National Geographic - Portugal - Edição 225 (2019-12)

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As temperaturas do solo permanentemente ge-
lado de todo o mundo estão a subir há meio século.
O degelo localizado do permafrost, sobretudo em
aldeias onde o crescimento urbano perturba a su-
perfície, permitindo a penetração de calor, já pro-
vocou a erosão de orlas costeiras, afectou estradas
e escolas, destruiu canalizações e fez desabar gru-
tas onde os caçadores do Árctico armazenam car-
ne de morsa e gordura de baleia. Os verões quentes
já estão a mudar a vida dos habitantes do Árctico.
No entanto, a situação documentada pela famí-
lia Zimov em 2018 foi completamente diferente,
com implicações que ultrapassam de longe o Árc-
tico: o degelo ocorreu durante o Inverno. Parado-


xalmente, os culpados eram os nevões. A Sibéria
é seca, mas em vários invernos anteriores a 2018
foi sufocada por nevões. A neve funcionou como
um cobertor, encurralando o calor do Verão no
solo. Num posto de investigação a 18 quilómetros
de Cherskiy, Mathias Goeckede, do Instituto Max
Planck de Biogeoquímica, na Alemanha, con-
cluiu que a profundidade da neve duplicara em
cinco anos. Em Abril de 2018, as temperaturas da
camada activa tinham subido 6ºC.
O fenómeno não se limitava à Sibéria. Durante
muitos anos, Vladimir Romanovsky, especialista
em permafrost, observou a camada activa com-
pletamente congelada em meados de Janeiro,
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