National Geographic - Portugal - Edição 225 (2019-12)

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A grande diferença entre o Peru e os Himalaia
é a logística, explica John Reynolds, especialista
britânico em riscos geológicos que ajudou a di-
rigir os trabalhos de redução do Rolpa, conside-
rado por muitos o lago mais perigoso do Nepal.
“No Peru, podemos deslocar-nos de automóvel
até um local a cerca de um dia de caminhada
do lago”, diz. No Nepal, “podem ser necessários
cinco ou seis dias de caminhada do lago à estra-
da mais próxima.”
O lago Rolpa é tão isolado que foi preciso des-
montar a maquinaria pesada e transportá-la até
ao lago em peças separadas, a bordo de um heli-
cóptero, voltando a montá-la mais tarde. Depois
de construírem uma pequena represa, os enge-
nheiros começaram lentamente a libertar água
e a reduzir o volume do lago. Por fim, o nível da
água do lago Rolpa foi reduzido em 3,5 metros.
Trata-se do primeiro projecto de mitigação con-
cretizado nos Himalaia.


Em 2016, o exército nepalês participou num
projecto de emergência que drenou o lago Imja
num volume semelhante. Nenhuma destas me-
didas eliminou completamente os respectivos
riscos de cheia, mas, a par da instalação de sis-
temas de alerta, ambas assinalam um progresso.
Nem todos os lagos representam o mesmo tipo
de ameaça e, à medida que os cientistas vão de-
senvolvendo novas formas de estudar os lagos,
aprendem como avaliar o verdadeiro risco que
cada um representa. Em alguns casos, desco-
briram que a percepção de risco era sobrevalori-
zada, incluindo o lago Imja. “Não existe relação
entre a causalidade de um GLOF e o tamanho de
um lago”, diz John Reynolds. “O mais importan-
te é a forma como o lago interage com a represa.”
Não são apenas os lagos grandes que repre-
sentam ameaças, explica o cientista nepalês
Dhananjay Regmi. “Estamos mais preocupados
com os lagos de grande dimensão, mas a maio-
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