Aero Magazine - Edição 306 (2019-11)

(Antfer) #1

O PRIMEIRO


ULTRALEVE

Há um século, o brasileiro Alberto Santos Dumont encantava


o mundo com sua obra-prima, o Demoiselle


POR | ANDRÉ BORGES LOPES


A


sexta-feira estava com cara de chuva
nos arredores de Paris no dia 17 de
setembro de 1909. Mas o mau tempo
não intimidou Alberto Santos Dumont,
que decidiu continuar a rotina de voos
em seu aeródromo improvisado nos gramados de Saint
Cyr, próximo ao Palácio de Versailles. No meio da
tarde, sem dizer a mecânicos e amigos aonde pretendia
ir, o brasileiro sentou-se nos comandos do seu peque-
no avião, acionou o motor e, após uma breve corrida,
ganhou os ares antes de desaparecer entre as nuvens
escuras. Duas horas depois, sem seu retorno nem
notícias, a equipe deu o alarme. Teve início o que foi,
provavelmente, a primeira operação de busca e resgate
de uma aeronave mais pesada que o ar na história da
aviação. Os jornais parisienses, acostumados às traves-
suras do “petit Santos”, colocaram em seu encalço os
melhores repórteres, muitos temendo pelo pior.
Aquele final de verão parisiense estava sendo
especialmente agradável para o inventor do “14-bis”.
Após uma série de contrariedades e diversos projetos
fracassados, finalmente o projetista tinha em mãos
uma máquina voadora digna desse nome. Equipado
com um motor Darracq com cerca de 30 cavalos de
força (hp), o pequeno e elegante Demoiselle nº 20 era
o avião mais prático, funcional e manobrável de sua
época (provavelmente, o mais veloz também).
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