economia conjuntura
64 20 de novembro, 2019
No comeÇo da década, o mundo
acreditava que o Brasil continuaria a
crescer a um ritmo digno das econo-
mias mais pujantes do planeta. O acla-
mado Nobel de Economia americano
Paul Krugman reforçou o otimismo
ao afirmar que a expansão média do
país poderia ser de 5% nos anos se-
guintes. Com o otimismo tomando
conta também de Rússia, Índia e Chi-
na, o termo Bric, cunhado pelo econo-
mista britânico Jim OíNeill, impulsio-
nou de vez o marketing que colocava
o Brasil como um dos grandes vetores
caixeiro-viajante O ministro Paulo Guedes em discurso nos Estados Unidos: a atração de dólares é fundamental
SuSan WalSh/ap
cadê os gringos?
Com recursos que poderiam ajudar a tirar o brasil da crise, os investidores estrangeiros estão
céticos quanto ao governo e se afastam cada vez mais do país machado da costa
de dinamismo econômico do planeta.
Como se sabe, deu tudo errado. O go-
verno Dilma foi um desastre, termi-
nou em um impeachment traumático
e na drástica queda do PIB. Temer
começava a engrenar uma agenda de
reformas quando foi sugado por es-
cândalos que impediram o avanço.
Não admira, portanto, que os “grin-
gos”, como analistas do mercado gos-
tam de chamar os investidores estran-
geiros, estejam ressabiados com o
país. Acreditava-se que, após entre-
gar as primeiras reformas, principal-
mente a da PrevidÍncia, Paulo Gue-
des recuperaria a confiança necessá-
ria para que os dólares voltassem a
aportar na economia. Puro autoenga-
no, pois, quando se trata de investi-
mento externo, a situação só piora.
A mais recente revoada de dinheiro
estrangeiro aconteceu no último dia 7,
quando financistas do mundo todo
retiraram 533 milhões de reais da Bol-
sa de Valores de São Paulo. Desde en-
tão, seu principal índice, o Ibovespa,
amargou quedas em sequÍncia. Da-
quela quinta-feira ao fechamento de
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