empresas estrangeiras, tanto para a


produção de vinhos (no Chile, na Argentina e na


Itália) como para a produção de destilados, que,


inicialmente, seriam exportados para o grupo espa-


nhol Osborne, seu parceiro nesse projeto. Entretan-


to, mudanças na legislação europeia fizeram com


que a Osborne desistisse do negócio e vendesse sua


participação para a própria Miolo, que continua


produzindo destilados, inclusive, em pequeno vo-


lume, para a exportação. Por sinal, embora atual-


mente exporte seus vinhos para 32 países, o valor


dessas exportações contribui mais para a imagem


do que para o caixa do grupo, representando menos


de 10% de seu faturamento.


O grupo


Do ponto de vista jurídico, a fusão de todas as


empresas sob uma única pessoa jurídica (o Miolo


Wine Group Vitivinicultura S.A,), em 2009, per-


mitiu à família assegurar o controle do negócio,


ao mesmo tempo em que facilita a participação de


investidores externos. Hoje, a Miolo mantém parce-


rias com o conhecido locutor Galvão Bueno (cuja


propriedade é vizinha da Quinta do Seival) e com


os herdeiros do empresário gaúcho Raul Randon.


Talvez uma das maiores apostas da Miolo des-


de a inauguração de seu complexo industrial, em


2006, seja o enoturismo. O imponente conjunto


encimado por sua inconfundível torre, no coração


do Vale dos Vinhedos (até hoje a única D.O. bra-


Acima, imagem antiga da
Quinta do Seival, projeto
iniciado no ano 2000.
Logo abaixo, sede da
vinícola Terranova, no vale
do rio São Francisco
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