Aero Magazine - Edição 306 (2019-11)

(Antfer) #1

MAGAZINE 306 | (^81)
os franceses. Um problema que,
até hoje, complica a vida dos
construtores de réplicas voadoras
do modelo.
ACIDENTE
O início de 1910 marcou o fim da
carreira de Santos Dumont como
piloto. Nos últimos voos, Alberto
testou uma nova versão do nº 20,
equipado com motor boxer de qua-
tro cilindros e 40 cavalos de potên-
cia – com o qual pretendia quebrar
recordes de velocidade. Crono-
metragens não oficiais feitas por
membros do Aeroclube da França
teriam registrado uma passagem a
112,6 quilômetros por hora, marca
excepcional para a época. Infeliz-
mente, no dia 4 de janeiro de 1910,
um acidente destruiu esse
aparelho e causou um
ferimento sério, ainda
que não muito grave, na
cabeça do piloto.
Oficialmente, foi esse
seu último voo nos co-
mandos de uma aeronave.
Stuart Wier, entretanto,
cita duas notícias publica-
das nas revistas L’A e r o p h i l e
e Flight reportando voos
adicionais de Santos Du-
mont com um Demoiselle
em Madrid, em abril do
mesmo ano. Há confirma-
ção, inclusive com fotos,
em revistas espanholas
(leia mais no box).
O Demoiselle sobre-
viveu à aposentadoria
do inventor. Graças aos
fabricantes, ganhou duas
novas versões. Desenvol-
vido por Clement-Bayard,
o modelo 21 se distinguia
por possuir dois mastros
verticais acima da asa,
ancorando uma série
de cabos tirantes que
aumentava a resistência estrutural
do conjunto – um recurso comum
nos monoplanos da época. É
dessa variante o único Demoiselle
original que resta preservado, no
Museu do Ar e do Espaço em Le
Bourget, nos arredores de Paris.
Pouco se sabe do modelo 22.
Aparentemente, seria uma versão
de maior envergadura, usando o
motor de 40 cavalos de potência
do avião acidentado em 1910. Mas
não há documentação a respeito.
Nos anos seguintes, a peque-
na libélula de Santos Dumont
teve papel fundamental para a
popularização da aviação tanto
na Europa como nos Estados
Unidos. A leveza e docilidade
dos comandos atraiu muitos
pilotos iniciantes, inclusive algu-
mas mulheres. Clement-Bayard
chegou a fabricar um tipo de
simulador de voo para instrução
no solo. Pilotos acrobáticos dos
chamados “circos aéreos” – entre
eles Roland Garros e Edmond
Audemars – tiveram nos Demoi-
selle nº 20 seu primeiro avião,
muito apreciado pelo baixo custo
e pela grande manobrabilida-
de em voo, características que
demoraram a ser superadaspor
seus concorrentes.
OÚLTIMOVOO
AlgunsbiógrafosdeSantosDumontsuspeitamque,
noiníciode1910,osprimeirossintomasdesuadoença
degenerativacomeçavama semanifestar.Apósseferir
noacidentede4 dejaneiro,Albertoteriaperdidoa
confiançaemsuashabilidadesmotorase abandonadoa
carreiradepiloto.Masumapesquisaemrevistase jornais
espanhóisdaépocaconfirmaque,nodia 10 deabril,o
brasileirofezaomenosdoisvoosdedemonstraçãocom
umDemoisellenº 20 emumcampodegolfedeMadrid,
numeventoparticularparadezenasdeconvidados.
O nº 20 foi a vedete do estande da
Clément-Bayard no Salão de Paris de



  1. Dois anos mais tarde, seu preço
    havia caido para 6 mil francos: o avião
    mais barato do mundo

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