Adega - Edição 169 (2019-11)

(Antfer) #1
94 ADEGA >> Edição^169

BAT E - PA PO | por^ ARNALDO GRIZZO


H


á pouco menos de 400 Masters of
Wine no mundo hoje. Definiti-
vamente, não é um título fácil de
conseguir. O vasto conhecimento
sobre vinho necessário para passar
nos testes logo mostra que é preciso anos de expe-
riência na área. Então, quando se olha para a ju-
ventude da britânica Lydia Harrison, de apenas 35
anos, é difícil acreditar que ela tenha conseguido
esse título em tão tenra idade.
Lydia não é de uma família ligada à indústria do
vinho. Estudou história na faculdade. Encantou-se
pelo mundo do vinho durante o curso quando parti-
cipou de um clube de vinhos. Ainda sem muita no-
ção de que carreira gostaria de seguir, acabou como
gerente do maior varejista de vinhos do Reino Uni-
do, a Majestic Wines. E, tamanho entusiasmo por
aprender sobre a bebida fez com que ela ganhasse o
título de Master of Wine em agosto deste ano.
Dois meses depois, ela esteve no Brasil para
palestrar na primeira edição da Provino. ADEGA
aproveitou a oportunidade e conversou brevemente
com essa jovem sobre sua trajetória.

Como começou sua relação com o vinho?
Cresci em uma família de cultura europeia, en-
tão quase toda noite tinha uma taça de vinho
no jantar, meu pai comprava alguns vinhos,
ou seja, eu tinha alguma familiaridade com vi-
nho. Quando fui para a universidade, participei
de um clube de vinho. Estava cursando Histó-
ria. Fiz uma temporada de esqui e depois disso
pensei que tinha que decidir o que fazer como
carreira. Fui para uma feira de empregos em
Londres, vi a Majestic Wines, que tinha um pro-
grama de treinamento de gerente e pensei: ‘Uau,
sempre gostei de vinho, vou ter oportunidade de
aprender e vender vinho’. Assinei o formulário,
fiz uma entrevista e comecei. Todo o staff tem

Uma das mais


jovens Master


of Wine


do mundo


esteve no


Brasil e


contou como


chegar a esse


tão cobiçado


título


Sede de


conhecimento


nível 3 do WSET, então fiz, fui promovida a as-
sistente da gerência, depois gerente, de diferentes
lojas em Londres, inscrevi-me para o Diploma,
nível 4. Então fiz o curso de educação, comecei
a lecionar para outros empregados, e foi isso cres-
cendo. No começo, todos, inclusive meus pais,
sempre me perguntavam se ia fazer o curso de
Master of Wine (MW). Depois do Diploma, eu
tinha 25 anos e disse não. Queria uma folga nos
estudos. E também é preciso experiência para
fazer o MW, precisa trabalhar com vinho, visitar
lugares, ver o mundo e ter mais confiança, mais
experiência de vida, e precisa do tempo para es-
tudar, não podia fazer MW trabalhando tempo
integral. Foi mais fácil fazer quando estava na
escola da WSET, pois estava cercada por vinho,
lecionando, e eles me apoiaram durante o pro-
grama. E hoje estou aqui.

Além de conhecimento, é preciso algo mais para
passar no curso de Master of Wine?
Você precisa saber um pouco de tudo, cultivo,
vinificação, embalagem, negócios, tendências,
vinhos de todo o mundo, você precisa ter um
conhecimento muito amplo, essa é a parte mais
difícil. Tive sorte de trabalhar em Londres, pois
você tem acesso a muitos vinhos do mundo. E
você precisa focar no que não é tão bom. A par-
te de ciência foi muito complicada para mim,
achava a vinificação muito complicada. Nin-
guém vai ser brilhante em todas as partes.

Isso é mais fácil para alguém que vive em um mercado
mais dinâmico como o inglês e o norte-americano, por
exemplo?
Não digo que é mais fácil, mas é importante
você se cercar de vinhos de todo tipo. Você não
pode ser um MW se souber apenas sobre vi-
nhos da França, e não conhecer o Malbec da
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