20 de novembro, 2019 91
Adotada com vigor pelos brasilei-
ros, a modalidade não nasceu por
aqui. Ela saiu da cabeça de dois ex-
futebolistas da Hungria, terra de Fe-
renc Puskás, um dos maiores craques
dos gramados e que dá nome ao prê-
mio entregue pela Fifa ao autor do gol
mais bonito do ano. “Quando brincá-
vamos com uma bola maior sobre a
mesa de pingue-pongue, o que mais
nos irritava era vê-la quicar e ‘morrerí
sobre a mesa, o que dificultava o con-
tra-ataque”, disse a VEJA Viktor Hus-
zár, um dos desenvolvedores da mesa
do novo esporte. O nome, Teqball, foi
escolhido pela dupla húngara em ho-
menagem aos jogadores mais habili-
dosos, os “técnicos” (ou “teqs”, na
corruptela encurtada, em húngaro).
“Entendemos que estávamos atingindo
um patamar inédito quando soubemos
que o (lateral brasileiro do Real Madrid)
Marcelo tinha uma mesa em casa”, diz
Huszár. “E acredite: não fomos nós que
vendemos o equipamento a ele.”
Lançada em 2014, a versão final da
mesa de Teqball já atingiu a marca de
10 000 unidades produzidas, ao custo
para o consumidor de 1 990 euros cada
uma. Embora não seja comercializada
oficialmente no Brasil ó os fabricantes
prometem um canal de vendas exclusi-
vo para o país para o ano que vem ó,
em uma rápida busca pela internet é
possível encontrar diversas releituras
(com diferentes formatos e materiais)
da “quadra” de futmesa. “Temos o de-
sign patenteado e preocupação com a
segurança dos praticantes, mas não te-
mos como impedir a venda de releitu-
ras do nosso produto”, afirma Huszár.
O curioso é que a pirataria, caminho
para um número maior de praticantes,
pode ajudar os criadores do Teqball em
seu objetivo: transformar a brincadeira
numa modalidade respeitada. Recen-
temente, foi anunciada a intenção de
incluir o Teqball no programa de mo-
dalidades olímpicas até 2028, nos Jo-
gos de Los Angeles. Antes que alguém
os acuse de sonhar alto e torto demais,
vale a lembrança: o Comitê Olímpico
Internacional aceitou a sugestão dos
organizadores da edição de 2024, em
Paris, de inserir a versão competitiva
do break dance como um esporte. Sim,
em 2024 haverá o break dance olímpi-
co! Antes disso, nos Jogos de Tóquio,
em 2020, ocorrerão disputas de surfe,
skate e escalada. A Federação Inter-
nacional de Teqball (real, sediada em
Lausanne, na Suíça) trabalha ardua-
mente para expandir o número de
países adeptos da modalidade. Na
próxima Copa do Mundo, em Buda-
peste, em dezembro, prevê-se a parti-
cipação de sessenta países, com
150 000 euros em prêmios. Mais até
do que o futevôlei, o futmesa está em
vias de alçar grandes voos. ƒ
Formado em ciência da computa-
ção, Huszár modelou virtualmente um
protótipo que ajudasse a fazer com que
a bola subisse ao bater na superfície.
Além de “entortar” a plataforma de jo-
go e trocar a estrutura de madeira por
outra de aço revestido, substituiu o ma-
terial da rede (saiu a malha entremeada
de fios de nylon e entrou uma placa
transparente de acrílico, mais resisten-
te às boladas). Embora tenham contra-
tado Ronaldinho Gaúcho como embai-
xador da marca, os fabricantes garan-
tem que o sucesso de seu produto é re-
sultado do boca a boca, movimento
impulsionado, é claro, pelas curtidas
das redes sociais. Talvez porque à pri-
meira vista soe insólito, e depois se
perceba que é realmente divertido.
AS REGRAS DO JOGO O formato da mesa facilita a fluidez das partidas
Ao contrário das mesas de
pingue-pongue tradicionais, feitas
de finas lâminas de madeira, a da
Teqball tem estrutura de aço
O esporte se parece
com o futevôlei: cada
jogador ou dupla pode
tocar três vezes na bola
antes de lançá-la para
o outro lado
Não vale “casquinha”,
a jogada em que a bola
resvala na quina da
mesa e cai abruptamente;
caso ela aconteça, o ponto
será disputado novamente
Largura:
1,7 metro
Altura:
90 centímetros
Graças ao formato curvo da mesa, a trajetória da bola
será sempre a de uma parábola — mesmo que ela caia
na mesa em linha reta, verticalmente
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Comprimento:
3 metros
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