National Geographic - Portugal - Edição 225 (2019-12)

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ria dos desastres dos últimos anos foram pro-
vocados por lagos relativamente pequenos, dos
quais nunca suspeitámos.”
Quer os lagos sejam grandes ou pequenos,
ninguém duvida de que as condições capazes
de desencadear cheias na região estão a agravar-
-se. John Reynolds salienta que, à medida que
o solo permanentemente gelado (o permafrost)
começar a derreter em grande escala, os desa-
bamentos e os aluimentos em grande escala
tornar-se-ão mais comuns e, se atingirem lagos
vulneráveis, poderão desencadear cheias seme-
lhantes ao episódio trágico do vale Khumbu,
em 1985. “Teremos de realizar estudos de risco
geológico integrado nesses vales”, comenta o
engenheiro. “As GLOF representam apenas uma
fracção do problema.”
Alton Byers está optimista quanto aos pro-
gressos já alcançados. “Não são apenas os gran-
des projectos de infra-estructuras, como a re-


dução do Imja. As comunidades que vivem em
regiões isoladas de grande altitude estão silen-
ciosamente a desenvolver a sua própria tecno-
logia para se adaptarem.”
Os residentes de Khumbu começaram a cons-
truir gabiões (gaiolas de arame repletas de ro-
chas) para ajudar a desviar as cheias das povoa-
ções. O seu esforço foi recompensado em 2016,
quando ocorreu uma cheia de conduta engla-
ciar por cima da aldeia de Chukung. Os gabiões
contiveram a torrente, desviando a água em re-
dor de várias habitações e a aldeia foi salva. j

Jangadas transportam os
cientistas no lago Tabo-
che em Maio, altura em
que parte da superfície
permanece congelada.
Os lagos da região
nepalesa de Khumbu
são algumas das massas

de água doce situadas
a maior altitude do
mundo. Alguns, porém,
representam ameaças
para as comunidades
vizinhas, caso
transbordem ou rompam
as suas represas naturais.

BRITTANY MUMMA, FISHER CREATIVE, PANORAMA COMPOSTO POR QUATRO IMAGENS
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