Edição 169 >> ADEGA 41
sileira), foi pensado para receber visitantes, mas, de
início, não faltaram críticas na própria família ao
que se considerava excesso de otimismo em relação
a essa vertente do negócio. Hoje, a parte do com-
plexo reservada exclusivamente ao enoturismo já se
tornou pequena para o movimento que, em 2018,
superou as 200 mil pessoas.
Para comemorar seus 30 anos como vinícola, a
Miolo lançou um novo espumante (ver resenha) que
traz o nome da matriarca da família, Íride, nora de
Giuseppe e avó de Adriano, que faleceu há não mui-
tos anos e que, segundo ele, sempre acompanhou de
perto o desenvolvimento dos negócios da família. A
julgar por esse exemplo, o que não falta no grupo
Miolo é confiança no futuro. “A gente sabe que os
desafios daqui para a frente serão grandes, mas tam-
bém que construímos uma boa base para enfrentá-
-los”, observa Adriano. E conclui pragmático: “o pri-
meiro desafio é consolidar o que está aí e recuperar
todo o investimento que foi feito”.
o lançamento, em 2009, do Sesmarias, um tinto de
perfil moderno, muito concentrado que, pelo me-
nos no início, não revelava as uvas que entraram no
seu corte. Ao que se sabe, são as mesmas usadas no
corte da edição mais recente do vinho, 2018: Ca-
bernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Tannat,
Tempranillo e Touriga Nacional, dos vinhedos do
Seival. Segundo Adriano, a contribuição de Rol-
land foi bem maior e, para surpresa de muitos, mais
relevante até nos vinhedos (seleção de clones, ma-
turação das uvas e outros aspectos da viticultura)
do que no corte dos vinhos. “Foi como se a gente
mandasse 15 ou 20 agrônomos e enólogos fazer um
estágio no exterior”, observa. Por isso, ele não hesi-
ta em creditar também ao polêmico consultor os
méritos pelo fato de que “hoje, a empresa tem uma
filosofia de trabalho que não tinha antes”.
Além da expansão interna, a Miolo fez vários
acordos com empresas estrangeiras, tanto para a
produção de vinhos (no Chile, na Argentina e na
Itália) como para a produção de destilados, que,
inicialmente, seriam exportados para o grupo espa-
nhol Osborne, seu parceiro nesse projeto. Entretan-
to, mudanças na legislação europeia fizeram com
que a Osborne desistisse do negócio e vendesse sua
participação para a própria Miolo, que continua
produzindo destilados, inclusive, em pequeno vo-
lume, para a exportação. Por sinal, embora atual-
mente exporte seus vinhos para 32 países, o valor
dessas exportações contribui mais para a imagem
do que para o caixa do grupo, representando menos
de 10% de seu faturamento.
O grupo
Do ponto de vista jurídico, a fusão de todas as
empresas sob uma única pessoa jurídica (o Miolo
Wine Group Vitivinicultura S.A,), em 2009, per-
mitiu à família assegurar o controle do negócio,
ao mesmo tempo em que facilita a participação de
investidores externos. Hoje, a Miolo mantém parce-
rias com o conhecido locutor Galvão Bueno (cuja
propriedade é vizinha da Quinta do Seival) e com
os herdeiros do empresário gaúcho Raul Randon.
Talvez uma das maiores apostas da Miolo des-
de a inauguração de seu complexo industrial, em
2006, seja o enoturismo. O imponente conjunto
encimado por sua inconfundível torre, no coração
do Vale dos Vinhedos (até hoje a única D.O. bra-
Acima, imagem antiga da
Quinta do Seival, projeto
iniciado no ano 2000.
Logo abaixo, sede da
vinícola Terranova, no vale
do rio São Francisco