PONTOS DE PRESSÃO
Os indicadores em que Lula
estará de olho para explorar
em seus discursos
RENDA
No último ano, a receita
média dos trabalhadores
estagnou em 2 298 reais
12,5 milhões de pessoas
encontram-se sem
ocupação no país
EMPREGO
POBREZA
A extrema pobreza
avançou e flagela 13,5
milhões de brasileiros
MORADIA
O déficit habitacional
alcançou o patamar
de 7,8 milhões de
unidades, um recorde
Fontes: IBGE e FGV
20 de novembro, 2019 47
esvaziada e enfrenta a possibilidade
de sucesso de Bolsonaro, que está
conseguindo despertar a economia.”
Tanto em 2014, com Dilma, quanto
em 2018, com Fernando Haddad, o PT
adotou o discurso de que, se os repre-
sentantes do partido não fossem eleitos,
os pobres perderiam o pouco que ti-
nham, os ricos ficariam mais ricos e to-
das as conquistas sociais seriam desfei-
tas. O fato é que tais mazelas começa-
ram a acontecer justamente no governo
de Dilma. A alardeada “nova matriz
econômica”, focada no consumo, e os
sequenciais ataques aos cofres públicos,
que levaram ao mensalão e ao petrolão,
provocaram uma depressão do PIB só
comparada à crise de 1929. Tantos des-
calabros deixaram Lula com pouca
credibilidade para falar de economia.
Cabe ao governo fazer com que o dis-
curso do ex-presidente seja visto ape-
nas como uma narrativa revanchista. ƒ
rança do Partido dos Trabalhadores
deve se reunir para discutir as táticas
a ser adotadas no combate às propos-
tas de reformas que ainda estão por
vir. “A mera soltura do Lula já gerou
uma mobilização, uma tensão no
país”, conclui Teixeira.
O Brasil mudou muito desde os
tempos em que Lula era o principal lí-
der da oposição, nos anos 1990. Os
sindicatos enfraqueceram sem os re-
cursos do imposto sindical e não têm
conseguido promover grandes mani-
festações. O MST também não tem
mais o mesmo potencial de mobiliza-
ção. E a esquerda perdeu o protago-
nismo nas manifestações de rua. Hoje
há um equilíbrio de forças maior do
que no passado. “Ninguém pode des-
considerar o poder político de Lula”,
diz o cientista político Murillo de Ara-
gão. “Mas ele tem sérios problemas
jurídicos, conta com uma militância
D e vo lta Protesto do Movimento Sem Terra em 2012: o ex-presidente conclamou o grupo em seu primeiro discurso
Ueslei marcelino/reUTers
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