Aero Magazine - Edição 306 (2019-11)

(Antfer) #1

MAGAZINE 306 | (^77)
Após o fracasso
do uso de duas
hélices, Alberto
trocou o motor na
versão “19 bis”
DEMOISELLE, EM FRANCÊS
Leveza e simplicidade eram
marcas das criações de Santos
Dumont, desde o balão “Brasil”
de 1898. O fracasso dos projetos
15 e 16 fez com que ele retomasse
os velhos conceitos. Em outu-
bro de 1907, Alberto começou
a projetar uma nova máquina
voadora. Muito menor que os
antecessores, o modelo nº 19 era
um minúsculo monoplano de asa
alta equipado com um motor de
dois cilindros. Leme e profundo-
res estavam na cauda, reunidos
em um único conjunto em forma
de cruz e preso por junta móvel
metálica a uma longa haste de
bambu. Vistas de lado, as asas de
seda translúcida e a cauda esguia
davam ao avião uma aparência de
leveza e fragilidade. A brasileira
Cristina Prado, amiga do aviador,
achou que o aparelho lembrava
uma libélula – demoiselle, em
francês – e o apelido pegou.
O primeiro protótipo foi
fabricado em duas semanas e
concluído em 15 de novembro.
Usual nos dias de hoje, seu tama-
nho e desenho eram ousados e
inovadores para a época. Santos
Dumont pretendia conquistar
com ele o Grande Prêmio de
Aviação Deutsch-Archdeacon: 50
mil francos que seriam dados ao
primeiro piloto que voasse por um
quilômetro, incluindo um retorno
e a volta ao ponto de partida.
Construído no hangar do aviador
em Neully, o pequeno avião podia
ser facilmente transportado em
um pequena picape (adaptada
de um automóvel) para diversos
campos de teste nos arredores de
Paris.
Há quem imagine que o De-
moiselle foi um único aeroplano.
Outros falam em quatro modelos
(19, 20, 21 e 22) compartilhando
o mesmo nome. Na realidade,
não se sabe quantas versões foram
feitas. Segundo o pesquisador
norte-americano Stuart Wier, au-
tor de um minucioso estudo sobre
o aparelho, é impossível definir
o número exato: “Há dezenas de
fotos dos Demoiselle de Santos
Dumont e cada uma delas mostra
uma máquina diferente”. Tampou-
co restaram anotações e projetos:
acusado injustamente de espiona-
gem no início da Primeira Guerra
Mundial, o brasileiro colocou fogo
em todos os papéis que guardava
em sua casa.

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