Aero Magazine - Edição 306 (2019-11)

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EMPRESAS AÉREAS
A primeira companhia a de-
sembarcar em Franca e Barretos
é a TwoFlex, empresa de Luiz
Eduardo Falco e Rui Aquino,
que nasceu como táxi-aéreo e
hoje opera voos regulares com
Caravans de 9 lugares (leia mais
na p. 66). A empresa conseguiu
garantir 14 pares de slots na pista
auxiliar de Congonhas durante a
rodada de distribuição dos slots
da Avianca e está conectando
a capital paulista ao interior de
São Paulo e também a outros
estados. Os voos da TwoFlex são
vendidos por meio do site da Gol,
com quem detém um acordo de
interline.
A regional Passaredo também
está analisando o segmento. “Acre-
ditamos muito na complementa-
ridade desse modelo de pequenos
aviões regionais alimentando
uma operação de ATR com 70
assentos”, diz o CEO da Passare-
do, Eduardo Busch. Ele diz que a
empresa analisa oportunidades em
aeroportos como os de São Carlos
e Votuporanga. “Se não compor-
tarem os ATR, podemos pensar

em incorporar aviões menores,
conectando pequenas cidades ao
nosso hub de Ribeirão Preto”.
Esse modelo de alimentação
sub-regional já vem sendo testado
pela Azul, que tem acordo interline
com a ASTA, no Mato Grosso. A
ASTA atualmente opera apenas no
interior do estado, com 64 voos,
conectando 11 cidades a Cuiabá,
com uma frota de três Cessna
Caravan de 9 lugares. O estado de
Minas está no planejamento do
ano que vem. “Inicialmente, deve-
mos operar em seis cidades, com a
possibilidade de aumentar para 10
em menos de um ano”, diz o CEO
da ASTA, Adalberto Bogsan.

CAPILARIDADE E ICMS
Para as companhias maiores,
acordos com as sub-regionais
permitem aumentar a capilarida-
de sem ter de fazer investimentos.
Com isso, elas ainda garantem
combustível de aviação mais
barato. Isso porque passam a
atender a exigências de muitos
governos estaduais, que cobram a
criação de novos voos no interior
como contrapartida em progra-
mas de redução de ICMS. No
caso de São Paulo, as empresas
precisam voar para seis novos
destinos no interior, entre outras
medidas, para obter a redução de
ICMS de 25% para 12%.
A Gol fez acordos comerciais
(de interline) com a TwoFlex e
também com a Passaredo – duas
empresas que acabam de estrear
em Congonhas. Nos dois casos, a
Gol vende as passagens, incluindo
no mesmo bilhete conexões para
outros destinos operados por ela.
“O desenvolvimento da aviação
sub-regional é muito bom para
o Brasil e aumenta bastante a
competitividade do interior”, diz

Eduardo Busch,
CEO da Passaredo:
“Estudamos comprar
aviões menores do
que os ATR”


Alessandro Oliveira, professor de
economia do transporte aéreo.
“As menores servem de sinaliza-
dor das oportunidades em novos
mercados para as companhias
que operam com aviões maiores.
Havendo crescimento econômico
do país, é provável que muitas
dessas rotas se tornem atraentes
para empresas que operam com
aviões maiores”.
A importância dos segmentos
regional e sub-regional está mais na
conectividade e menos em volume
de passageiros transportados. Com
aeronaves pequenas, Passaredo,
MAP, TwoFlex, ASTA, Sideral e To-
tal têm menos de 1% do mercado.

OPORTUNIDADE
O mercado sub-regional começou
a se tornar atrativo nos últimos
dois anos, depois que a Anac
flexibilizou as exigências regula-
tórias para aeroportos regionais,
permitindo que aqueles que
recebem menos de 200 mil passa-
geiros ao ano sejam dispensados
de obrigações como caminhão de
bombeiros de plantão.
Em outra frente, em agosto
último, a Anac aprovou uma nova
matriz para serviços de transporte
aéreo público, simplificando a
certificação para empresas que
desejam operar rotas regionais com
aviões de até 19 lugares. As novas
regras permitem que empresas de
táxi-aéreo explorem voos regulares
dentro das regras do RBAC 135,
sem que elas tenham de cumprir
todas as exigências regulatórias de
empresas aéreas regulares, que são
regidas pelo RBAC 121. Até então,
para operar voos comerciais regu-
lares, era preciso ter pilotos com
licença de linha aérea. Hoje elas
podem fazer esse tipo de voo com a
licença de piloto comercial.
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